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AB Inbev inicia processo para escolha de novo presidente-executivo

Carlos Britto, que liderou transformação da empresa, está no cargo há 16 anos

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Londres | Financial Times

A Anheuser-Busch InBev, fabricante de cervejas como Brahma, Skol, Antarctica, Budweiser e Stella Artois, iniciou um processo para substituir seu presidente-executivo, o brasileiro Carlos Brito, que liderou sua transformação na maior cervejaria do mundo por meio de uma série de aquisições durante seu mandato.

A cervejaria está seriamente avaliando candidatos externos para a função, segundo três pessoas informadas do assunto, no que seria uma medida significativa para uma companhia que se orgulha de sua cultura interna.

Duas dessas pessoas disseram que a AB InBev estava trabalhando nessa pesquisa com a firma de recrutamento Spencer Stuart. Uma das pessoas disse que Brito está envolvido no processo com o conselho administrativo da AB InBev e pretende deixar o cargo em algum momento do próximo ano.

O executivo Carlos Brito, presidente da AB InBev, em foto de 2015 - Eric Vidal-16.set.15/Reuters

Parte do motivo da busca externa é que a AB InBev atualmente considera apenas um candidato interno, Michel Doukeris, que chefia sua empresa Anheuser-Busch, sediada na América do Norte, acrescentaram essas pessoas. Outros candidatos anteriormente sugeridos foram o diretor estratégico, David Almeida, e o diretor de marketing, Pedro Earp, que não estão sendo considerados.

Também é possível que Brito continue no cargo por mais tempo se a companhia não definir um candidato na busca, disse uma das pessoas. Esta acrescentou que Brito deverá entrar para o conselho administrativo da empresa depois da renúncia.

A AB InBev não quis comentar.

A companhia já substituiu seu diretor financeiro e presidente nos últimos 18 meses. As mudanças na liderança ocorrem enquanto a AB InBev continua lutando com uma pesada carga de dívida oriunda da aquisição da SABMiller, por 79 bilhões de libras esterlinas (cerca de R$ 550 bilhões), que culminou quase duas décadas de negociações dando-lhe uma posição dominante na indústria cervejeira.

O diretor financeiro, Felipe Dutra, renunciou em fevereiro para ser substituído por Fernando Tennenbaum, diretor financeiro da unidade brasileira da companhia, menos de um ano depois que Olivier Goudet cedeu a função de presidente para Marty Barrington, ex-presidente-executivo do grupo do tabaco Altria.

Tendo alcançado picos recorde em 2015 antes do acordo com a SABMiller, as ações da AB InBev hoje estão mais de 60% abaixo daquele nível, e os investidores se preocupam com sua carga de dívida, que no final de junho estava em US$ 87,4 bilhões, ou 4,9 vezes as receitas.

Ela reduziu pela metade seu dividendo final em abril, depois de outro corte em 2018; e também tomou medidas para ajudar a saldar a dívida, incluindo a venda de sua divisão australiana por US$ 11 bilhões para a Asahi neste ano.

A saída de Brito marcaria o fim de uma era para a indústria cervejeira depois que Jean-François van Boxmeer, da Heineken, também se demitiu neste ano. Assim como Brito, Van Boxmeer havia pressionado para criar uma cervejaria global durante o confuso período de consolidação do setor.

Brito liderou uma expansão regional da cervejaria na América Latina, transformando-a na maior fabricante mundial de cerveja, alimentada por negócios agressivos, uma cultura de pessoal puxada por bônus e cortes de gastos ferozes nas empresas que adquiriu.

Qualquer sucessor terá de conquistar a aprovação de dois blocos chaves de acionistas –as famílias belgas que antes controlavam a Interbrew e os três fundadores brasileiros da 3G Capital. Outros importantes acionistas são o grupo do tabaco Altria e a família Santo Domingo, da Colômbia.

A carreira de Brito nas cervejarias começou em 1989, quando ele entrou para a empresa brasileira Brahma, trabalhando para seu mentor, Jorge Paulo Lemann, fundador da firma de capitais privados 3G, que pagou por seus estudos em Stanford.

A Brahma começou uma expansão liderada por acordos, transformando-se na cervejaria regional Ambev, da qual Brito se tornou presidente-executivo em 2004. No mesmo ano a companhia se fundiu com a Interbrew da Bélgica, fabricante da Stella Artois, para criar a InBev; quatro anos depois ela armou uma aquisição hostil da locomotiva americana Anheuser-Busch, tornando-se uma cervejaria global.

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