Descrição de chapéu Financial Times

Fundos americanos administrados por mulheres superam rivais masculinos

Apenas 14 dos 496 fundos americanos analisados eram administrados por equipes totalmente femininas

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Chris Flood
Londres | Financial Times

As equipes de gestão de fundos dos Estados Unidos só de mulheres e de gêneros mistos superaram as equipes só masculinas neste ano, de acordo com uma análise do Goldman Sachs que levanta novas perguntas sobre o progresso da indústria de investimentos ao abordar problemas de diversidade de gêneros.

Para marcar o centenário da conquista do direito de voto pelas mulheres nos Estados Unidos, o Goldman analisou 496 fundos de ações de grande capitalização dos EUA, com ativos combinados de US$ 2,3 trilhões (R$ 12,1 trilhões), para comparar o desempenho de fundos em que pelo menos um terço das funções de gestão de portfólios eram femininas com equipes dirigidas inteiramente por homens.

Os fundos conduzidos por mulheres continuam sendo uma raridade em toda a indústria de investimentos, apesar do crescente conjunto de evidências de que equipes mais diversificadas produzem melhores resultados. Apenas 14 dos 496 fundos americanos analisados eram administrados por equipes totalmente femininas. O Goldman classificou outros 49 fundos como "administrados por mulheres" em cujas equipes um terço dos gerentes de carteiras eram mulheres. Em contraste, 380 dos fundos tinham equipes totalmente masculinas.

Até o momento, neste ano, os fundos administrados por mulheres geraram em média retornos de -57 pontos-base em comparação com seus benchmarks. Todos os fundos dirigidos por homens tiveram desempenho pior, com retornos médios de -164 pontos-base.

"Mesmo depois de ajustados pelo risco, os fundos administrados por mulheres superaram seus equivalentes masculinos em meio às oscilações de mercado relacionadas ao coronavírus", disse David Kostin, estrategista-chefe de ações do Goldman Sachs nos Estados Unidos.

O fundo de ações Tax Aware do JPMorgan, de US$ 1,3 bilhão (R$ 6,8 bilhões), administrado por Susan Bao nos últimos 12 anos, foi classificado como o de melhor desempenho administrado apenas por mulheres. Ele superou seu benchmark em 27 pontos percentuais até agora neste ano.

O fundo de crescimento de ações dos EUA do Baillie Gifford, que conta com Kirsty Gibson como membro de sua equipe de gestão de portfólio, foi classificado como o melhor fundo administrado por mulheres. Ele superou seu benchmark em 55 pontos percentuais até agora neste ano.

Kostin disse que as diferenças de desempenho são parcialmente explicadas por divergências no posicionamento de fundos administrados por mulheres e outros fundos de grande capitalização nos setores de tecnologia da informação e financeiro.

"Os fundos administrados por pelo menos um terço de mulheres como gestoras de carteiras têm menor peso em tecnologia da informação, em comparação com suas contrapartes não administradas por mulheres", disse ele.

A posição de sobreponderação dos fundos liderados por mulheres em ações do setor financeiro dos EUA foi menor durante este ano do que a controlada por fundos liderados por não mulheres.

Os consultores de investimento e outros gatekeepers influentes que dão aconselhamento sobre a escolha de fundos intensificaram seus esforços para incorporar medidas de diversidade nos processos de seleção de gestores.

O provedor de dados Morningstar descobriu que as mulheres representavam apenas 14% dos 25 mil gestores de fundos que trabalhavam em 56 países no final de 2019. A representação de mulheres em cargos de gestão de carteiras não mudou desde 2000, embora as empresas de administração de fundos tenham sido cada vez mais favoráveis à maior diversidade nas empresas de capital aberto.

Um estudo da Morningstar de 2018 com gerentes norte-americanos descobriu que o gênero de um gerente de portfólio não fazia diferença para o desempenho em fundos de ações ou títulos.

"Agora estamos coletando informações para avaliar se equipes mais diversificadas se saem melhor, observando dados de gênero, étnicos e raciais em todas as funções, incluindo pesquisa e corretagem, bem como gestão de carteiras", disse Sarah Bush, chefe de pesquisa de gerentes para a América do Norte na Morningstar.

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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