Produção de veículos leves e pesados cresce 23,6% entre julho e agosto

Montadoras operam em períodos reduzidos e cortes são inevitáveis, diz Anfavea

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São Paulo

Com todas as fábricas operando em ao menos um turno, a produção de veículos cresceu 23,6% em agosto na comparação com julho. Os números do setor foram divulgados nesta sexta-feira (4) pela Anfavea, associação que representa as montadoras instaladas no Brasil.

Foram produzidos 210,9 mil carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões no último mês. Na comparação com agosto de 2019, há queda de 21,8%. Já a retração no acumulado do ano é de 44,8%.

O nível de emprego na indústria continua em queda. Cerca de 700 postos foram fechados entre julho e agosto —queda de 0,5%—, resultado de programas de demissão voluntária, cortes pontuais e não renovação de contratos temporários que estavam prestes a vencer.

Segundo Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, as montadoras têm usado todas as possibilidades de flexibilização disponíveis: abatimento do banco de horas, férias coletivas, redução de jornada e suspensão temporária de contrato de trabalho.

O executivo afirma que as empresas fazem o possível para preservar os empregos–trata-se de mão de obra altamente qualificada. “Mas considerando o que estamos observando no volume e impactados pela queda nas exportações, a redução nos quadros será inevitável”.

Moraes diz que a ociosidade das fábricas é um problema que atinge vários países e se agrava no Brasil devido aos custos envolvidos e à falta de competitividade global da indústria automotiva nacional.

Embora haja retomada na demanda, a produção no país segue limitada pelas regras de distanciamento nas linhas de montagem. Além disso, a indústria havia se preparado para atender a uma produção anual próxima de 5 milhões de unidades, com base em resultados obtidos entre 2003 e 2013.

Nos primeiros oito meses de 2020, 1,1 milhão de veículos leves e pesados foram fabricados no Brasil.

As vendas cresceram 5,1% entre julho e agosto, mas acumulam queda de 35% em 2020 na comparação com o mesmo período de 2019. Em setembro, a Anfavea vai revisar a previsão de emplacamentos. Por enquanto, a entidade mantém uma expectativa de 40% de retração ao longo de 2020.

Moraes diz que o último mês foi o melhor desde o início da pandemia, “embora tenha sido o pior agosto desde 2006”. A média diária de vendas ficou em 8,7 mil unidades.

Sem a pandemia, a resultado atual de vendas deveria ter sido atingido em maio, diz o presidente da entidade.

O estoque disponível nas fábricas e nas concessionárias é suficiente para atender a 23 dias de comercialização, mesmo nível registrado em julho. O índice chegou a quatro meses no começo da pandemia, problema agravado pela chegada de peças importadas encomendadas antes da quarentena.

Moraes explica que não havia como evitar o recebimento desses componentes, que desembarcaram nos portos enquanto as fábricas estavam fechadas. Isso prejudicou ainda mais a liquidez da indústria automotiva, comprometendo o capital de giro.

As exportações acumulam queda de 41,3% no ano, com 176,7 unidades enviadas ao exterior entre janeiro e agosto. As perdas vêm se acumulando, e o cenário econômico argentino é o que mais impacta a indústria automotiva brasileira.

Em 2016, 509,9 mil unidades foram exportadas para diversos países nos oito primeiros meses do ano.

O setor de veículos pesados segue menos impactado pela pandemia. O agronegócio é o responsável pelos resultados, principalmente por estimular a venda de caminhões extrapesados, de maior valor agregado.

Marco Saltini, vice-presidente da Anfavea, diz que a queda de 15,3% nos emplacamentos de caminhões entre julho e agosto já era esperada, pois houve um represamento nos primeiros meses das quarentenas nos estados. A retração é de 14,9% nos oito primeiros meses deste ano em relação a igual período de 2019.

Os melhores resultados têm sido atingidos na área de maquinário agrícola e rodoviário, que cresce apesar das restrições. No acumulado de 2020, as vendas internas no atacado registraram alta de 1,8%.

No balanço dos resultados, Moraes diz que a indústria é resiliente. “O setor automotivo não olha mais para o tombo, agora olha para frente”.

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