Canal AgroMais reforça mídia especializada em meio a recordes de exportação do setor

Emissora foi lançada no dia 22 de junho pelo Grupo Bandeirantes

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São Paulo

O canal AgroMais, lançado pelo Grupo Bandeirantes no último dia 22, veio se juntar a um campo lotado de concorrentes pelo agronegócio, emissoras com sinal em TV paga e um pouco em TV aberta –e muito via internet e antenas parabólicas de fazendas pelo país.

"A aceleração do crescimento do agro no Brasil abriu uma série de oportunidades", justifica o diretor-executivo do novo canal, Marcello D'Angelo, citando dados como o país ter passado de sétimo para segundo exportador de produtos agropecuários, na última década e meia.

Mas o início foi mesmo em 1995, em Mato Grosso do Sul, com o Canal do Boi, ainda no ar. No ano seguinte, com maior repercussão nacional, foi lançado o Canal Rural, projeto do grupo gaúcho RBS inicialmente com a Globosat e hoje sob controle da J&F, holding da goiana JBS.

Em 1997 surgiu o sul-mato-grossense AgroBrasil TV e em 2005 o paulista Terra Viva, o primeiro do Grupo Bandeirantes voltado ao setor –que segue no ar, especializado em eventos ao vivo, no filão crescente de leilões e feiras, além de shows de música sertaneja.

O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues acompanha o desenvolvimento dos canais desde as primeiras conversas com a família Sirotsky, que controla o grupo RBS.

"Eles tinham uma visão bastante apropriada da agricultura, então ainda pouco reconhecida", lembra Rodrigues, que está isolado "desde o dia 3 de março" em sua fazenda, perto de Ribeirão Preto, de onde comanda um programa semanal no novo AgroMais, chamado República Agro.

Em 1996, ele não só ajudou a formatar a programação do Canal Rural como assumiu um programa, que manteve por seis anos. "Só deixei para ser ministro", recorda.

"Foi até fácil, porque havia essa sede de comunicação. Estávamos todos aprendendo democracia, liberdade. Havia uma vontade de comunicar, de contar, falar. Foi uma experiência, de certa forma, tranquila. Sem ganhar um tostão."

Ele diz que aos poucos o agronegócio foi reconhecido como tal, em parte pelo noticiário que cresceu, com safras recordes e alta nas exportações. "A própria mídia mudou. O espaço ainda é pequeno, para a importância real que o setor tem, mas a opinião pública foi mudando."

Os canais, inclusive o AgroMais agora, são parte do processo, avalia o ex-ministro, assim como o estabelecimento da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio) em 1993.

Para o Grupo Bandeirantes, da família Saad, também ligada à produção rural, o canal é um novo passo na identificação com o setor. "A gente tem um compromisso muito forte com esse segmento", diz Marcello D'Angelo.

"Não só por meio dos canais segmentados, mas a própria Band sempre abriu muito espaço. O Jornal da Band tem uma série de reportagens especiais, por exemplo."

O novo canal "está se posicionando como agroinformação, 24 horas por dia", acrescenta o diretor, que também responde pelo canal de notícias do grupo, BandNews TV.

Além de já estar na grade das operadoras Claro/Net e Vivo e manter negociação com outras, neste primeiro momento o AgroMais está com o sinal aberto via internet e no aplicativo.

O canal estreou com uma parceria central, com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). "A CNA é ao mesmo tempo um patrocinador e uma referência técnica, com programas específicos que desenvolve para o canal", diz D'Angelo.

Outras parcerias incluem a rede chinesa CCTV, com entradas regulares da bolsa de mercadorias de Dalian, o principal porto de importação de produtos agropecuários da China.

O AgroMais negocia acordos semelhantes com o canal El Rural, da Argentina, e RFD-TV, dos EUA, e já vem recorrendo aos correspondentes da Band em Nova York, Londres e Genebra.

Além de Rodrigues, outros dois ex-ministros são citados entre os especialistas do canal, Aldo Rebelo e Sérgio Amaral, ao lado de nomes do setor como Evaristo de Miranda, da Embrapa, e Marcos Fava Neves, da USP.

O estúdio-sede é em Brasília. Entre outros, estiveram na abertura no dia 22 o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, e o presidente Jair Bolsonaro, que declarou, sobre o canal: "Com certeza, vai pautar a imprensa do mundo para o que acontece de fato no Brasil. Porque nós sabemos que a nossa imagem não está muito boa aí fora, por desinformação."

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