A Bolsa de Valores brasileira encerrou sua segunda semana consecutiva de valorização nesta sexta-feira (13), acumulando alta de 3,76%, a 104.723 pontos. No pregão desta sexta, subiu 2,16%, acompanhando os índices de Wall Street. Por lá, o S&P 500 bateu seu recorde histórico.
O período foi marcado por um maior otimismo do mercado com a vitória do democrata Joe Biden nas eleições americanas e da notícia de eficácia de mais de 90% da vacina contra a Covid-19 da Pfizer. Com menor aversão a risco, investidores voltaram a países emergentes.
Na Bolsa brasileira, novembro tem uma entrada líquida de R$ 15 bilhões de investimento estrangeiro segundo dados da Bolsa até esta quarta (11). Até agora, este é o melhor mês em toda a série histórica da B3, que vai até 2007. No ano, porém, ainda há saída recorde de cerca de R$ 70 bilhões.
Só na segunda (9), quando os mercados reagiam a vitória de Biden para a presidência dos Estados Unidos e o anúncio da Pfizer, houve entrada líquida de estrangeiros de R$ 4,5 bilhões.
Segundo especialistas, é cedo para dizer se os estrangeiros voltaram para ficar e se a tendência é ampliarem os investimentos por aqui. Com o real deprecido e ações longe do preço máximo, o Brasil se mostra como uma boa oportunidade de investimento, mas ainda existem muitos riscos aos olhos do estrageiro.
"Alguns fundos internacionais com desempenho negativo no trimestre precisam de retorno agora porque dezembro eles param e o Brasil está barato e tem acompanhdo o desempenho positivo das Bolsas no exterior", diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
"A Bolsa em dólar está barata e, se o Brasil vai bem e o real aprecia, tambem vale a compra, mas vejo que se trata de um posicionamento e não de um retorno dos estrangeiros às compras", afirma Roberto Dumas Damas, professor do Insper.
Nos EUA, fundos de ações tiveram uma forte entrada de investidores, que alocaram US$ 32 bilhões até quarta desta semana, uma das maiores entradas nos últimos vinte anos.
Já o dólar acumulou alta de 1,6% na semana, a R$ 5,4740, devolvendo parte do tombo de 6% da semana anterior, quando ocorreram as eleições americanas. Nesta sexta, teve leve queda de 0,18%. O turismo está a R$ 5,627.
O pregão desta sexta refletiu a alta volatilidade na semana. Ao longo do pregão, a divisa oscilou entre R$ 5,527 e R$ 5,4470.
A moeda brasileira viu elevação de volatilidade implícita na semana, saindo de 16,6% para 18,2%. Dentre as principais divisas emergentes, apenas a combalida lira turca exibiu maior instabilidade.
O real caiu cerca de 1,6% ante o peso mexicano apenas nesta sessão e, na semana, recuou 2,75%. A comparação da moeda brasileira com a mexicana é vista como um bom termômetro da avaliação de investidores internacionais sobre o câmbio doméstico. O real segue próximo de mínimas em mais de 16 anos contra o peso.
Um dos pontos cruciais contra o câmbio é de ordem fiscal, com o mercado ainda receoso sobre o futuro do teto de gastos e frustrado com a lentidão da agenda de reformas econômicas. Citando justamente problemas relacionados às contas públicas, o Itaú Unibanco elevou nesta sexta de R$ 4,50 para R$ 5 o prognóstico para a taxa de câmbio nominal ao fim de 2021.
Estudo da FGV (Fundação Getulio Vargas) mostrou que o desalinhamento negativo da taxa de câmbio no Brasil voltou a aumentar no fim do terceiro trimestre e a ficar entre os maiores já vistos nos últimos anos.
"A persistência do desalinhamento frente a uma melhora consistente dos fundamentos ao longo de 2020 nos leva a reiterar que a desvalorização do real tem sido ocasionada principalmente por fatores de risco relacionados tanto à pandemia quanto à situação fiscal", disse Emerson Marçal, coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da FGV e um dos autores do estudo, de divulgação trimestral.
Além do tema fiscal, a pressão sobre o câmbio tem se mantido diante da demanda por dólares decorrente de ajustes no "overhedge" —proteção cambial adicional adotada por bancos e cuja eficiência foi colocada em xeque diante de mudanças, anunciadas neste ano, em regras tributárias. Essa correção pode implicar compra de no mínimo US$ 15 bilhões até o fim do ano, segundo cálculos de algumas instituições financeiras.
Nesta sexta, o S&P 500 subiu 1,36% e foi a 3.585 pontos, recorde histórico. Dow Jones teve alta de 1,37% e Nasdaq, de 1%, apesar do aumento de casos nos EUA e Europa e potenciais novas restrições.
No Ibovespa, as maiores altas da sessão foram Yduqs e IRB, que subiram 9,76% e 7,7% respectivamente. Segundo analistas, não há novidades relativas às empresas que justifiquem o movimento.
(Com Reuters)
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