Trainee para negros do Magazine Luiza deve ser gatilho para outras empresas, diz Alfredo Setubal

Presidente da Itaúsa afirma que, em face da desigualdade social, Brasil está longe de ser democrático

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São Paulo

O presidente da Itaúsa, Alfredo Setubal, afirmou que o Brasil ainda está longe de ser democrático, uma vez que ainda existe muita desigualdade no país.

Nesse sentido, o empresário elogiou o programa de trainee para negros do Magazine Luiza e afirmou que a ação é positiva e deve servir de motivação para que outras empresas façam o mesmo.

“O Brasil tem eleições, mas está longe de ser democrático. Ser um país democrático é ser um país onde todas as pessoas têm a mesma oportunidade e não é isso o que acontece”, afirmou Setubal em entrevista para jornalistas nesta quarta-feira (23).

Alfredo Setubal, em festa beneficente no Masp
Alfredo Setubal, presidente da Itaúsa, em festa beneficente no Masp - Mathilde Missioneiro/Folhapress

Segundo o presidente da Itaúsa, holding de investimentos que tem em seu portfólio o Itaú Unibanco e empresas como Alpargatas, Duratex e NTS, apesar das melhoras no sistema educacional do país nos últimos 30 anos, o nível de desigualdade social ainda é muito alto quando comparado ao resto do mundo. Para ele, essa mudança também faz parte do papel das empresas.

“A educação entra muito fortemente na matriz de desenvolvimento econômico do Brasil e, infelizmente, apesar de todas as melhorias que tivemos, ainda continuamos muito mal, em termos relativos, quando comparamos essa evolução com outros países”, afirmou.

“A gente tem que ajudar. As empresas precisam aceitar que há um desequilíbrio na parte educacional das pessoas negras e índias e que faz parte do papel das companhias ajudar na qualificação dessas pessoas, para que elas possam ter capacidade e oportunidades iguais de meritocracia e que possam concorrer à ascensão para cargos de liderança”, completou Setubal.

Para o executivo, o novo programa do Magazine Luiza é positivo e deve servir de gatilho e motivação para que outras empresas façam o mesmo.

“O programa da Magazine Luiza alerta e chama a atenção das empresas para a desigualdade e para a importância da diversidade e das oportunidades iguais para todo mundo. Não vamos esperar resultados de curto prazo, é um processo demorado. Mas estou otimista”, disse.

O comentário se refere ao anúncio feito pelo Magazine Luiza na sexta (18) do lançamento de um programa de trainee para negros, que gerou polêmica nas redes sociais.

Críticos afirmaram que a iniciativa seria ilegal e racista. Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, disse que já esperava essa reação, mas afirma que o programa tem respaldo legal.

“Acreditamos que as pessoas vão entrar juridicamente, mas a gente vai lutar e não vamos desistir tão fácil. Não vamos desistir”, afirmou à Folha.

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