Texto engana ao dizer que Trump indicou Weintraub ao Banco Mundial

Segundo a instituição, a indicação do ex-ministro da Educação para o cargo veio de 'autoridades brasileiras'

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São Paulo

É enganosa a informação que circula em redes sociais de que o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, teria sido nomeado diretor-executivo do Banco Mundial pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O texto, verificado pelo Comprova, induz a acreditar que a nomeação de Weintraub ao cargo já foi aceita e que o mandatário americano teria participação direta no processo.

Ainda fornece informações equivocadas sobre o papel da instituição, como um suposto monitoramento do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e da Receita Federal.

Weintraub ainda não recebeu a chancela de outros países membros do Banco Mundial para assumir o cargo, conforme explicado pela própria instituição. O conteúdo viralizado nas redes também diz que o ex-ministro conta com escolta do FBI a mando de Trump, embora o Comprova não tenha encontrado nenhum registro que indique proteção especial ao ex-titular do MEC.

Homem de barba e boné com fachada de restaurante ao fundo
O ex-ministro Abraham Weintraub em foto que postou já nos Estados Unidos - Abraham Weintraub/No Twitter

“Se muitos desejavam a saída do ministro da Educação de sua pasta, agora lamentam profundamente. O ex-ministro foi nomeado pelo Presidente Donald Trump como diretor executivo do Banco Mundial”, começam as publicações, compartilhadas mais de 36 mil vezes em redes sociais desde o último dia 20 de junho. Não há qualquer indício, no entanto, de que o presidente dos Estados Unidos tenha influenciado a nomeação de Weintraub ao Banco Mundial —que não é um órgão subordinado ao governo americano, mas uma instituição de desenvolvimento governada por 189 países membros.

Envolvido em polêmicas desde que assumiu o Ministério da Educação em abril de 2019, Weintraub renunciou ao cargo em 18 de junho deste ano, após desgaste político por afirmar que gostaria de ver presos os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), a quem chamou de “vagabundos”.

No vídeo em que anunciou sua saída da pasta, o economista também informou que havia recebido o convite para ser diretor do Banco Mundial, agradecendo ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por ter “referendado” a indicação.

No mesmo dia, o Ministério da Economia confirmou em nota oficial que o governo brasileiro oficializou a indicação de Weintraub para diretor-executivo do grupo de países que o Brasil lidera no Banco Mundial. Não havia, no comunicado, qualquer menção a Donald Trump.

Questionado pelo Comprova se a indicação do ex-ministro brasileiro havia sido feita pelo mandatário americano, o Banco Mundial afirmou, apenas, que “recebeu uma comunicação oficial das autoridades brasileiras” indicando Weintraub para o cargo. A informação coincide com o processo de nomeação oficial detalhado no site da entidade.

O Comprova investiga conteúdos duvidosos ligados a políticas públicas que apresentam ampla repercussão em redes sociais e aplicativos de mensagens. Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado de seu contexto original e usado de modo a induzir outro significado. É o caso da postagem, que embora cite a indicação de Weintraub ao Banco Mundial, fornece a falsa informação de que ele já seria detentor do cargo e que teria chegado lá por indicação de Trump.

A investigação desse conteúdo foi feita por UOL e AFP e publicada na sexta-feira (26) pelo Projeto Comprova, coalizão que reúne 28 veículos na checagem de conteúdos sobre políticas públicas e coronavírus. Foi verificada por Folha, Piauí, Estadão, Jornal do Commercio e SBT.

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