Temos presenciado iniciativas importantes em prol de um desenvolvimento sustentável da região Amazônica, muitas delas vindas de atores que até então não haviam entrado no centro do debate. A premência de um novo modelo de desenvolvimento econômico para a região está posta. Temos agora o desafio de conciliar um modelo de desenvolvimento que seja justo, próspero e que use de forma planejada as riquezas naturais disponíveis.
É imprescindível que este modelo seja sustentável e impulsionado por investimentos públicos e privados que construam uma economia de baixas emissões, inclusiva e direcionada para o futuro.
A região Amazônica vive contrastes. Detentora de uma reserva ainda desconhecida de riquezas biológicas, abundância de água, tradições e riquezas culturais, ela também convive com ilegalidades, desigualdade, injustiças sociais e baixos índices de desenvolvimento econômico. E sem que as questões legais sejam atendidas, por meio da atuação firme do estado no que diz respeito à legislação ambiental, os demais desafios tornam-se ainda mais complexos, talvez até mesmo intransponíveis.
A Amazônia tem pressa, e o momento exige uma ação coordenada de todos nós. O equilíbrio de um ecossistema social, econômico e ambiental complexo como o da região não será constituído com ações isoladas. Líderes empresariais, governos, sociedade civil e todos nós, cidadãos, precisamos assumir o nosso papel na construção de um modelo de desenvolvimento ainda inédito no planeta.
Como líderes dos três maiores bancos privados no país, sabemos do potencial e da grande responsabilidade do sistema financeiro em promover esse debate e estimular iniciativas eficazes na região. A hora é de agir.
Por isso, entregamos oficialmente ao governo, em 22 de julho, nosso compromisso com a Amazônia. São dez medidas concretas, com três principais eixos estratégicos baseados no apoio à conservação ambiental e ao desenvolvimento da bioeconomia; no investimento em infraestrutura sustentável; e na contribuição para a garantia dos direitos básicos da população. Com essas medidas, pretendemos:
- Atuar visando ao desmatamento zero no setor de carnes, reforçando diligências internas, apoiando a transição e articulando empresas e associações para a criação de um compromisso setorial;
- Estimular as monoculturas sustentáveis (exemplos: cacau, açaí, castanha e óleo de palma) por meio de linhas de financiamento diferenciadas e/ou ferramentas financeiras e não financeiras;
- Estimular o desenvolvimento da infraestrutura de transporte (exemplo: hidroviário) com metas ambientais, em troca de condições diferenciadas (exemplos: funding, exigências e parceiros);
- Viabilizar investimentos em infraestrutura básica para o desenvolvimento social (exemplos: energia, internet, moradia e saneamento);
- Fomentar projetos que visem o desenvolvimento econômico e a conservação por meio de ativos e instrumentos financeiros de lastro verde (exemplos: PSA, CBIOs e Crédito de Carbono);
- Incorporar os impactos das mudanças climáticas nas políticas de crédito e investimentos de longo prazo e dar ênfase a isso em nossos relatórios;
- Ampliar o alcance de negócios que promovam a inclusão e a orientação financeira na região;
- Articular e apoiar a implantação do sistema informatizado de registro de regularização fundiária;
- Articular a criação de um fundo para atores e lideranças locais que trabalhem em projetos de desenvolvimento socioeconômico na região;
- Atrair investimentos que promovam parcerias e desenvolvimento de tecnologias que impulsionem a bioeconomia.
Reconhecemos que ainda há muito por fazer, mas este é o primeiro passo importante que damos em conjunto. Temos uma grande oportunidade de promover, a partir do mercado financeiro, iniciativas que efetivamente transformem a região. Esse é o nosso compromisso. Compromisso com uma Amazônia inclusiva, sustentável, desenvolvida e de todos os brasileiros.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.