Cosan cancela IPO da Compass devido às condições do mercado

Caixa Seguridade e BR Partners também desistiram de abrir capital no momento

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São Paulo

A Cosan anunciou nesta segunda-feira (28) o cancelamento do pedido de registro para oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de sua controlada Compass Gás e Energia, citando "a deterioração das condições de mercado".

O grupo de energia e infraestrutura tinha solicitado aval da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para o IPO da Compass no fim de julho, numa operação que deveria ser precificada nesta segunda e que poderia movimentar quase R$ 4,4 bilhões, no que seria um dos mairoes IPOs do ano.

Flutuações dos índices de mercado no pregão da B3
Flutuações dos índices de mercado no pregão da B3; empresas cancelam IPO com instabilidade do mercado - Diego Padgurschi/Folhapress

Este é o terceiro cancelamento em menos de uma semana. Na quarta (23), o banco de investimento BR Partners cancelou seu IPO citando a “forte volatilidade dos mercados nas últimas semanas”, que poderia impedir a precificação de suas ações no valor inicialmente esperado.

Na quinta (24), a Caixa Econômica Federal suspendeu o IPO da Caixa Seguridade, que seria a maior oferta do ano, movimentando mais de R$ 10 bilhões —até o momento, a maior oferta de 2020 é da Hidrovias do Brasil, que estreia na Bolsa nesta sexta (25), com R$ 3,4 bilhões.

Com o cancelamento de ofertas e captações abaixo da expectativa, alguns investidores já veem a janela de IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) como encerrada neste ano.

Em agosto, o Ibovespa, maior índice acionário do país, interrompeu sua trajetória de recuperação e, nesta semana, opera no mesmo patamar de junho, ao redor dos 96 mil pontos. A volatilidade do mercado segue alta e não voltou ao nível anterior à crise do coronavírus.

Nas últimas semanas, a forte queda das ações de tecnologia nos Estados Unidos, o avanço do coronavírus na Europa e a falta de um acordo no Congresso americano por mais estímulos econômicos derrubou os mercados globais.

Com a incerteza elevada e sem sinais positivos para a economia nos próximos meses, estrangeiros seguem retirando recursos do país. Na Bolsa de Valores brasileira, são R$ 89 bilhões a menos neste ano, saída recorde.

Além do impacto externo, o Brasil é afetado pelo crescente déficit fiscal e pelo receio de que o governo de Jair Bolsonaro fure o teto de gastos, o que aumenta o risco e eleva os juros futuros.

Juros futuros são taxas de juros esperadas pelo mercado nos próximos meses e anos com base na evolução dos indicadores econômicos atuais. Eles são a principal referência para as taxas de empréstimos que são liberados atualmente, mas cuja quitação ocorrerá no futuro.

A alta nos juros futuros afeta os IPOs porque interfere nas projeções do mercado para o fluxo de caixa das companhias, influenciando na avaliação de quanto a empresa vale —uma das formas de calcular o valor de uma empresa é projetar o fluxo de caixa futuro e trazê-lo a valor presente com uma taxa de desconto, que combina juros e risco, entre outros. Conforme os juros futuros sobem, o valor da empresa cai.

Nas últimas semanas, três subsidiárias da Cyrela, Lavvi, Plano & Plano e Cury, estrearam na Bolsa com um valor abaixo do projetado. O mesmo ocorreu com a rede de farmácias Pague Menos.

Com baixa procura, as construtoras Riva 9 e You cancelaram suas ofertas em julho e agosto, respectivamente, citando condições do mercado.

Com a Selic na mínima histórica de 2% ao ano, o investidor comprou ações em busca de rendimento.
Atualmente, são 47 pedidos para abertura de capital na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), 18 deles de empresas no setor de construção, que analistas consideram já ter representantes o suficiente em Bolsa.

(Com Reuters)

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