O desemprego subiu mais entre os pretos do que brancos e pardos no segundo trimestre de 2020, o primeiro que pegou três meses completos de pandemia no Brasil, de acordo com dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua divulgados nesta sexta (28) pelo IBGE.
Segundo a analista da pesquisa Adriana Beringuy, a população preta foi a que mais teve impacto no percentual de taxa de desocupação, que chegou a 17,8% —eram 15,2% desempregados no primeiro trimestre.
Entre os brancos, a taxa aumentou de 9,8% para 10,4%, enquanto entre os pardos o crescimento foi de 14% a 15,4%. Dessa forma, a diferença percentual de taxa de desemprego entre brancos e pretos alcançou um recorde histórico.
"Foi a maior já registrada, chegando a 71,2%", disse Beringuy. Atualmente, a maioria da população brasileira é parda (46,8%), seguida por brancos (43,6%) e pretos (8,6%).
Os menos escolarizados também registraram alta acima da média no índice de desemprego. Os brasileiros sem instrução e com menos de um ano de estudo foram de 9,6% no primeiro trimestre a 13,1% em junho.
Já entre aqueles com o ensino médio incompleto ou equivalente, o aumento foi de dois pontos percentuais, de 20,4% a 22,4%. Os trabalhadores mais estudados, com ensino superior completo, quase não foram atingidos, com variação indo de 6,3% a 6,4%.
A pesquisa também mostrou diferenças na taxa de desocupação entre homens (12%) e mulheres (14,9%) durante a pandemia.
Já entre os jovens de 18 a 24 anos de idade, o índice (29,7%) apresentou patamar elevado em relação à taxa média total no país. O maior ficou entre os menores de idade (42,8%). O menor, entre os idosos (60 anos ou mais), com 4,8%.
A média de desemprego no país chegou a 13,3% no trimestre encerrado em junho, segundo dados publicados pelo IBGE. Os números não refletem o tamanho da crise, segundo especialistas.
O instituto chegou a atrasar na divulgação dos dados de junho, por problemas na apuração da informações, já que a coleta vem sendo feita por telefone e não presencialmente, como era tradicional.
A alta no desemprego brasileiro é efeito da pandemia da Covid-19. Desde que o primeiro óbito foi registrado, em 17 de março, a doença avançou e o país promoveu o fechamento de bares, restaurantes e comércio como forma de combater a pandemia.
Assim, todos os setores da economia passaram a sofrer perdas, o que refletiu no emprego das pessoas.
No início da pandemia em curso, o país viveu apagão estatístico de emprego. Depois, a Pnad Covid ainda chegou a atrasar na divulgação dos dados de junho, por problemas na apuração da informações, já que a coleta vem sendo feita por telefone e não presencialmente, como era tradicional. Isso levou o IBGE a não divulgar tantos recortes quanto estava acostumado.
"Paramos em unidades federativas, sem capitais, e alguns estudos precisam ser feitos para garantir os recortes menores de divulgação dos indicadores. Por enquanto, estamos divulgando apenas aquilo que conseguimos todos os indicadores", disse a analista Adriana Beringuy.
Em paralelo aos impactos econômicos sentidos diretamente no aumento do desemprego, o Brasil vem acompanhando o Covid-19 se alastrar.
Nesta quinta-feira (27), o país registrou 970 novas mortes por coronavírus e 42.489 novos casos nas últimas 24 horas. Com isso, o total de óbitos superou 118 mil, e de casos confirmados, 3.764.493.
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