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Brasileiro busca investimento no mercado americano

Queda de juros e alta do dólar explicam alta de 20% em aplicações no exterior

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São Paulo

A dificuldade em encontrar opções de investimento no Brasil que garantam boa rentabilidade e também o poder de compra em relação ao dólar tem motivados brasileiros a procurarem ativos negociados no exterior.

Segundo dados do Banco Central, os brasileiros possuíam no final de maio deste ano US$ 38,8 bilhões em ações no exterior. Houve um aumento de cerca de 20% nesse estoque nos últimos 12 meses.

Entre o final de 2017 e setembro de 2019, esse valor ficou praticamente estável. Desde o último trimestre do ano passado, vem crescendo.

O movimento está alinhado ao aumento das aplicações também na Bolsa brasileira, impulsionadas, por exemplo, pela queda nas taxas de juros que reduziram a atratividade da renda fixa no Brasil. A título de comparação, o estoque de investimento em ações no exterior equivale a 5% do valor de mercado das empresas do Ibovespa, em dólares.

Gabriel Cabral/Folhapress

Nos cinco primeiros meses do ano, o saldo de novas aplicações em ações negociadas fora do país, por pessoas residentes no Brasil, cresceu quase dez vezes em relação mesmo período de 2019, de US$ 74 milhões para US$ 707 milhões.

No caso dos fundos de investimentos registrados fora do país, houve alta de 337%, de US$ 791 milhões para US$ 3,452 bilhões.

Se os valores forem convertidos para reais, o crescimento é ainda mais expressivo, considerando que a mesma quantidade de dólares equivale atualmente a uma quantidade maior de moeda nacional em relação ao início de 2019.

Para fazer um investimento diretamente no exterior é necessário abrir conta em uma instituição americana e enviar os recursos para fora do país.

Para abrir conta nos EUA, são exigidos praticamente os mesmos documentos necessários para abrir em corretora brasileira: passaporte ou documento de identidade e comprovante de residência. Algumas instituições pedem cópia do Imposto de Renda.

Os valores investidos devem ser informados ao Banco Central, de acordo com o calendário de declarações de capitais no exterior. As aplicações também devem ser reportadas à Receita Federal na declaração do Imposto de Renda e, quando há ganho, os valores são tributados aqui no Brasil.

Roberto Lee, presidente da Avenue, corretora nos EUA para brasileiros, afirma que, antes da crise atual, as pessoas buscavam mais ações de empresas como Apple, Facebook e Netflix. Desde que o dólar começou a se valorizar mais fortemente, passaram a buscar mais ativos de renda fixa.

“O maior volume tem sido para ETF de renda fixa, buscando preservação de capital. De dívidas soberanas, especialmente de países emergentes, e bonds de grandes empresas americanas. ETFs que investem no Tesouro pagam pouco, então a alocação é pouca”, afirma Lee.

Segundo ele, o valor médio de quem tem conta na corretora fica entre US$ 7.500 e US$ 10.000. O público investidor é de classe média alta.

Em relação às ações, ele afirma que os investidores se guiam pelas marcas de produtos e serviços que utilizam. “Eles buscas as maiores empresas do mundo e as mais conhecidas para os brasileiros, como Alibaba, XP e Stone”.

O presidente da Avenue diz que a abertura de capital da XP em dezembro impulsionou a abertura de contas, que hoje somam 110 mil investidores. A alta do dólar nos últimos meses, relacionada também à pandemia, também acelerou esse movimento.

“Desde março, quando o dólar começou a tocar os R$ 6, houve uma corrida por proteção, e o fluxo cresceu. Abrimos 800 contas por dia, algo que não tínhamos antes.”

Adriano Cantreva, sócio da Portofino Investimentos, afirma que, nos EUA, em geral é cobrado um valor fixo pela quantidade de ação. No Brasil, em geral, é um percentual sobre o valor da ação.

“Existe corretora que não cobra e outras que cobram US$ 100 por trade. A RobinHood, por exemplo, não cobra nada para vender ações. Na média, custos são mais baratos do que no Brasil, onde há custos da B3 também”, afirma.

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