Sony vai fechar fábrica em Manaus em 2021 e deixará de vender eletrônicos no Brasil

Demais operações do grupo continuam, como games, soluções profissionais, música e cinema

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São Paulo

A Sony Brasil anunciou na terça-feira (15) que irá fechar em março de 2021 a fábrica de Manaus (AM), e que não vai mais vender TVs, câmeras digitais e produtos de áudio no Brasil em meados de 2021.

Segundo nota divulgada pela empresa, as demais operações do grupo, que envolvem games, soluções profissionais, música e cinema, continuam. A Sony Brasil também vai continuar com o suporte ao consumidor e irá manter a garantia dos produtos comercializados.

A empresa, que está há 48 anos no Brasil, afirma que a decisão se deve ao "recente ambiente do mercado" e visa fortalecer a estrutura e a sustentabilidade de seus negócios para ter uma resposta mais rápida às mudanças no ambiente externo.

A planta, localizada na Zona Franca de Manaus, produzia aparelhos de som, som automotivo, reprodutores DVD e BluRay, TVs, câmeras digitais, filmadoras, sistemas de home theater, o console de Playstation 3 e projetores de vídeo.

Logo da Sony durante a CES de 2020 em Las Vegas, Estados Unidos - Steve Marcus - 8.jan.2020/Reuters

“Nós decidimos fechar a fábrica em Manaus ao final de março de 2021 e interromper, em meados de 2021, as vendas de produtos de consumo pela Sony Brasil, tais como TV, áudio e câmeras, considerando o ambiente recente de mercado e a tendência esperada para os negócios”, diz a nota. ​

O anúncio do fechamento da fábrica em Manaus acontece um dia antes do lançamento do novo modelo do PlayStation, um dos produtos mais vendidos da marca.

A empresa resolveu manter a venda dos consoles no Brasil. Segundo uma pesquisa realizada pela Gfk, dado as mudanças de comportamento causadas pela pandemia, a venda de consoles aumentou 57% entre os dias 20 de abril e 17 de agosto em relação ao mesmo período do ano passado. A empresa, segundo a Euromonitor, é a líder na venda de consoles, e a permanência das vendas é vista como uma questão estratégica.

Os últimos anos, o grupo japonês veio perdendo terreno para as coreanas Samsung e LG por não conseguir adaptar seus produtos às tendências de mercado, principalmente voltados para conectividade, como aparelhos de som portátil com conexão via bluetooth e smart TVs.

Na avaliação de Fernando Baialuna, diretor da Gfk, o Brasil possui um mercado consumidor robusto e que valoriza produtos "premium", jargão do mercado para itens mais sofisticados de maior valor agregado. A preferência, segundo o analista, ocorre em todas as classes sociais. A tendência, diz, é que a popularidade das coreanas continue crescendo entre brasileiros e que o desenvolvimento de produtos siga na direção de maior conectividade.

Segundo Ricardo Sfeir, analista da Euromonitor, a empresa crescia em áreas que não mostravam grande volume de vendas nos últimos anos, como home audio e home video. "A Sony já não estava performando muito bem. Mesmo desenvolvendo esses tipos de produtos, o crescimento absoluto não era significativo" diz.

Outro fator que contribuiu com a desacelaração da empresa neste ano foi a pandemia e a suspensão de eventos esportivos, que ajudam a alavancar as vendas de televisores.

"O fechamento da unidade de Manaus acaba criando um buraco. Mas isso não quer dizer que vamos deixar de ver produto no mercado", diz Sfeir.

Já na parte de câmeras fotográficas, um dos destaques da empresa, quem acabada perdendo é o consumidor, avalia o analista. A expectativa é fortalecimento de marcas como Nikon e crescimento da Canon, que segue na liderança do mercado.

O varejo deve voltar ao patamar de 2019 apenas em 2022, com um crescimento em U, segundo as projeções da Euromonitor.

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