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Preocupações de executivos na retomada vão de lei para entregadores a turismo predatório

Empresários estão no geral otimistas com a recuperação da economia

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São Paulo

O ritmo de abertura da economia na cidade de São Paulo, projetos de lei que mudam as regras para entregadores de aplicativos, o turismo desorganizado dos feriadões e falta de mão de obra qualificada para o setor de tecnologia fazem parte do amplo leque de preocupações dos executivos de grandes empresas neste momento de retomada.

Um grupo de cerca de 30 representantes do setor privado, entre presidentes e diretores de companhias, realizou encontro presencial com o prefeito Bruno Covas (PSDB), nesta quarta-feira (14) em São Paulo.

O evento foi promovido pela empresa de coworking IWG, dona das marcas Regus & Spaces. Os participantes tiveram a temperatura medida pelo punho na entrada e tiraram suas máscaras para comer durante o encontro.

Candidato à reeleição, o prefeito Bruno Covas (PSDB) participou de evento presencial com empresários nesta quarta-feira (14). Manequins de máscaras foram colocados para manter distanciamento, que não foi respeitado pelos participantes - Danilo Verpa/Folhapress

Manequins de máscara buscavam manter o distanciamento nas mesas, mas, em muitos casos, a separação de uma cadeira não foi respeitada, com os executivos sentando ombro a ombro e conversando sem proteção. Em tratamento contra um câncer, Covas testou positivo para o coronavírus em junho.

Candidato à reeleição, o tucano tem participado de encontros com empresários, em estratégia similar à usada pelo governador João Doria (PSDB) em suas campanhas. Outros candidatos à Prefeitura paulistana também têm participado de eventos com o setor privado.

“Com São Paulo entrando na fase verde, procuramos a prefeitura para falar da retomada e de preocupações como projetos de lei na Câmara de Vereadores que obrigam entregadores a ter placa vermelha e uma licença especial. Isso cria mais uma burocracia, gera ineficiência e não ajuda em nada”, afirma João Sabino, diretor de políticas públicas do Ifood.

Segundo o executivo, São Paulo tem 250 mil entregadores e apenas 8 mil têm placa vermelha (usadas em veículos que fazem transporte remunerado, tanto de carga, quanto de passageiros). “Se aprovada essa lei na Câmara, 96% dos entregadores estarão sem sua fonte de renda, no período de maior crise econômica do país.”

Conforme Sabino, o Ifood chegou a 44,6 milhões de pedidos mensais em agosto, acima dos 39 milhões registrados em junho, com forte crescimento de restaurantes de regiões periféricas e pequenos e médios estabelecimentos. Apesar disso, a empresa ainda não dá lucro.

Executivos sentados ombro a ombro e conversando sem máscaras, durante evento com a presença do prefeito Bruno Covas (PSDB) - Danilo Verpa/Folhapress

Dimitrius Oliveira, presidente da empresa de call centers Atento, diz que as maiores preocupações do setor atualmente são de âmbito federal: a questão da desoneração de folha e a reforma tributária. Da prefeitura, o executivo acompanha os planos de reabertura e enfrentamento da pandemia, que afetam os negócios da empresa, intensiva em mão de obra.

Com a crise da Covid-19, a Atento colocou 37 mil de seus funcionários (50% da companhia) em home office. A expectativa agora é que entre 20% e 30% deles permaneça trabalhando à distância, mesmo com a reabertura. Dos 24 mil empregados da capital paulista, igual proporção deve seguir trabalhando de casa.

Aldo Leone Filho, presidente da operadora de turismo Agaxtur, levou ao prefeito sua preocupação com o turismo desorganizado que tem sido marca dos feriadões.

“Quando todo o mundo vai para a praia fazer zoeira no fim de semana, está colocando o turismo em xeque, e isso não tem nada a ver com o meu setor, que são os grandes eventos organizados, os hotéis vazios e os aviões no chão”, diz.

Parte do Movimento Supera Turismo, que visa retomar os negócios do setor, Leone Filho se colocou à disposição da prefeitura para que seja criado um comitê de turismo na cidade, com o objetivo de conscientizar os paulistanos sobre viagem responsável.

O empresário conta que a Agaxtur ficou praticamente sem faturar de abril a julho e precisou demitir cerca de 35% do seu quadro de funcionários. Em agosto, a empresa registrou cerca de 35% do faturamento do mesmo mês de 2019 e a expectativa é chegar a 60% em dezembro.

Também presente ao evento, o presidente da IBM Brasil, Tony Martins, expressou sua preocupação com a falta de mão de obra especializada para o setor de tecnologia, um dos que mais cresceram na crise. “Um dos grandes desafios é a qualificação de profissionais. Por um lado, temos um índice de desemprego muito grande; por outro, temos no nosso setor um déficit de competências e conhecimentos significativo.”

Também estiveram presentes ao evento executivos da Impacta, Unisys Brasil, Simpress, Experience Club, Ducati, Tawill Comunicação, Vtex, V3A e Level Group. Participaram do encontro de maneira online os presidentes do LinkedIn, Mercer, Global GRI e iiGual inclusão & diversidade.

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