Guru de investidores diz que ambiente para pandemias é fértil

Nassim Taleb defendeu o uso precoce de máscaras e afirma que a demora na adoção da medida 'custou muito dinheiro'

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São Paulo

Nassim Nicholas Taleb é tido como um guru de investidores de mercados de risco. E ele afirma, não pela primeira vez, que a pandemia que vivemos não era um evento imprevisível para os mercados. Por isso, a atual crise não pode ser classificada como um cisne negro, disse em uma transmissão ao vivo da XP.

Cisne Negro (2007) é um dos livros do libanês e fala sobre fenômenos imprevisíveis --grosso movo, o motivo principal para planejar investimentos sempre de maneira diversificada.

O evento imprevisível que tornou Taleb uma celebridade foi o 11 de setembro. Antes do ataque terrorista, ele havia citado como exemplo de evento isolado um avião atingindo uma torre em Manhattan.

“Alguma coisa que você espera que aconteça não pode ser um cisne negro. E a gente sabia há anos sobre pandemias. Em nenhum momento da história nós tivemos um ambiente tão fértil para pandemias quanto atualmente”, afirmou.

Escritor e palestrante sobre o mercado financeiro, Nassim Taleb
Escritor e palestrante sobre o mercado financeiro, Nassim Taleb - Divulgação

E usou como exemplo um grande evento presencial em São Paulo --como era o evento da XP até a pandemia. Se tivesse sido realizado, com milhares de pessoas de diversas partes do mundo, então um único contaminado poderia ser responsável por espalhar a doença à medida em que esses participantes voltassem para casa, afirmou Taleb.

Em janeiro, quando o mundo começava a ver a crise de Covid-19 ainda de forma pouco clara, Taleb escreveu um texto em que defendia o uso de máscaras para prevenir contágio de doenças. O estudo estava ligado ao Ebola, disse ele na transmissão ao vivo.

O matemático e analista de risco afirma que a medida simples e barata poderia ter sido incentivada desde o início da doença pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), o órgão de saúde dos Estados Unidos.

Ele afirmou que “quanto mais alto o posto, mais incompetente” e que esses órgãos “não tentaram encontrar a maneira mais barata de combater a doença”.

“A incompetência custou muito dinheiro”, afirmou.

Taleb não fez comentários sobre as medidas de isolamento social impostas por parte dos governos e nem sobre o número de mortos até o momento pela pandemia.

Mas usou referências do Antifrágil (livro de 2012) para dizer que sairão melhor dessa crise os que têm melhor capacidade de adaptação.

E citou que empresas com receitas estáveis por muito tempo —assim como fundos ou trabalhadores com carteira assinada— são os que tendem a quebrar em crises.

O motivo, segundo ele, é a baixa capacidade de adaptação.

Citando o exemplo do livro, em que comparava dois irmãos gêmeos, disse que o demitido que estava no mesmo emprego por anos terá dificuldade de encontrar um novo trabalho. O que trabalhou a vida inteira como taxista, depois migrou para o Uber e agora faz entregas pelo aplicativo (e não apenas corridas com passageiros) tende a sobreviver pela capacidade de adaptação.

Não citou, no entanto, as condições de trabalho desse profissional.

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