Otimismo com recuperação faz dólar cair para R$ 4,86; nos EUA, Nasdaq bate recorde e S&P 500 apaga perdas no ano

No Brasil, Ibovespa sobe 3% alcança os 97 mil pontos

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São Paulo

A expectativa de uma recuperação econômica mais rápida do que o esperado no pós-coronavírus segue ditando o otimismo do mercado financeiro. Apesar da onda de protestos antirracismo nos Estados Unidos, a Bolsa de tecnologia Nasdaq superou a máxima histórica de fevereiro nesta segunda-feira (8), ao fechar a 9.924 pontos, alta de 1,13%. ​

Operadores na Bolsa de Valores de Nova York
Operadores na Bolsa de Valores de Nova York; nesta segunda (8), o índice S&P 500 apagou as perdas de 2020 - Spencer Platt/Getty Images/AFP


Nesta sessão, o S&P 500, maior índice acionário americano, subiu 1,2%, apagou as perdas no ano e agora registra valorização de 0,3% em relação ao último pregão de 2019. Dow Jones teve alta de 1,7% e se aproxima de realizar o mesmo feito.

No Brasil, o dólar continua em queda livre, com recuo de 2,6% a R$ 4,8560, menor valor desde 13 de março. O turismo está a R$ 5,14.

Desde que atingiu o recorde nominal (sem contar a inflação), de R$ 5,90 em 13 de maio, a moeda americana recua 17,75%, ou R$ 1,04.

Investidores repercutem o relatório mensal de empregos nos EUA, divulgado na sexta (5). Ele mostrou uma queda inesperada na taxa de desemprego, reforçando a visão de que o pior dos danos econômicos causados pelo surto de vírus pode ter passado.

Além disso, Estados Unidos e Europa retomam as atividades sem aumento no número de casos de coronavírus.

O cenário positivo no exterior levou a Bolsa brasileira ao sétimo pregão consecutivo de alta, na maior sequência diária de ganhos em mais de dois anos. O Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, encerrou o pregão com acréscimo de 3,17%, a 97.644, maior patamar desde 6 de março.

A trajetória de recuperação dos mercados levou a XP a mudar a projeção do Ibovespa para o fim de 2020, depois de reduzi-lo algumas vezes. De um preço-alvo de 94 mil pontos, a corretora vê o Ibovespa a 112 mil pontos, uma valorização de 15% em relação ao fechamento desta sessão.

“Apesar de vários riscos continuarem existindo (na economia global, riscos políticos e a crise da saúde que continua), acreditamos que ativos de risco devem sim continuar se recuperando. Isso porque enquanto a pandemia já começa a diminuir no mundo, as injeções de dinheiro por parte dos governos e Bancos Centrais continuarão no sistema no pós-pandemia. Já são mais de US$ 17 trilhões anunciados por governos em todo o mundo, o que representa 20% do PIB global — uma verdadeira bazuca!”, diz relatório da XP.

Na sessão, as maiores altas foram de Azul e Gol, que dispararam 29,25% e 28,3%, respectivamente, dando continuidade à recuperação após fortes quedas em razão da pandemia.

Nesta segunda, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, afirmou que um apoio ao setor aéreo continua sendo negociado com bancos e deve sair entre o fim de junho e começo de julho.

A queda do dólar também impulsionou o movimento, já que grande parte dos custos destas companhias são na moeda americana.

Ainda no setor de viagens, CVC valorizou-se 10,2%.

Já a Embraer subiu 18,36%, mantendo a trajetória de recuperação, em meio a especulações sobre eventual novo parceiro, com interess de estrangeiros na companhia. O presidente da fabricante de aviões disse na semana passada que está aberta a novos parceiros.

​POR QUE O DÓLAR CAIU?

  • Após a forte alta do dólar, que levou a moeda ao recorde de R$ 5,90, investidores que estavam comprados em dólar realizam os ganhos, o que derruba o preço da moeda;
  • O otimismo de investidores com a reabertura das economias diminui a aversão a risco, fazendo o dólar perder força internacional;
  • Indicadores econômicos mostram uma deterioração menor do que o precificado pelo mercado em abril e maio, contribuindo para a melhora dos ativos de risco, como moedas emergentes;
  • Em maio, houve entrada líquida de dólares no Brasil pela primeira vez desde julho de 2019, com saldo positivo de US$ 3 bilhões;
  • O Banco Central brasileiro tem atuado para conter a alta da moeda, vendendo dólares das reservas internacionais. Em maio, foram US$ 520 milhões. O BC também tem disponibilizado lotes diários para rolagem integral de contratos de swap cambial tradicional —derivativo cuja venda equivale a uma injeção de dólar no mercado futuro.

DADOS ECONÔMICOS VIERAM MENOS RUINS QUE O ESPERADO

  • A indústria no Brasil caiu 27% em abril com relação ao mesmo mês de 2019, mas o mercado esperava retração de 36%;
  • Foram cortadas 2,76 milhões de emprego no setor privado nos EUA em maio. O mercado esperava um corte de 9 milhões;
  • O setor de serviços americano em maio teve um desempenho melhor do que o indicado na primeira leitura;
  • Na China, o setor de serviços expandiu em maio, para 55 pontos. O mercado esperava um crescimento de 44,4 pontos para 47,3 pontos, apenas.
  • Na Europa, a atividade econômica melhorou em maio. O PMI composto, que combina serviços e indústria, subiu de 13,6 em abril, menor pontuação histórica, para 31,9 no mês passado.

(Com Reuters)

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