Dólar cai 0,5% e vai a R$ 5,36 à espera de reformas

Ibovespa fecha em queda de 0,25%; S&P 500 e Nasdaq batem recorde

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São Paulo

O dólar teve o segundo pregão seguido de queda nesta quarta-feira (2), a R$ 5,3580 (-0,53%), menor valor desde 6 de agosto. O turismo está a R$ 5,65.

O mercado aguarda, na quinta (3), o envio ao Congresso Nacional do texto da reforma administrativa, conforme anunciado na véspera pelo presidente Jair Bolsonaro. A promessa foi entendida como sinal de maior compromisso do governo com a agenda de reformas e de equilíbrio fiscal, o que indica fortalecimento da posição do ministro da Economia, Paulo Guedes, dentro do Executivo.

Gráfico das recentes flutuações dos índices de mercado no pregão da B3
Gráfico das recentes flutuações dos índices de mercado no pregão da B3; nesta quarta (2), Bolsa caiu 0,25% - Diego Padgurschi /Folhapress

Nesta quarta, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a autoridade monetária não trabalha com nível de preço para o câmbio e que poderá intervir "pesadamente" caso ache necessário. O BC segue estudando os fatores que estão provocando a volatilidade, completou ele, citando a realização de mais contratos pequenos e o uso do real como hedge.

O debate sobre níveis de câmbio na mira do BC voltou à tona depois de o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovar na semana passada transferência de R$ 325 bilhões do lucro cambial contábil da autarquia para reforçar o caixa do Tesouro Nacional.

Alguns analistas argumentaram que, com a decisão do CMN, o BC passaria a trabalhar com um teto para o dólar, acima do qual a autoridade monetária ficaria mais à vontade para vender moeda no mercado e, assim, não correr risco de se descapitalizar caso o dólar teste níveis em torno de R$ 4,90. Esse seria o patamar, segundo profissionais do mercado, no qual a operação se inverteria, com o Tesouro precisando socorrer o BC.

Para Bernardo Zerbini, um dos responsáveis pela estratégia da gestão macro da gestora AZ Quest, o sentimento com relação ao real melhorou, ajudado pelo exterior e por sinais benignos do governo sobre austeridade fiscal, mas um dólar abaixo de R$ 5,30 pode voltar a estimular posições negativas na moeda brasileira.

"A apreciação do real é limitada. (Com um dólar) abaixo de R$ 5,30 o mercado começa a repensar sobre comprar dólar de novo, por causa do carry ]trade] baixo, do juro real negativo ou zero... Isso tudo joga contra a moeda (brasileira)", afirmou Zerbini.

O carry trade é uma prática de investimento em que o ganho está na diferença do câmbio e do juros. Nela, o investidor toma dinheiro a uma taxa de juros menor em um país, para aplicá-lo em outro, com outra moeda, onde o juro é maior. Com a Selic baixa, investir no Brasil fica menos vantajoso, o que contribui com uma fuga de dólares do país, elevando assim sua cotação.

Nesta quarta, o Ibovespa teve uma sessão de realização de lucros após a forte alta da véspera, e fechou em leve queda de 0,25%, a 101.911 pontos.

Em sua estreia na Bolsa, as ações da rede de farmácias Pague Menos dispararam 21,18%, a R$ 10,30. A companhia precificou o IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) a R$ 8,50, em operação na qual levantou R$ 746,9 milhões.

Outro IPO foi o da Lavvi, incorporadora da Cyrela. Em seu primeiro pregão, as ações caíram 5,26%, a R$ 9. O IPO foi precificado a R$ 9,50 por papel, levantando R$ 1,027 bilhão.

Já Wall Street teve mais uma sessão de recordes para o S&P 500 e Nasdaq, que subiram 1,5% e 1%, respectivamente. Dow Jones teve alta de 1,6%. Investidores esperam mais estímulos econômicos por parte do governo americano.

(Com Reuters)

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