BC aprova última etapa de norma que reduz trava bancária

Novo sistema dá mais liberdade ao lojista para negociar seus recebíveis e começa a funcionar em 3 de novembro

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Brasília

O Banco Central aprovou, nesta quarta-feira (26), a convenção das registradoras de recebíveis. Este é o último passo para a implementação do novo sistema, que, na prática, reduz a chamada trava bancária.

De acordo com a autoridade monetária, o novo sistema dá ao lojista mais liberdade para negociar seus recebíveis e tomar crédito a taxas menores que a oferecida pelo banco com o qual ele tem relacionamento.

Antes, as informações eram centralizadas na instituição de origem.

Novo sistema dá ao lojista mais liberdade para negociar seus recebíveis
Novo sistema dá ao lojista mais liberdade para negociar seus recebíveis - Gabriel Cabral/Folhapress

"Esta é a última peça que estava faltando para a mudança que o BC vem implementando de aperfeiçoamento nas operações de crédito baseada em recebíveis de cartão", disse o chefe do departamento de competição e estrutura do mercado financeiro da autoridade monetária, Ângelo Duarte.

Os recebíveis são valores a serem recebidos pelo lojista por compras no cartão de crédito ou débito, por exemplo, em datas futuras. Essas quantias são utilizados como garantia para que o empresário tome crédito.

A trava bancária impede que o comerciante utilize os recebimentos futuros para outras operações de crédito, já que a agenda ficava bloqueada pelo banco que concede o empréstimo.

O BC criou, no ano passado, a figura do registrador de recebíveis. Essas empresas centralizarão os registros dessas operações e poderão compartilhar as informações com instituições que tenham interesse em conceder o crédito.

Atualmente, duas empresas estão dentro da convenção, a Cerc (Central de Recebíveis) e a Cip (Câmara Interbancária de Pagamentos). A Tag Tecnologia para o Sistema Financeiro está em fase final do processo de autorização.

O registro das transações será feita pelo credenciador (empresas de maquininhas) e será gratuito. O compartilhamento das informações, no entanto, poderão ter taxas negociadas entre as partes.

Assim, o lojista terá mais liberdade para negociar seus recebíveis e tomar crédito a taxas menores que a oferecida pelo banco com o qual ele tem relacionamento. Antes, as informações eram centralizadas na instituição de origem.

"Essa é só uma tradução operacional das normas que o BC já tinha divulgado no ano passado. Com isso, esperamos aumentar a competição no mercado e reduzir as taxas", disse Duarte.

Segundo João André Pereira, chefe do departamento de normas do BC, o processo começou com a digitalização dessas transações. "Muitos desses recebíveis eram feitos em papel, como as duplicatas, não tinha uma figura digital. Além disso, a informação era fechada dentro da instituição financeira, não tinha transparência", contou.

Segundo ele, a centralização e a padronização dos registros desses recebíveis gera segurança jurídica. "Dá certeza de que aquele ativo é único e está sendo usado apenas naquela operação de crédito", ressaltou.

Com a nova sistemática, uma agenda de recebíveis poderá ser utilizada para mais de uma operação de crédito, respeitando o limite de 100% do valor da garantia. Por exemplo, se o lojista tem R$ 500 reais para receber, ele pode pegar R$ 250 em cada banco.

Antes, se ele pegasse R$ 250, os outros R$ 250 ficariam bloqueados até que ele quitasse o empréstimo. Além disso, as informações não ficavam disponíveis para outras instituições oferecerem condições melhores de crédito.

Em 2019, o mercado de cartão de crédito e débito movimentaram R$ 1,8 trilhão. "Acreditamos que tem um grande potencial, mas não conseguimos estimar o impacto", disse Pereira.​

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