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Bolsa estreia novo tipo de investimento; entenda o BDR

Por meio do ativo é possível investir em empresas listadas no exterior

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São Paulo

As BDRs (recibos depositários de ações, na sigla em inglês) estão disponíveis a qualquer investidor brasileiro a partir desta quinta-feira (22). Por meio deste recibo, é possível investir em ações listadas em outros países, como Apple e Facebook.

Com as BDRs, o investidor irá comprar um recibo emitido por um banco lastreado em uma ação da Apple, por exemplo, da mesma forma que investe em um fundo lastreado em ouro, pela Bolsa de Valores brasileira. Neste caso, a ação da gigante americana não vai para o nome do comprador.

Tela na Bolsa de Valores de São Paulo
Tela na Bolsa de Valores de São Paulo; investidores passam a ter acesso irrestrito a BDRs nesta quinta (22) - Aloisio Mauricio /Fotoarena/Folhapress

Este tipo de investimento estava restrito a investidores qualificados, que têm mais de R$ 1 milhão investido ou formação profissional, até agosto, quando a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) liberou os papéis para qualquer investidor com o aumento da demanda de brasileiros por ações estrangeiras.

Agora, a CVM aprovou os últimos detalhes e a B3 terminou de operacionalizar a oferta dos papéis, que podem ser adquiridos por qualquer investidor com conta em corretora.

A flexibilização da regra também abre a possibilidade para que companhias com a maior parte do seu negócio no Brasil e que abriram capital fora do país possam negociar seus papéis aqui, como a XP Investimentos, listada na Nasdaq.

O próximo passo da B3 para o tema é iniciar as discussões e regulamento para a admissão à negociação de BDRs de dívidas offshore, tanto de emissores estrangeiros quanto de emissores nacionais, já que a nova regra também permite o desenvolvimento desses mercados.

“A expectativa da B3 com este importante avanço é fomentar o mercado nacional, aumentando a diversidade de produtos disponíveis ao investidor local, incluindo o varejo, que demanda uma crescente diversificação de portfólio e exposição a ativos estrangeiros, e também incrementar as oportunidades de captação de recursos pelos emissores”, diz Mario Palhares, diretor de Produtos Listados da B3.

São 670 BDRs disponíveis. A lista de todas as empresas pode ser conferida no site da B3.

Antes dessa mudança, o pequeno investidor tinha que abrir uma conta em corretora americana e enviar dólares para os EUA para comprar as ações listadas por lá. Nesta operação, além do imposto sobre o lucro, há incidência de IOF (imposto sobre operações financeiras).

O BDR, por sua vez, é comprado em reais e não é tributado pelo IOF e evita os custos relacionados à remessa de recursos para o exterior, como câmbio e manutenção de contas.

O BDR da Apple, por exemplo, é negociado sob o ticker AAPL34 (34 se refere a BDRs, como 3 remete a ação ordinária), a R$ 65,86, e representa um décimo de ação da empresa —nos EUA, cada papel está cotado a US$ 116,87 (R$ 656,34).

Segundo especialistas, a abertura para pessoas físicas irá aumentar a liquidez do mercado de BDRs, reduzindo a diferença entre o preço de compra e de venda dos ativos. BDRs movimentam R$ 96 milhões por dia e têm 12,5 mil investidores qualificados, segundo dados da B3 de agosto. Já ações movimentam quase R$ 30 bilhões diários e tem, só de pessoas físicas, mais de 3 milhões de investidores.

Segundo especialistas, as BDRs têm risco duplo. Além da variação da ação americana, o valor do BDR em reais varia conforme a cotação do dólar. Se a moeda americana perde valor ante a brasileira, o BDR se desvaloriza.

As BDRs estão sujeitas à mesma tributação de ações, de 15% do lucro —ou 20% no caso do day trade (compra e venda no mesmo dia). No caso do pagamento de dividendos acima de R$ 1.903,98 no mês, há incidência de 7,5% a 27,5%, conforme o valor recebido.

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