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Startups descobrem B3 e podem movimentar R$ 3,5 bi neste ano

Quatro novas companhias ampliam presença do setor de tecnologia na bolsa brasileira

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São Paulo

Pode-se dizer que 2020 é o ano em que as startups locais descobriram o potencial de investimento via marcado de ações brasileiro. Pela primeira vez, elas estão encorpando número de empresas do setor de tecnologia na B3.

Quatro já entraram na fila para abrir o capital. No conjunto, elas têm potencial para movimentar mais de R$ 3,5 bilhões, caso alcancem o limite máximo da faixa indicativa de preço estabelecida até agora.

O maior interesse das companhias em captar recursos na Bolsa de Valores se intensificou conforme a taxa básica de juros do país chegava à atual mínima histórica, de 2% ao ano. Até o momento, 41 empresas estão com o processo de abertura de capital em análise pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Funcionários trabalham na Bolsa de Valores de Nova York; setor de tecnologia tem amadurecido no mercado acionário brasileiro, afirmam especialistas
Funcionários trabalham na Bolsa de Valores de Nova York; setor de tecnologia tem amadurecido no mercado acionário brasileiro, afirmam especialistas - Michael Nagle - 19.mar.2020/Xinhua

O movimento também foi responsável em fazer com que investidores de varejo migrassem seus investimentos para renda variável, em busca de maiores rentabilidades.

Segundo o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz, além do cenário de juros baixos, o setor de tecnologia na Bolsa brasileira também tem amadurecido nos últimos meses, o que pode trazer um ambiente mais vantajoso para essas companhias na abertura de capital.

“O Brasil tem poucas empresas desse setor listadas na Bolsa. Isso, no final, acaba sendo uma vantagem porque, além de existir um maior interesse do investidor por esse segmento, a companhia que entra na Bolsa não começa em um mercado já lotado e tem mais chances de uma precificação maior e mais liquidez [velocidade em que um ativo pode ser transformado em dinheiro]”, afirma.

Entre as companhias que já tiveram uma faixa indicativa de preço estabelecida estão o site de intermediação de vendas Enjoei.com –com preço entre R$ 10,25 e R$ 13,75–, a empresa de cashback Méliuz (de R$ 10 a R$ 12,50) e o ecommerce de vinhos Wine, com faixa entre R$ 8,50 e R$ 10,50.

A expectativa é que todas essas companhias estreiem na Bolsa entre a última semana de outubro e a primeira semana de novembro.

Além disso, a plataforma de aluguel de imóveis Housi e a Mosaico (empresa de investimentos e dona do Buscapé) também aguardam o aval da CVM e podem integrar o setor de tecnologia na B3.

Para o analista da Suno Rodrigo Wainberg, o movimento indica uma evolução no mercado de capitais brasileiro, mas também exige atenção por parte do investidor.

“Esse maior volume de IPOs no setor traz mais opções para investidores, mas são empresas de alto crescimento que, por outro lado, também oferecem mais riscos. É importante que o investidor tenha isso em mente para que não se frustre tentando aproveitar uma onda de otimismo em um modelo de negócio que não se sustenta”, disse.

Outro ponto levantado pelos especialistas está relacionado ao ambiente macroeconômico do país. Segundo o analista da Guide Investimentos Henrique Esteter, incertezas quanto ao cenário fiscal brasileiro e dúvidas quanto a duração do coronavírus e a chegada da vacina ainda tendem a impactar o mercado de capitais.

Nas últimas semanas, quatro companhias suspenderam o processo de abertura de capital— entre eles o da Caixa Seguridade, que estava prevista para ser a maioou r oferta do ano, movimentando R$ 10 bilhões.

Além do braço de seguros da Caixa, BR Partners, Compass e You Inc. também suspenderam seus IPOs. Todas as companhias afirmaram que parte do motivo eram as piores condições de mercado.

“A curva da taxa de juros mostra que o mercado ainda está com muito receio do cenário fiscal e, dependendo dos programas sociais cotados pelo governo, essa preocupação deve continuar no radar do investidor também no ano que vem. No final, isso também acaba impactando o ambiente para abertura de capital”, afirmou Esteter.

Ele diz, no entanto, que a partir do momento em que o Brasil tenha um cenário um pouco mais claro, com menos incertezas e com taxas de juros ainda reduzidas, a tendência é que um volume ainda maior de companhias busque captar recursos na Bolsa.

“Já houve uma sinalização de que não é porque há uma grande liquidez no mercado que o investidor vai entrar em qualquer oferta, mas a tendência é positiva. As empresas ainda estão buscando recursos. Algumas podem ter que suspender o IPO, outras vão conseguir abrir capital, são movimentos normais de mercado”, afirmou.

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