China quer tornar yuan mais acessível para atrair investimento estrangeiro

Relatório do BC chinês mostra que o uso internacional do yuan registrou crescimento acentuado em 2019, apesar da desaceleração no crescimento econômico

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Pequim | Caixin

O banco central da China anunciou que removerá mais algumas restrições ao uso do yuan além das fronteiras chinesas e que continuará a abrir os mercados financeiros do país, como parte do esforço de Pequim para permitir que o yuan concorra melhor com outras moedas importantes.

O Banco Popular da China (banco central) anunciou que insistiria em um método de mercado para facilitar o comércio internacional e o investimento e expandir ainda mais o acesso de investidores estrangeiros que usam o yuan, para investimento em ações e títulos chineses, de acordo com seu mais recente relatório anual sobre a internacionalização da moeda, divulgado na sexta-feira.

O relatório aponta que o uso internacional do yuan registrou crescimento acentuado no ano passado, apesar da desaceleração no crescimento econômico.

A parcela do yuan no mercado de câmbio subiu a 4,3% no ano passado, 0,3 ponto percentual acima do total de 2016, segundo o relatório. A moeda chinesa ocupa o quinto posto mundial como divisa de pagamentos, mas foi utilizada para apenas 1,76% dos pagamentos internacionais. Para comparação, a China responde por mais de 10% do comércio mundial de bens.

Bancária conta notas de yuan em Lianyungang, na província de Jiangsu, no leste chinês - Si Wei - 12.ago.2015/Xinhua

No ano passado, os bancos lidaram com 19,67 trilhões (US$ 2,83 trilhões) de yuan em pagamentos e recebimentos em yuan para seus clientes, uma alta de 24,1%, o relatório apontou. Isso representa um total recorde, ainda que o crescimento tenha se desacelerado ante os 46,3% de 2018.

No final de 2019, ativos denominados em yuan respondiam por 1,95% das reservas cambiais totais detidas por cerca de 150 economias, o que fazia da moeda chinesa a quinta maior divisa de reserva do planeta, com base em dados do FMI (Fundo Monetário Internacional).

A participação era 0,88 ponto percentual mais alta que a do final de 2016, quando o yuan foi oficialmente integrado à cesta de moedas que lastreia os Direitos Especiais de Saque (DES) do FMI. Os DES são um ativo internacional de reserva lançado pelo FMI no final da década de 1960 para suplementar as reservas oficiais dos países membros.

No ano passado, mais de 70 bancos centrais ou autoridades monetárias incorporaram ativos denominados em yuan às suas reservas cambiais, anunciou o banco central chinês no relatório.

Nos últimos anos, a China acelerou os esforços para reformar seus mercados financeiros e encorajar mais investidores internacionais a colocar dinheiro no país. Em setembro de 2019, o país decidiu eliminar as restrições de quotas sobre dois dos maiores esquemas de investimento externo na China –o programa Investidor Institucional Estrangeiro Qualificado e o programa Investidor Estrangeiro Qualificado em Yuan, mais conhecidos como QFII e RQFII. No ano passado, o montante de recebimentos via programa RQFII chegou a 129,3 bilhões de yuan e o de pagamentos chegou a 155,3 bilhões de yuan, o que representa um ingresso líquido de 26 bilhões de yuan, de acordo com o banco central chinês.

Em abril de 2019, a Bloomberg adicionou títulos do governo e do banco central chinês ao seu Bloomberg Barclays Global Aggregate Bond Index. Em novembro, o grupo MSCI, que compila diversos índices internacionais, aumentou o peso das ações classe A chinesas em certos índices. Acredita-se que as duas decisões tenham conduzido mais fundos aos mercados de capitais chineses.

Nos últimos anos, a China vem encorajando o uso de sua moeda na compensação de maior volume de transações bilaterais de comércio e investimento com muitos outros países, porque a fricção comercial internacional intensificou a volatilidade nos mercados de câmbio e o custo de utilização de moedas de terceiros. Em 2019, a proporção de yuan negociada nos Estados Unidos caiu para 7,8% do mercado offshore, em meio à guerra comercial e às medidas retaliatórias entre Estados Unidos e China, ante 8,5% no ano anterior, de acordo com o relatório do banco central chinês.

Tradução de Paulo Migliacci

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