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Restaurantes de SP esperam melhora no movimento no fim de semana

Primeiros dias de reabertura foram de baixo número de clientes

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São Paulo

A retomada de restaurantes, bares e cafés começou de forma tímida na capital paulista.

Restaurantes voltados ao almoço rápido, dependentes de escritórios, registraram movimento lento; endereços com propostas mais gastronômicas apostam em uma melhora para o fim de semana.

A Folha percorreu, entre segunda (6) e terça-feira (7), bairros conhecidos por sua concentração de estabelecimentos –República, Santa Cecília, Jardins, Pinheiros e Itaim Bibi– e encontrou muitos deles fechados ou com pouca movimentação de clientes.

A informação coincide com uma pesquisa feita pela Abrasel (Associação de Bares e Restaurantes) com 150 empresas que aponta que 59% dos estabelecimentos não pretendem reabrir com as condições do protocolo anunciado pela Prefeitura de São Paulo neste sábado (4).

O documento municipal proíbe mesas na calçada, reduz o volume de atendimento a 40% e limita o horário de funcionamento até 17h –havia a expectativa do setor de a abertura ser autorizada em dois turnos de três horas, no almoço e jantar.

“A questão do horário é central. Ela impede o funcionamento de casas como pizzarias e bares e também não permite a sustentação financeira de restaurantes que estão abertos, porque o tíquete médio à noite é maior”, diz Paulo Solmucci, da Abrasel.

Segundo ele, as restrições afetam especialmente pequenos negócios. “Com a redução de 40% do salão, casas que têm espaço interno muito pequeno ficam praticamente inviabilizadas sem calçada. O raciocínio é compensar a área interna com a externa”, diz.

Empresários que participaram da retomada também afirmam que o formato da reabertura compromete o faturamento em um momento de caixa fragilizado. Com o fechamento decretado desde março como medida de combate ao coronavírus, restaurantes e bares operavam apenas em sistema de delivery –o que responde, em média, por cerca de 15% a 20% de seu faturamento normal, segundo a Abrasel.

“A gente já sabia que iria ser uma retomada lenta, temos que reabrir para as pessoas verem que está tudo bem. Mas deveriam mudar a medida de não abrir à noite. Dessa forma, a retomada está acontecendo para quantos players do mercado?”, diz Diego Iglesias, diretor-executivo do Grupo Rubaiyat.

Em São Paulo, a Figueira Rubaiyat, marca do grupo nos Jardins, reabriu nesta segunda (2), com 32 clientes, o que equivale a 20% de um almoço no cenário pré-pandemia. Iglesias, porém, afirma que o tíquete médio aumentou 50% –seguindo um padrão visto no Rubaiyat Madrid, casa do grupo que fica na capital espanhola, cidade que passou recentemente pela reabertura.

“O cliente está há meses sem sair e quer ter a experiência de pedir um vinho. Já que saiu, ele quer se dar ao luxo de comer bem”, diz Iglesias.

“Mas estamos voltando aos poucos. A grande questão é se estamos trabalhando para empatar, ganhar dinheiro ou perder. Vamos saber só no fim de semana”, acrescenta.

Dos 80 lugares possíveis no novo layout no restaurante Spot, na região da avenida Paulista, 50 lugares foram ocupados no almoço de segunda (6) e 66 no de terça (7). “O movimento deixou a gente otimista.

Deu um ânimo de achar que, com essa retomada, seja possível pelo menos equilibrar as contas”, diz Lygia Lopes. Com o ampliamento do horário de funcionamento de shoppings, o endereço do Spot no JK Iguatemi passa a abrir para o jantar nesta terça (7), o que também amplia as possibilidades de faturamento.

No Baixo Pinheiros, um reduto de restaurantes na cidade, o Nou (também presente em Pinheiros e Higienópolis), estima ter atendido 30 clientes na segunda, movimento que se manteve na terça. “Foi um passo para a gente ambientar tanto clientes como colaboradores. Quisemos reabrir para se preparar para esse novo normal, para quando tiver mais gente na rua. Mas ainda não faturamos o suficiente para pagar o dia”, diz Paulo Sousa, proprietário.

Segundo dia de operações do restaurante Figueira Rubaiyat, após a autorização do Governo de São Paulo para reabertura de bares, restaurantes, salões de beleza e barbearias
Segundo dia de operações do restaurante Figueira Rubaiyat, após a autorização do governo de São Paulo para reabertura de bares, restaurantes, salões de beleza e barbearias - Bruno Santos/Folhapress

O empresário acredita que o movimento deve aumentar no fim de semana. Com uma percepção semelhante, o Mondo Gastronômico, na rua Oscar Freire, nos Jardins, decidiu atender apenas com reservas aos sábados e domingos para evitar aglomerações.

Dos 50 lugares possíveis com o novo layout pós-pandemia, 22 foram ocupados na segunda e 28 na terça durante o almoço. “Fiquei surpreso. Tivemos metade da ocupação em um almoço de segunda, que não é um dia com movimento forte. Agora, nós vamos ajustando o atendimento na espera de um fluxo maior no fim de semana”, diz Bruno Lima, proprietário.

Lima também acredita que o fato da casa estar nos Jardins, um bairro residencial, tenha contribuído para o fluxo. “Com esse movimento grande de home office, muitas pessoas ainda estão em casa. Por isso, restaurantes em bairros mais residenciais podem ter um almoço mais forte agora”, diz.

A Folha observou uma baixa presença de clientes em restaurantes comerciais instalados na República e áreas do Itaim Bibi próximas a prédios corporativos. Com capacidade para 450 clientes, o restaurante Estação República, no bairro de mesmo nome, atendeu 36 no almoço da segunda.

Para não ter prejuízo, a casa, que operava em sistema de self-service, passou a servir apenas pratos executivos. “Se a gente tivesse mantido o quilo teria muito desperdício. Melhor a gente ser cauteloso enquanto não tem estabilidade. O pessoal que mora nessa região não frequenta tanto o restaurante, é mais para quem está trabalhando. Acho que a nossa clientela vai demorar para vir”, diz Marcelo Corvino, proprietário.

De acordo com o protocolo definido pela prefeitura, casas que funcionam em sistema de bufê devem ter marcações no piso onde serão formadas filas, orientando distância de 1,5 m. Além disso, também devem designar um funcionário para servir os clientes.

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