O dólar teve o segundo pregão seguido de queda nesta quarta-feira (2), a R$ 5,3580 (-0,53%), menor valor desde 6 de agosto. O turismo está a R$ 5,65.
O mercado aguarda, na quinta (3), o envio ao Congresso Nacional do texto da reforma administrativa, conforme anunciado na véspera pelo presidente Jair Bolsonaro. A promessa foi entendida como sinal de maior compromisso do governo com a agenda de reformas e de equilíbrio fiscal, o que indica fortalecimento da posição do ministro da Economia, Paulo Guedes, dentro do Executivo.
Nesta quarta, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a autoridade monetária não trabalha com nível de preço para o câmbio e que poderá intervir "pesadamente" caso ache necessário. O BC segue estudando os fatores que estão provocando a volatilidade, completou ele, citando a realização de mais contratos pequenos e o uso do real como hedge.
O debate sobre níveis de câmbio na mira do BC voltou à tona depois de o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovar na semana passada transferência de R$ 325 bilhões do lucro cambial contábil da autarquia para reforçar o caixa do Tesouro Nacional.
Alguns analistas argumentaram que, com a decisão do CMN, o BC passaria a trabalhar com um teto para o dólar, acima do qual a autoridade monetária ficaria mais à vontade para vender moeda no mercado e, assim, não correr risco de se descapitalizar caso o dólar teste níveis em torno de R$ 4,90. Esse seria o patamar, segundo profissionais do mercado, no qual a operação se inverteria, com o Tesouro precisando socorrer o BC.
Para Bernardo Zerbini, um dos responsáveis pela estratégia da gestão macro da gestora AZ Quest, o sentimento com relação ao real melhorou, ajudado pelo exterior e por sinais benignos do governo sobre austeridade fiscal, mas um dólar abaixo de R$ 5,30 pode voltar a estimular posições negativas na moeda brasileira.
"A apreciação do real é limitada. (Com um dólar) abaixo de R$ 5,30 o mercado começa a repensar sobre comprar dólar de novo, por causa do carry ]trade] baixo, do juro real negativo ou zero... Isso tudo joga contra a moeda (brasileira)", afirmou Zerbini.
O carry trade é uma prática de investimento em que o ganho está na diferença do câmbio e do juros. Nela, o investidor toma dinheiro a uma taxa de juros menor em um país, para aplicá-lo em outro, com outra moeda, onde o juro é maior. Com a Selic baixa, investir no Brasil fica menos vantajoso, o que contribui com uma fuga de dólares do país, elevando assim sua cotação.
Nesta quarta, o Ibovespa teve uma sessão de realização de lucros após a forte alta da véspera, e fechou em leve queda de 0,25%, a 101.911 pontos.
Em sua estreia na Bolsa, as ações da rede de farmácias Pague Menos dispararam 21,18%, a R$ 10,30. A companhia precificou o IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) a R$ 8,50, em operação na qual levantou R$ 746,9 milhões.
Outro IPO foi o da Lavvi, incorporadora da Cyrela. Em seu primeiro pregão, as ações caíram 5,26%, a R$ 9. O IPO foi precificado a R$ 9,50 por papel, levantando R$ 1,027 bilhão.
Já Wall Street teve mais uma sessão de recordes para o S&P 500 e Nasdaq, que subiram 1,5% e 1%, respectivamente. Dow Jones teve alta de 1,6%. Investidores esperam mais estímulos econômicos por parte do governo americano.
(Com Reuters)
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