Com entrada de estrangeiros, Bolsa sobe 3,8% na semana

No período, dólar acumulou alta de 1,6%; em NY, S&P 500 bate recorde

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São Paulo

A Bolsa de Valores brasileira encerrou sua segunda semana consecutiva de valorização nesta sexta-feira (13), acumulando alta de 3,76%, a 104.723 pontos. No pregão desta sexta, subiu 2,16%, acompanhando os índices de Wall Street. Por lá, o S&P 500 bateu seu recorde histórico.

O período foi marcado por um maior otimismo do mercado com a vitória do democrata Joe Biden nas eleições americanas e da notícia de eficácia de mais de 90% da vacina contra a Covid-19 da Pfizer. Com menor aversão a risco, investidores voltaram a países emergentes.

Na Bolsa brasileira, novembro tem uma entrada líquida de R$ 15 bilhões de investimento estrangeiro segundo dados da Bolsa até esta quarta (11). Até agora, este é o melhor mês em toda a série histórica da B3, que vai até 2007. No ano, porém, ainda há saída recorde de cerca de R$ 70 bilhões.

Só na segunda (9), quando os mercados reagiam a vitória de Biden para a presidência dos Estados Unidos e o anúncio da Pfizer, houve entrada líquida de estrangeiros de R$ 4,5 bilhões.

Segundo especialistas, é cedo para dizer se os estrangeiros voltaram para ficar e se a tendência é ampliarem os investimentos por aqui. Com o real deprecido e ações longe do preço máximo, o Brasil se mostra como uma boa oportunidade de investimento, mas ainda existem muitos riscos aos olhos do estrageiro.

Painel na B3, em São Paulo
Painel na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo; Ibovespa subiu 2% nesta sexta (13) - Diego Padgurschi/Folhapress

"Alguns fundos internacionais com desempenho negativo no trimestre precisam de retorno agora porque dezembro eles param e o Brasil está barato e tem acompanhdo o desempenho positivo das Bolsas no exterior", diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.

"A Bolsa em dólar está barata e, se o Brasil vai bem e o real aprecia, tambem vale a compra, mas vejo que se trata de um posicionamento e não de um retorno dos estrangeiros às compras", afirma Roberto Dumas Damas, professor do Insper.

Nos EUA, fundos de ações tiveram uma forte entrada de investidores, que alocaram US$ 32 bilhões até quarta desta semana, uma das maiores entradas nos últimos vinte anos.

Já o dólar acumulou alta de 1,6% na semana, a R$ 5,4740, devolvendo parte do tombo de 6% da semana anterior, quando ocorreram as eleições americanas. Nesta sexta, teve leve queda de 0,18%. O turismo está a R$ 5,627.

O pregão desta sexta refletiu a alta volatilidade na semana. Ao longo do pregão, a divisa oscilou entre R$ 5,527 e R$ 5,4470.

A moeda brasileira viu elevação de volatilidade implícita na semana, saindo de 16,6% para 18,2%. Dentre as principais divisas emergentes, apenas a combalida lira turca exibiu maior instabilidade.

O real caiu cerca de 1,6% ante o peso mexicano apenas nesta sessão e, na semana, recuou 2,75%. A comparação da moeda brasileira com a mexicana é vista como um bom termômetro da avaliação de investidores internacionais sobre o câmbio doméstico. O real segue próximo de mínimas em mais de 16 anos contra o peso.

Um dos pontos cruciais contra o câmbio é de ordem fiscal, com o mercado ainda receoso sobre o futuro do teto de gastos e frustrado com a lentidão da agenda de reformas econômicas. Citando justamente problemas relacionados às contas públicas, o Itaú Unibanco elevou nesta sexta de R$ 4,50 para R$ 5 o prognóstico para a taxa de câmbio nominal ao fim de 2021.

Estudo da FGV (Fundação Getulio Vargas) mostrou que o desalinhamento negativo da taxa de câmbio no Brasil voltou a aumentar no fim do terceiro trimestre e a ficar entre os maiores já vistos nos últimos anos.

"A persistência do desalinhamento frente a uma melhora consistente dos fundamentos ao longo de 2020 nos leva a reiterar que a desvalorização do real tem sido ocasionada principalmente por fatores de risco relacionados tanto à pandemia quanto à situação fiscal", disse Emerson Marçal, coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da FGV e um dos autores do estudo, de divulgação trimestral.

Além do tema fiscal, a pressão sobre o câmbio tem se mantido diante da demanda por dólares decorrente de ajustes no "overhedge" —proteção cambial adicional adotada por bancos e cuja eficiência foi colocada em xeque diante de mudanças, anunciadas neste ano, em regras tributárias. Essa correção pode implicar compra de no mínimo US$ 15 bilhões até o fim do ano, segundo cálculos de algumas instituições financeiras.

Nesta sexta, o S&P 500 subiu 1,36% e foi a 3.585 pontos, recorde histórico. Dow Jones teve alta de 1,37% e Nasdaq, de 1%, apesar do aumento de casos nos EUA e Europa e potenciais novas restrições.

No Ibovespa, as maiores altas da sessão foram Yduqs e IRB, que subiram 9,76% e 7,7% respectivamente. Segundo analistas, não há novidades relativas às empresas que justifiquem o movimento.

(Com Reuters)

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