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Nos EUA, reserva em restaurante cai com novos picos

Número está 60% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado

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Washington

No dia 29 de maio, moradores de Washington tinham dificuldade para encontrar uma mesa ao ar livre que não estivesse ocupada nos principais bares e restaurantes da cidade.

Sob o calor do verão americano, era preciso enfrentar filas de mais de uma hora ou ter feito reserva com antecedência para tentar aproveitar o início da reabertura após 59 dias de quarentena.

Mas havia regras. Entre elas, mesas mais distantes umas das outras com, no máximo, seis pessoas cada, e tempo de permanência estipulado em até duas horas por grupo.

Apesar das restrições, o movimento se manteve intenso por mais de um mês, mas vem caindo na capital —e em todo o país— desde o início de julho, com a alta de novos casos do coronavírus em pelo menos 42 dos 50 estados americanos.

Segundo dados do aplicativo OpenTable, um dos mais populares nos EUA, o número de reservas de mesas na primeira semana do mês está 60% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado.

Em junho, com todos os estados em fases de reabertura, esse índice chegou a ser de menos 40% em relação a 2019, mas o agravamento da pandemia promoveu nova retração —ao menos nove estados decidiram rever seus processos de retomada nas últimas semanas, incluindo os maiores, Califórnia e Texas.

Muitos restaurantes e bares que tinham reaberto após quase dois meses precisaram fechar mais uma vez suas portas, na tentativa de conter os novos surtos da pandemia.

Nos EUA, cada região seguiu seu ritmo de retomada, mas, no início de julho, a maior parte dos estados já permitia a ocupação das áreas externas e de até 50% dos salões internos de bares e restaurantes seguindo regras de higiene e de distanciamento social.

A reabertura das atividades de forma precoce em vários estados, sem queda de transmissão e quantidade de teste suficiente, causou o aparecimento de diversos novos surtos, que começaram no sul e na costa oeste, mas agora já mergulham o país em uma nova fase de descontrole.

A Flórida, um dos primeiros estados a anunciar a reabertura econômica, no início de maio, bateu o recorde de 15 mil novos casos de Covid-19 no domingo (12). Até agora, o maior número de infecções diárias confirmadas era 12 mil, em Nova York.

Os EUA contabilizam hoje mais de 3,5 milhões de diagnósticos e 137 mil mortes.

Pesquisas mostram que, além da retomada de medidas restritivas em vários estados, o medo do contágio é maior do que a dificuldade econômica na hora de medir a volta às atividades fora de casa entre americanos que habitualmente frequentam restaurantes e costumam viajar mais a lazer.

Desde maio, parte desse grupo voltou a comer fora, viajar e se hospedar em hotéis, principalmente em cidades de praia, com a chegada do verão no hemisfério Norte.

O número de passageiros nos aeroportos na primeira semana de julho diminuiu em 70% se comparado ao mesmo período de 2019, mas é o maior índice que a indústria registrou desde o início da pandemia, de acordo com a TSA (Administração para a Segurança dos Transportes, na sigla em inglês).

Estudo publicado pelo instituto de pesquisa Brookings mostra que o estímulo dado pelo governo dos EUA a famílias americanas impediu um desastre financeiro maior e permitiu a recuperação mais rápida inclusive dos mais pobres, que não costumam gastar com refeições fora de casa e viagens não essenciais.

O problema, dizem analistas, é que os novos surtos podem fazer com que as 7,5 milhões de vagas de emprego recuperadas entre maio e junho se percam novamente e que os danos sejam maiores nos próximos meses.

O governo americano pagou em abril um auxílio emergencial de US$ 1.200 a pessoas com renda anual de US$ 75 mil. Esse valor abarca parte da população considerada de classe média no país.

O estudo divulgado pelo Brookings ressalta que a economia americana está longe de estar revigorada —os EUA entraram em recessão e o desemprego foi de 3,5% para 13%—, mas diz que, em meados de abril, os gastos das famílias começaram a se recuperar, com destaque aos 25% mais pobres.

Na terça-feira (14), os maiores bancos dos EUA, Citigroup, Wells Fargo e JPMorgan Chase, fizeram a previsão de que o pior ainda está por vir, visto que, até agora, a maior parte do impacto foi minimizada pelos gastos do governo e os auxílios às famílias e às empresas.

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