Ações têm forte alta com transição para Biden e Bolsa dos EUA bate recorde

Ibovespa sobe mais de 2% e encosta nos 110 mil pontos; dólar cai para R$ 5,38

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São Paulo

O mercado financeiro global teve um pregão de grande otimismo nesta terça-feira (24), levando ações a fortes altas e o índice americano Dow Jones a um patamar recorde.

Investidores repercutem a autorização do governo de Donald Trump para a transição ao democrata Joe BIden, eleito presidente dos Estados Unidos em 7 de novembro. Sem reconhecer oficialmente a derrota, ele escreveu no Twitter que permitiu a Administração de Serviços Gerais (GSA, na sigla em inglês) a iniciar os protocolos na noite de segunda (23).

Placa sinaliza Wall Street na cidade de Nova York
Placa sinaliza Wall Street, na cidade de Nova York; ações americanas tiveram forte alta nesta terça (24) - Carlo Allegri/REUTERS

Para seu governo, Biden escolheu a economista Janet Yellen, ex-chefe do Fed (banco central dos EUA) como a próxima secretária do Tesouro do país.

A informação foi divulgada na tarde da segunda (23) pela imprensa americana, mas ainda não foi anunciada oficialmente pela campanha do democrata. Caso a indicação seja confirmada, Yellen, 74, será a primeira mulher a ocupar o cargo.

A escolha também tem gerado ventos favoráveis ao mercado. O entendimento é que a dupla Yellen e Jerome Powell, atual presidente do Fed, poderia promover uma coordenação sem precedentes entre as políticas monetária e fiscal a fim de garantir a recuperação econômica dos EUA da crise da Covid-19.

Em discurso nesta terça, Biden, disse que os EUA estarão "prontos para liderar" novamente no cenário global, virando a página nas políticas unilateralistas de Trump. Ele indicou que pretende afastar o país do nacionalismo e das políticas da "América em Primeiro Lugar" introduzidas por Trump.

O republicano foi um antagonista da aliança da Otan e nas relações comerciais, abandonando acordos internacionais e estabelecendo relações próximas com líderes autoritários.

"Trump finalmente caiu na realidadee liberou a transição e, em seu discurso, Biden foi bem conservador. Isso, somado aos bons resultados das vacinas, anima muito os mercados", diz Leonardo Peggau, superintendente de renda variável na BlueTrade.

Além de um desfecho relativamente pacífico para as eleições presidenciais, o mercado também reage à vacina da AstraZeneca em parceira com a Universidade de Oxford, que foi 70% efetiva em testes e pode ter eficácia de até 90%, dando à luta contra a pandemia mais uma potencial solução, após resultados positivos da Pfizer-BioNTech e Moderna.

"A disponibilidade da vacina se trata de 'quando', não de 'se'. Com vacinas principais já mostrando eficácia, temos maior confiança no crescimento global em 2021, especialmente no segundo trimestre e além", disse o Goldman Sachs em nota.

Em reflexo a um início do novo governo americano na data prevista e a um possível fim da pandemia, os índices de Wall Street subiram nesta terça. O Dow Jones teve alta de 1,54% , alcançando pela primeira vez o patamar de 30 mil pontos. Nasdaq e S&P 500 se valorizaram 1,31% e 1,62%, respectivamente.

No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo acompanhou o movimento e o Ibovespa, principal índice acionário do país, subiu 2,24%, a 109.786 pontos, maior valor desde 21 de fevereiro.

O dólar fechou em queda de 1,08%, a R$ 5,3770. O turismo está a R$ 5,543.

Os preços do petróleo também refletiram o ambiente mais favorável e atingiram os maiores níveis desde março. O barril de Brent (referência internacional) fechou em alta de 3,9%, a US$ 47,86, o mais alto nível de fechamento desde 6 de março.

"O complexo petróleo está operando com base na vacina", disse John Kilduff, sócio da Again Capital em Nova York. "Até que possamos ver o outro lado da pandemia, o mercado seguirá atolado na demanda fraca."

Nesta terça, os desenvolvedores da vacina russa Sputnik V anunciaram que um segundo estudo preliminar com voluntários da fase 3 dos testes do imunizante contra a Covid-19 mostrou uma eficácia de 91,4%. A expectativa dos russos é que ela atinja 95% e custe, ao fim, metade do preço de suas competidoras ocidentais, talvez ainda menos.

As ações da Petrobras acompanharam o ganho no preço da matéria-prima. As preferenciais (sem dierito a voto) avançaram 4,46%, a R$ 26,22, e as ordinárias (com dierito a voto), 5,34%, a R$ 26,84, ampliando a alta dos papéis no mês para 38% e 41%.

O Bank of America elevou a recomendação das ações da estatal para compra, com preço-alvo de R$ 38. A petrolífera também prometeu para o próximo dia 30 divulgar seu Plano Estratégico de 2021-25.

Já a Multiplan subiu 7,16%, com empresas de shopping centers mostrando forte recuperação na sessão em meio ao otimismo com uma vacina contra o coronavírus, uma vez que o setor está entre os mais prejudicados pela pandemia. O Credit Suisse elevou preços-alvo do setor e disse enxergar uma retomada mais rápida do que se esperava. BRMalls valorizou-se 7,07% e Iguatemi avançou 5,99%.

A Usiminas fechou em alta de 6,12%, seguida por CSN, que subiu 6%, e GERDAU, que avançou 2,59%. O Goldman Sachs atualizou projeções para as siderúrgicas, estimando volumes e preços maiores nos próximos trimestres. "Apesar da performance recente sólida das ações, nós ainda enxergamos 'upside' e um 'valuation' atrativo para siderúrgicas da América Latina", afirmaram os analistas do banco em relatório.

Bradesco e Itaú subiram 4,49% e 2,8%, respectivamente, dando continuidade à recuperação no mês, em movimento que analistas têm atrelado a uma rotação nos portfólios, para ações tidas como cíclicas e de valor, em detrimento de papéis de crescimento e tecnologia. Banco do Brasil avançou 2,67% e Santander valorizou-se 3,55%.

O Carrefour Brasil caiu 0,52%, após sessão volátil. O grupo anunciou mais cedo fundo contra o racismo, entre outras medidas, depois do assassinato de um cliente em uma loja na semana passada. Na véspera, a companhia caiu mais de 5% e perdeu R$ 2 bilhões em valor de mercado.

(Com Reuters)

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