Bolsonaro defende meio-termo para extensão do auxílio e diz que R$ 200 é pouco

Em cerimônia de sanção de MPs, presidente diz que valor atual de R$ 600 pesa muito para o estado

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) indicou nesta quarta-feira (19) que o governo deve ampliar o auxílio emergencial até o final do ano em pagamentos inferiores aos atuais R$ 600, mas adiantou que considera baixo o valor de R$ 200 mensais defendido pelo ministro Paulo Guedes (Economia). O presidente defendeu um "meio-termo" para o benefício.

"R$ 600 reais é muito; o Paulo Guedes, alguém falou na Economia em R$ 200, eu acho que é pouco. Mas dá para chegarmos no meio-termo e nós buscarmos que ele venha a ser prorrogado por mais alguns meses, talvez até o final do ano, de modo que consigamos sair dessa situação", declarou o presidente, durante cerimônia de sanção de MPs (Medidas Provisórias) que liberam crédito para empresas durante a pandemia.

O presidente disse em seu discurso que tratou da ampliação do benefício social em café da manhã nesta quarta com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele alegou que as conversas sobre o tema estão em fase final e que a manutenção do auxílio no patamar atual "pesa muito" para os cofres públicos —a estimativa do governo é que o benefício, que chega a cerca de 65 milhões de pessoas, custe mensalmente R$ 50 bilhões.

Como a Folha mostrou nesta terça (18), o governo estuda editar uma MP para prorrogar o auxílio até o final de dezembro.

Guedes vinha defendendo que as parcelas caíssem para R$ 200, mas diante da pressão do Planalto a equipe econômica já trabalha com uma projeção de benefício de R$ 300.

Nesta quarta, Bolsonaro voltou a alegar que a preservação do patamar atual é inviável porque gera endividamento para o estado.

"E se o país se endivida demais acaba perdendo a sua credibilidade no futuro", disse o mandatário.

"Imaginemos o que seria o Brasil sem essas medidas [econômicas] e sem o auxílio emergencial. Onde poderia estar mergulhado o Brasil com uma classe enorme, principalmente de informais, que tinham perdido todo o seu ganho?"

Paulo Guedes participou do ato e disse que o Brasil foi o país emergente que mais auxiliou os desassistidos e protegeu os vulneráveis na pandemia. "Gastamos 10% do PIB para proteger os vulneráveis", declarou.

A cerimônia foi realizada no Palácio do Planalto para marcar a sanção de duas MPs.

O objetivo das normas é facilitar o acesso a crédito pelas micro, pequenas e médias empresas por meio da criação do Programa Emergencial de Suporte a Empregos e do Programa Emergencial de Acesso a Crédito.

Essas MPs foram tratadas por Bolsonaro como uma das últimas do pacote de ações econômicas que o governo lançou mão para enfrentar os efeitos da crise sanitária.

"Isso nos ajuda, podemos talvez estar ultimando as últimas medidas do governo para que voltemos à normalidade no Brasil", disse o presidente.

Após dias em que o governo se viu alvo de críticas por sinais de descompromisso com o teto de gastos, Bolsonaro fez novos afagos públicos a Guedes, considerado fiador da agenda liberal da administração.

"Eu estou tão ligado ao Paulo Guedes, mas tão ligado, que eu moro no [Palácio da] Alvorada e ele mora no [Granja do] Torto. Eu não sei qual ministro vai ser demitido na presente semana pela grande mídia. Estou esperando quem é a bola da vez", ironizou o presidente.

Ele cedeu a Granja do Torto, residência de campo da presidência, para que Guedes use como moradia durante a crise da Covid-19.

O ministro, por sua vez, disse em seu discurso que sempre confiou no presidente.

"Desde que eu conheci o presidente eu confiei e ele não faltou a essa confiança nunca. E eu espero também não ter faltado em nenhum momento [com a sua confiança]. Nós estamos juntos. Quem tem os votos é sempre o presidente e a escolha sempre é do presidente. Quem faz o timing das reformas é a política", afirmou.

Guedes voltou a criticar a indexação e vinculação do Orçamento da União e disse que esses "erros" tornaram as peças orçamentárias incontroláveis.

Enquanto não for possível desvincular o Orçamento, disse Guedes, uma regra fiscal nos moldes do teto de gastos é indispensável.

"Vai ter um momento em que nós vamos ter que enfrentar isso e travar o piso [do Orçamento] e recuperar o espaço para os investimentos públicos e para as decisões corretas", afirmou o ministro. "Enquanto isso não tiver, o teto é indispensável", concluiu.

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