Quarentena e real desvalorizado impulsionam exportação de massas, biscoitos e pães do Brasil

Vendas no 1º semestre cresceram 73% na relação com o mesmo período de 2019

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São Paulo | Reuters

As exportações brasileiras de biscoitos, massas, pães e bolos industrializados saltaram 73% no primeiro semestre, para 71 mil toneladas, na relação com o mesmo período de 2019. O avanço foi impulsionado pelo real desvalorizado e por uma demanda adicional dos consumidores durante a quarentena, disse a associação Abimapi.

O faturamento do setor cresceu 20% com as vendas externas de janeiro a junho, para US$ 85,9 milhões, informou a associação.

Com o isolamento social contribuindo para manter a demanda aquecida nos mercados interno e externo, a indústria de derivados da farinha deve seguir com consumo firme de trigo no país, mesmo com os preços do cereal impulsionados pelo câmbio.

Trabalhador prepara pão em padaria de São Paulo
Exportação de pães, massas, biscoitos e bolos industrializados cresce 73% no 1º semestre de 2020 - Paulo Whitaker/Reuters

A desvalorização do real em relação ao dólar tornou o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional, o que também ajudou no crescimento das vendas para fora.

"Apesar do cenário de instabilidade, com atual situação econômica do país e a alta do preço da farinha, a desvalorização do real refletiu favoravelmente nas exportações dos produtos da cesta Abimapi", disse o presidente-executivo da associação, Claudio Zanão.

A categoria de massas alimentícias foi a que mais se destacou nas exportações do primeiro semestre, pelo custo e maior prazo de validade.

Segundo a Abimapi, os embarques de massas dispararam 243% em valor (para US$ 12 milhões) e 395% em volume (para 14 mil toneladas), se comparados aos do mesmo período de 2019.

El Salvador, Uruguai, Chile e Venezuela foram os principais importadores do segmento.

"A quarenta inspirou os consumidores do mundo todo a cozinhar mais dentro de casa e o macarrão é um produto perfeito para esta nova tendência... As pessoas estão optando por produtos não perecíveis, com maior 'shelf life' (prazo de validade), praticidade e um bom custo benefício", afirmou Zanão.

A companhia de alimentos M. Dias Branco, uma das maiores produtoras de farinha de trigo, massas e biscoitos do Brasil, disse à Reuters no início deste mês que viu sua receita de exportação disparar 526% no segundo trimestre ante igual período de 2019.

Na entrevista, o diretor de Relações com Investidores da M. Dias, Fábio Cefaly, enfatizou o aumento da procura por massas atrelado à pandemia, embora a companhia estivesse em um processo de internacionalização que contribuiu para o resultado expressivo do trimestre.

Na categoria de pães e bolos industrializados, a Abimapi reportou alta de 85% em faturamento no primeiro semestre, para US$ 29 milhões e 31 mil toneladas em volume, 204% a mais. China, Estados Unidos e Japão aparecem entre os principais compradores.

Para o acumulado de 2020, a expectativa é fechar no azul. "Nossa meta é superar os 100 milhões de dólares em exportações sob a previsão de crescimento anual médio de 6% no período", estimou Zanão. Em volume, a meta é avançar 5% no ano.

Além dos efeitos da pandemia, a Abimapi disse que o avanço nos embarques do setor também é resultado de um projeto chamado Brazilian Biscuits, Pasta and Industrialized Breads & Cakes, mantido pela associação em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).

O programa busca oportunidades que aproximem as empresas do segmento de seus clientes e potenciais parceiros no exterior, e é com base no desempenho esperado para as companhias que integram este projeto que a Abimapi estima elevação nos embarques para o acumulado do ano.

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