Medo de contágio pela Covid-19 faz carro voltar a ser objeto de desejo

Com setor em crise, momento favorece quem quer comprar automóvel

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São Paulo

Um novo público surge --ou ressurge-- timidamente no mercado automotivo, de acordo com pesquisa do Datafolha sobre novos hábitos dos paulistanos. São consumidores que voltam a investir em veículos de uso particular para evitar o transporte público em meio à pandemia da Covid-19.

Embora essa seja uma boa notícia para montadoras, revendedores e locadoras, não se trata de uma transformação radical no setor do transporte. Segundo o levantamento, feito no início de julho, só 12% dos entrevistados que nunca tiveram um carro próprio para lazer disseram que pretendem adquirir um agora.

Outros 9% acreditam que vão usar menos transporte público, mas a maioria diz que haverá aumento (32%) ou manutenção (33%) da frequência com a qual utilizam os meios coletivos.

Um estudo feito pela Anfavea (associação das montadoras) em parceria com o site Webmotors mostra uma demanda mais vultosa: 84% dos entrevistados mantiveram o plano de comprar um carro neste ano, apesar da crise.

O percentual de pessoas que afirmaram ter adiado o negócio ficou em 11%. A incerteza financeira foi o principal motivo da desistência. O levantamento ouviu 1.668 usuários do site Webmotors.

Uma certeza é que a disputa pelos clientes será intensificada e pode resultar em vantagens para o consumidor que estiver disposto a pesquisar antes de comprar.

A engenharia civil Ana Paula Silveira, 43, optou pelo aluguel. Ela pagou por mês R$ 1.130 para usar um Ford Ka 1.0 alugado da Porto Seguro. Em agosto, fará um upgrade para um Hyundai HB20 1.0 Turbo com câmbio automático. O carro, que custa a partir de R$ 67.190, sairá a um custo mensal médio de R$ 1.650 no contrato de 15 meses.

Ana Paula fez as contas e viu que, para seu perfil de uso, que une trabalho e lazer, a locação de longo prazo valeria mais a pena que a compra pela possibilidade de estar sempre com um carro novo sem ter de se preocupar com os prazos de pagamento do IPVA e do seguro, além de ter a manutenção inclusa no pacote.

O valor gasto com o aluguel de longo prazo pode não compensar, já que há variações de preço de acordo com a quilometragem média.

Além disso, as montadoras têm oferecido planos de financiamento para a compra de veículos novos bem mais atraentes do que no passado, conciliando taxas menores a períodos mais longos de carência.

A moda do momento é adiar o vencimento da primeira parcela para 2021, alternativa disponível tanto para modelos de menor volume de vendas como para os campeões de emplacamento.

A Chevrolet, por exemplo, promete pagar as 12 primeiras prestações. Na verdade, trata-se de um período mais extenso para iniciar a quitação dos boletos, pois os juros embutidos no contrato cobrem os meses em que o cliente não precisa pôr a mão no bolso.

Na Toyota, diversas modalidades de financiamento com parcela final de maior valor —em geral, equivalente a 30% do preço cobrado pelo veículo no ato da compra— estão com o primeiro vencimento para janeiro de 2021. É uma forma de atrair consumidores por meio de entrada menor e prestações mais suaves, com juros prefixados.

As facilidades servem ainda para atenuar o aumento no preço dos carros. A queda nas vendas e a alta do dólar fez os valores subirem nos últimos meses.

Antes de embarcar em uma promoção aparentemente vantajosa, o consumidor precisa fazer simulações em diferentes marcas e concessionárias. Apesar de o comércio online ter evoluído na pandemia, é no contato direto com revendedores e financeiras que o comprador pode negociar descontos e melhores taxas.

As comparações também devem ser feitas entre as diferentes locadoras que oferecem contratos de longo prazo.

O segmento passou por uma forte expansão devido à procura por parte dos motoristas de aplicativo, mas o movimento foi seguido por uma retração severa nos primeiros meses da pandemia. Mais de 150 mil veículos foram devolvidos no Brasil, e as empresas do setor de locação estão abertas para negociar descontos.

As vendas se recuperam em ritmo lento após uma queda acumulada de 38,2% nos emplacamentos na comparação entre o primeiro semestre de 2020 e o mesmo período de 2019. O dado da Fenabrave (entidade que representa os revendedores) inclui carros de passeio, veículos comerciais leves, ônibus e caminhões.

O momento favorece o consumidor que deseja utilizar um veículo particular.

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