Perfil técnico e diplomacia são marcas de antecessores de Weintraub no Banco Mundial

Cargo de diretor-executivo foi ocupado por nomes como Pedro Malan, Murilo Portugal e Otaviano Canuto

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São Paulo

Perfil técnico e diplomacia são as principais características dos brasileiros que já passaram pelo cargo de diretor-executivo no Banco Mundial.

Entre os que ocuparam a posição, que agora poderá ser do ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, estão economistas de renome e diplomatas de carreira. Em geral com extensa passagem por cargos públicos no país, antes de se dedicarem ao banco multilateral.

O diretor-executivo indicado pelo Brasil será um dos 25 que compõem o conselho de administração do Banco Mundial, com reuniões de duas a três vezes por semana, para aprovação das operações do banco e políticas seguidas pela instituição nas operações com os países.

“Se espera desses membros que tenham capacidade técnica de examinar as operações que são levadas aos conselho e que tenham capacidade de diálogo, de articulação, de fazer diplomacia com as outras 24 cadeiras para defender os interesses dos países que elegeram o diretor-executivo”, diz Otaviano Canuto, lembrando que o grupo brasileiro não chega a ter 4% do capital do Banco Mundial, o que torna o poder da cadeira dependente da articulação com as demais. Canuto passou 12 anos de sua carreira na instituição.

Sem comentar especificamente a indicação de Weintraub, o economista avalia que, com uma pessoa que não tenha essas características, o Brasil perde capacidade de influenciar o curso das ações no Banco Mundial, como a alocação de verbas para projetos e a fatia dos países no orçamento e no volume de operações.

"É um mosaico muito heterogêneo e é preciso fazer alianças, buscar correspondência de interesses, negociar posições conjuntas", diz Canuto. "É uma geometria variável de interesses e, quanto mais hábil para navegar em tal geometria, mais um diretor-executivo tem a capacidade de reforçar os interesses dos países que votaram nele."

Brasileiros que já passaram pelo cargo de diretor-executivo no Banco Mundial

Fabio Kanczuk – Atual diretor de Política Econômica do Banco Central do Brasil, ocupou o cargo de diretor-executivo no Banco Mundial entre a posição atual e sua passagem pelo Ministério da Fazenda, no qual foi secretário de Política Econômica entre outubro de 2016 e setembro de 2018. Deu aulas na USP, Harvard, PUC-Rio e Universidade da Califórnia

Otaviano Canuto — Foi vice-presidente e diretor-executivo no Banco Mundial (cargo que ocupou em duas passagens, entre 2004 e 2007, e depois 2017 e 2018), diretor-executivo no FMI e vice-presidente no BID. Também foi secretário de assuntos internacionais no ministério da Fazenda e professor da USP e da Unicamp. Hoje é membro sênior não-residente do Brookings Institute em Washington.

Antonio Silveira – Com passagens pelo Ministério do Planejamento, da Fazenda e pela Secretaria de Portos da Presidência da República, foi diretor executivo do Banco Mundial (entre 2014 e 2016) e depois, do BID.

Rogerio Studart – Foi economista do IBGE, das Nações Unidas e do BID antes de chegar ao posto de diretor-executivo do Banco Mundial, onde ficou por sete anos, entre 2007 e 2014. Hoje é membro-sênior do World Resources Institute (WRI) em Washington e membro não-residente do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais).

Amaury Bier – Sócio da Gávea Investimentos atualmente, passou pela diretoria-executiva do Banco Mundial entre 2002 e 2003. Antes do órgão multilateral, esteve no Ministério da Fazenda e no do Planejamento, e foi economista-chefe do Citibank.

Luís Antonio Balduino Carneiro – Hoje embaixador do Brasil na Colômbia, passou pelos ministérios das Relações Exteriores e da Fazenda, e pelo conselho de administração do Banco dos Brics. Foi diretor-executivo alterno pelo Brasil no Banco Mundial, além de ter extensa carreira na diplomacia brasileira.

Murilo Portugal – Passou pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Casa Civil, Secretaria Geral da Presidência, Tesouro Nacional e Ministério da Fazenda, antes de chegar ao Banco Mundial e ao FMI. Depois, por nove anos, foi presidente-executivo da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), posto que deixou em março deste ano.

Marcos Caramuru – Diplomata de carreira, foi cônsul-geral do Brasil em Xangai, embaixador na Malásia, secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e diretor-executivo do Banco Mundial, em Washington.

Pedro Malan – Foi duas vezes Ministro da Fazenda, presidente do Banco Central, diretor-executivo do Banco Mundial entre 1986 a 1990, e depois entre 1992 e 1993, passando também pelo BID entre 1990 e 1992.

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