Bancos divergem sobre previsões para o PIB do ano

Seis entre 10 instituições financeiras não mudaram suas estimativas para 2020

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São Paulo

A queda de 9,7% registrada na atividade econômica brasileira no segundo trimestre, divulgada nesta terça-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), dividiu opiniões entre os bancos do país em relação às projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano.

O recuo foi pior do que o esperado pelo mercado, que projetava uma queda de 9,2%.

Das 10 instituições financeiras consultadas pela Folha, 6 afirmaram que, por ora, não mudaram suas estimativas para a atividade econômica de 2020.

Além disso, um banco revisou suas expectativas para baixo – projetando quedas maiores para o PIB deste ano –, enquanto outra instituição melhorou sua percepção e passou a prever recuos menores. As demais ainda não divulgaram projeções.

Na média, a queda esperada pelos bancos fica entre 4,5% e 6,5% para 2020. A mediana das projeções de 34 instituições consultadas pela Bloomberg em agosto é de queda de 5,8% em 2020 e crescimento de 3,5% em 2021.

O Itaú Unibanco, maior banco privado do país, é o mais otimista: manteve a previsão de queda do PIB em 4,5% para este ano. A instituição também continua a esperar um crescimento de 3,5% na atividade econômica de 2021.

O Santander também manteve sua expectativa de recuo de 6,4% para 2020, mas apontou um menor otimismo em relação à atividade do terceiro e do quarto trimestres deste ano, melhorando as estimativas de 6% para 5,5% de julho a setembro e de 1% para 0,8% para os últimos três meses do ano.

O Banco do Brasil não revisou sua estimativa de queda de 5,6% em 2020, mas vê crescimento de 3,7% em 2021, acima dos 2,8% projetados anteriormente.

“O pior já passou. A dúvida é quanto à velocidade que o copo está se enchendo, que ele está se enchendo é consenso. A incerteza é como vai ser a resposta da economia sem o auxílio emergencial, que é algo que não estava na perspectiva dos economistas entre março e abril, quando começaram as projeções que de quedas de 9% no PIB este ano. O auxílio compensou ou mais que compensou a perda de renda com os empregos perdidos”, diz Ronaldo Távora, economista-chefe do Banco do Brasil.

A XP segue com a projeção de queda de 4,8% em 2020, com melhora de 6,8% do segundo para o terceiro trimestre, e crescimento de 3% em 2021.

Outros dois bancos que também mantiveram suas projeções foram o BofA (Bank of America) – que manteve uma queda de 5,7% – e o BTG Pactual, que espera um recuo de 5% na atividade econômica deste ano.

Segundo analistas do BTG, apesar de o Brasil entrar em recessão técnica com o resultado do PIB apresentado nesta terça, os indicadores apontam para uma recuperação no final do segundo trimestre.

“Esperamos que os fatores que impulsionaram a recuperação no final do segundo trimestre continuem entre julho e setembro e, em menor grau, nos últimos três meses deste ano. Assim, esperamos fortes resultados do PIB nesses dois períodos e ainda projetamos uma queda de 5% em 2020, embora a surpresa negativa de hoje coloque um viés negativo na nossa previsão”, disseram em relatório.

“É uma queda histórica, mas a recuperação já é visível. Os indicadores antecedentes, na margem, já sinalizam uma recuperação contínua. Esperamos que o PIB diminua 5,7% [em 2020] com uma recuperação gradual no segundo semestre, uma vez que a folga do mercado de trabalho continua a aumentar, limitando uma recuperação mais alta”, afirmaram os analistas David Becker e Ana Madeiro do BofA, também em relatório.

Para Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs, o crescimento real da atividade econômica já era fraco antes da pandemia, tendo crescido apenas 0,28% na comparação trimestral média durante os dez trimestres encerrados em 2019. O banco piorou sua projeção de 5% para 5,4% de queda do PIB em 2020.

“Isso implica que durante este período, o PIB per capita cresceu apenas cerca de 1,2% cumulativamente nos últimos dois anos e meio. Esperamos que a economia contraia 5,4% em 2020. Mas projetamos uma visível recuperação no segundo semestre e, nesta conjuntura, esperamos que o PIB real [sem os efeitos da inflação] cresça 3,9% em 2021”, afirmou em relatório.

Na outra ponta, o BNP Paribas melhorou sua projeção para o PIB deste ano, passando a prever uma queda de 5% – a previsão anterior era um recuo de 7%. “A recessão deste ano não foi tão profunda como tínhamos inicialmente assumido. A reabertura antecipada da economia, junto ao enorme pacote fiscal e monetário do governo, explicam a menor contração. Contudo, números melhores do que o esperado provavelmente terão vida curta.”

O banco vê que o fim de políticas relacionadas à Covid-19, como o auxílio emergencial deve suavizar o crescimento no final deste ano e em 2021, para o qual o BNP espera crescimento de 3%, ante expectativa anterior de 4%.

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