Descrição de chapéu The New York Times

Amazon, Apple, Facebook e Google se preparam para enfrentar Congresso dos EUA

Presidentes das empresas comparecerão juntos em audiência para afirmar que suas companhias não sufocam concorrência

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Cecilia Kang Jack Nicas David McCabe
Washington | The New York Times

Depois que os parlamentares gravaram centenas de horas de entrevistas e obtiveram mais de 1,3 milhão de documentos sobre Amazon, Apple, Facebook e Google, seus executivos-chefes vão testemunhar perante o Congresso na quarta-feira (29) para defender suas poderosas empresas das críticas do governo.

Os capitães da "Nova Era Dourada" —Jeff Bezos da Amazon, Tim Cook da Apple, Mark Zuckerberg do Facebook e Sundar Pichai do Google— estarão juntos no Congresso pela primeira vez para justificar suas práticas de negócios. Membros do subcomitê antitruste do Judiciário da Câmara investigam os gigantes da internet há mais de um ano sobre acusações de que eles sufocaram rivais e prejudicaram consumidores.

A audiência é a ação mais agressiva do governo contra o poderio tecnológico desde a tentativa de dividir a Microsoft, há 20 anos. Deverá ser um espetáculo bizarro, com quatro homens que administram empresas no valor total de US$ 4,85 trilhões —e que incluem dois dos indivíduos mais ricos do mundo— prontos para argumentar que seus negócios não são realmente tão poderosos, afinal.

Os executivos Mark Zuckerberg do Facebook, Sundar Pichai do Google, Tim Cook da Apple e Jeff Bezos da Amazon - AFP

E será uma estreia de outra maneira: Zuckerberg, Pichai, Bezos e Cook estarão todos depondo por videoconferência, em vez de se levantarem lado a lado para jurar em uma mesa de testemunhas em Washington. Talvez adequadamente, o depoimento deles será transmitido online.

"Parece o momento das 'Grandes do Tabaco' na tecnologia", disse Gigi Sohn, ex-consultor sênior da Comissão Federal de Comunicações e professor convidado na faculdade de direito da Universidade de Georgetown, referindo-se ao depoimento no Congresso em 1994 dos principais executivos das sete maiores empresas americanas de tabaco, que disseram não acreditar que os cigarros causassem vício.

A audiência, que encerra uma investigação de 13 meses pelo subcomitê da Câmara, será acompanhada de perto em busca de pistas que possam fazer avançar outros casos antitruste contra as empresas.

A Comissão Federal de Comércio, por exemplo, se prepara para ouvir o depoimento de Zuckerberg e outros executivos do Facebook em sua investigação de 13 meses da rede social. O Departamento de Justiça poderá em breve revelar um processo contra o Google. E uma investigação da Apple pelos procuradores-gerais do Estado também parece estar avançando.

Em consequência disso, os preparativos para a audiência foram frenéticos —mesmo com o evento adiado por alguns dias nesta semana para encaixar as cerimônias fúnebres do deputado John Lewis—, enquanto os lobistas da tecnologia corriam nos bastidores para influenciar os tipos de perguntas que os legisladores poderiam fazer.

Na audiência, que começa às 12h de quarta-feira (29), os 15 membros do subcomitê antitruste terão cinco minutos para cada pergunta. O deputado democrata David Cicilline, de Rhode Island, presidente do subcomitê, controlará o número de rodadas de perguntas, potencialmente estendendo o interrogatório até a noite.

Logo de apps do Google, Apple, Facebook e Amazon - Damien Meyer/AFP

A duração da audiência também poderá ser prolongada, já que os problemas antitruste enfrentados pela Apple, Facebook, Google e Amazon são complexos e muito diferentes.

A Amazon é acusada de abusar de seu papel como varejista e como plataforma que hospeda vendedores de terceiros em seu mercado. A Apple foi acusada de usar injustamente o poder de sua App Store para bloquear rivais e forçar os aplicativos a pagar altas comissões. Rivais disseram que o Facebook tem o monopólio das redes sociais. A Alphabet, empresa controladora do Google, enfrenta várias denúncias de truste por causa do domínio do Google em publicidade online, pesquisa e software para smartphones.

Os democratas também podem desviar do tema antitruste e levantar preocupações sobre desinformação nas redes sociais. Espera-se que alguns republicanos levem a discussão para suas preocupações sobre tendência liberal nas empresas do Vale do Silício e acusações de que as vozes conservadoras são censuradas.

"Havia uma atitude de que elas eram grandes empresas americanas que geravam empregos e que deveríamos ter uma abordagem liberal e deixá-las florescer", disse Cicilline em entrevista. "Mas há muitos problemas sérios que descobrimos ao longo da investigação que não eram visíveis quando começamos a investigar."

Facebook, Amazon, Google e Apple não quiseram comentar.

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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