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Brasil e Paraguai negociam reabertura de comércio de fronteira com guichê sanitário

Acordo deve incluir permissão para que brasileiros entrem em território paraguaio apenas pare retirar mercadorias

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Brasília

Os governos de Brasil e Paraguai estão em negociações para a reabertura do comércio nas cidades de fronteira, para tentar reativar os centros de compra em locais como Ciudad del Este, Salto del Guairá e Pedro Juan Caballero.

Segundo relatos feitos à Folha, os dois países caminham para firmar um protocolo que permitirá que brasileiros possam novamente cruzar as fronteiras para realizar compras nas cidades paraguaias.

As travessias de fronteira entre Brasil e Paraguai estão fechadas desde o início da crise do coronavírus e só é permitida a passagem de transporte de carga.

A flexibilização —em estado avançado de negociação— é voltada principalmente para brasileiros que vão ao Paraguai adquirir mercadorias, mas os compradores não poderão circular livremente pelas cidades do outro lado da fronteira.

Comércio em Ciudad del Este, fronteira com Foz do Iguaçu, no Brasil - Bruno Santos - 9.mar.2018/Folhapress

Pelo modelo em discussão, compradores poderão realizar encomendas online e em seguida serão autorizados a cruzar a fronteira apenas para retirar as mercadorias em postos de distribuição que devem ser instalados do lado paraguaio.

Compradores brasileiros poderão, no exemplo de Ciudad del Este, acessar o centro de distribuição onde receberão a mercadoria e em seguida retornarão para Foz do Iguaçu. Haverá um limite de US$ 500 que cada pessoa poderá adquirir.

Interlocutores disseram à Folha que a reabertura total dos centros comerciais nas cidades paraguaias para visitantes estrangeiros não está em discussão no momento.

Com um sistema de saúde limitado e pouco acesso a insumos de combate à Covid-19, o Paraguai adotou regras duras de confinamento e fechou suas fronteiras, temendo a importação de casos de coronavírus principalmente do Brasil —epicentro da epidemia na América do Sul.

O país vizinho registrou até o momento 6.060 casos confirmados da doença, com 61 mortes. Por outro lado, o Brasil tem quase 3 milhões de casos e mais de 97 mil mortos.

O governo paraguaio está especialmente preocupado com o risco de avanço do vírus na região do Alto Paraná, onde fica Ciudad del Este.

O vice-ministro de Relações Econômicas e Integração da chancelaria paraguaia, Didier Olmedo, disse à Folha que ambos países buscam estabelecer um "projeto piloto" para dar um alívio para o comércio de fronteira, fundamental para o país vizinho e fortemente golpeado pela crise da Covid-19. Ele destacou, no entanto, que haverá protocolos sanitários para conter o avanço da doença.

"Estamos confiantes num acordo já nos próximos dias, estamos muito perto", disse. Ele destacou que a saída estudada não atende completamente à queda no volume de negócios no comércio de fronteira, mas que se trata de uma solução que respeita as necessidades de proteção contra o coronavírus.

"Essa atividade econômica [comércio de fronteira] ficou praticamente paralisada. E um dado importante é que um terço de tudo o que o Paraguai importa é destinado para o comércio fronteiriço", disse.

No fim de maio, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a pedir ao presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, a reabertura das fronteiras. O paraguaio, no entanto, disse que não poderia flexibilizar as restrições naquele momento.

Recentemente, paraguaios e brasileiros sentaram novamente à mesa para discutir uma medida que reativasse ao menos em parte o comércio fronteiriço. Acordaram a criação dos guichês de distribuição sob a justificativa de que as cidades de fronteira foram duramente impactadas pelo fim do fluxo de compradores brasileiros.

O tema gera tensão mesmo internamente no Paraguai. O país enfrentou protestos violentos no fim de julho e o governo teve que flexibilizar o fechamento de lojas e serviços em Ciudad del Este.

Assunção havia tentado adotar novamente regras duras de fechamento dos comércios na região em razão do aumento de infecções pela Covid-19, mas precisou voltar atrás diante de protestos violentos.

Mesmo com o recuo, as lojas em Ciudad del Este podem funcionar apenas em horários limitados e há restrições de circulação de moradores.

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