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Confira como investir em cenário de juros baixos e incerteza econômica

Especialistas dão dicas para preservar a rentabilidade dos investimentos acima da inflação

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São Paulo

Com inflação em alta, Selic na mínima histórica de 2% ao ano, rentabilidade negativa do Tesouro e três meses seguidos de queda da Bolsa de Valores, o brasileiro encontra dificuldade em fazer o dinheiro render e até em protegê-lo da alta nos preços.

Segundo especialistas, é preciso manter a calma em cenários como este para não piorar a situação. Nos investimentos que estiverem negativos, o ideal é esperar até que se tenha um ganho e então reavaliar a realização do lucro ou a manutenção do ativo.

O prejuízo de um investimento só se torna real se o investidor vender o ativo a um valor abaixo do preço de compra. Enquanto mantiver o ativo na carteira —ainda que momentaneamente desvalorizado—, a perda pode ser revertida no futuro.

Para novos investimentos, é recomendado seguir alguns passos. O primeiro deles é a reserva emergencial —uma quantia equivalente a no mínimo seis meses de gastos, que devem ser alocados em ativos de renda fixa cujo resgate possa ser feito no mesmo dia e sem perda de valor, como CDBs, poupança ou conta corrente que renda DI.

Essa reserva deve ser utilizada em caso de desemprego ou de emergências financeiras para evitar a contração de dívidas.

Segundo Jayme Carvalho, conselheiro da Planejar, a diversificação deve ser o segundo passo. Isso significa investir em diferentes ativos de renda fixa e renda variável. A proporção dessa divisão varia com a tolerância a risco de cada um.

Existem testes disponíveis em corretoras e bancos que podem ajudar o investidor a identificar o seu perfil de risco (agressivo, arrojado, moderado ou conservador). Esses testes consideram patrimônio, idade, objetivo, tolerância a risco, entre outros.

“É preciso ter bem definido o motivo pelo qual investe. Isso vai determinar o momento de entrada e saída de um ativo, não o momento do mercado”, diz Carvalho.

Se o objetivo é dar entrada à vista em uma casa, por exemplo, o investidor só deve resgatar a aplicação quando atingir o valor, e não caso a rentabilidade esteja negativa para colocá-lo em outro tipo de investimento.

A maior parte dos títulos do Tesouro tiveram rendimento negativo em setembro e em outubro, devido à alta nos juros futuros —taxas esperadas pelo mercado nos próximos meses e anos— e maior oferta desses títulos pelo governo.

O Tesouro Nacional já colocou menos títulos à venda para reduzir este movimento, que afeta a capacidade do Estado de se refinanciar. Especialistas também apontam que o Banco Central pode voltar a subir a taxa básica de juros (Selic) no próximo ano, o que traria rentabilidade para esses papéis.

No momento, os títulos mais indicados são os atrelados à inflação, que tem acelerado nos últimos meses.

O IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado) registrou variação de 3,23% em outubro, chegando a um índice acumulado de 20,93% em 12 meses.

O IPCA, a inflação oficial do país, fechou setembro com alta de 0,64%. Desde janeiro, acumula alta de 1,34% e, nos últimos 12 meses, de 3,14%.

“O Tesouro IPCA é o melhor investimento para este momento de muita dúvida e aumento da inflação no médio prazo. Ainda não dá para dizer se é apenas um aumento sazonal dos alimentos ou um novo patamar da inflação”, diz Alexandre Espírito Santo, economista da Órama.

Espírito Santo também recomenda ter menos ativos de risco na carteira. “É hora de ser conservador. A economia depende da vacina [contra a Covid-19].”

Ruy Alves, gestor da Kinea, plataforma de gestão de investimentos ligada ao Itaú, recomenda investir em ações de empresas robustas, que devem apresentar resultados sólidos apesar do cenário macroeconômico desafiador, e de empresas que devem se beneficiar da retomada da atividade econômica quando a população for vacinada.

“Papéis de Coca-Cola, [empresa] que tem metade do lucro advindo da venda em bares e restaurantes, e da Dufry [rede de free shops em aeroportos], devem subir com com a reabertura, por exemplo”, diz Alves, que também recomenda as ações das big techs, listadas nas Bolsas americanas.

Para investir em ações estrangeiras é possível comprar BDRs (recibos depositários de ações, na sigla em inglês) na Bolsa brasileira. Eles são papéis que replicam a valorização da ação no exterior e da cotação do dólar.

Outras possibilidades são fundos que aplicam no exterior, ou os ETFs (fundos de índice), como IVVB11 e SPXI, que seguem o desempenho do índice americano S&P 500, que reúne as maiores empresas listadas nos EUA. Esses índices podem ser comprados da mesma forma que uma ação.

Segundo Alves, o investidor não deve decidir a venda de um ativo na carteira se ele estiver desvalorizado.

“Depois de cair 10% não é momento de tomar decisão. É bom esperar alguma correção do mercado e pensar sempre no longo prazo”.

Já para começar a investir em novos ativos, o gestor afirma que a decisão de quando aplicar é uma escolha pessoal.

Roberto Dumas Damas, professor do Insper, recomenda aplicar em três frentes: ETF de índice americano, fundo de ouro e ação brasileira do setor agropecuário ou de ecommerce.

As exportações das empresas da agroindústria têm se beneficiado do dólar alto neste ano e companhias de ecommerce surfam na alta das compras online de brasileiros durante a pandemia.

Damas também recomenda investimentos em dólar e avalia que a moeda possa chegar a R$ 6 este ano, dado o crescente risco fiscal brasileiro que leva o real a se desvalorizar.

Com a taxa básica em 2% ao ano, o economista também afirma que títulos do Tesouro atrelados à Selic e fundos DI devem ser evitados.

Em todos os produtos, o investidor deve estar atento a taxas de corretagem e, às vezes, de administração e performance, que podem reduzir os ganhos.

Além disso, muitos investimentos, como ações e títulos do Tesouro, têm incidência do Imposto de Renda.


Rendimentos em outubro

IGP-M 3,23%
IPCA-15 0,94%
Dólar 2,39 %
Ouro 2,08%
RDB (recibo de depósito bancário) 0,21%
LC (Letras de Câmbio) 0,20%
CDB (banco médio/pequeno) 0,20%
Debênture 0,17%
Debênture incentivada* 0,16%
LCA* 0,16%
LCI* 0,15%
CDI em outubro 0,15%
CDB (banco grande) 0,12%
Tesouro Selic 0,09%
Tesouro IPCA com juros -0,29%
Tesouro prefixado com juros 0,29%
Tesouro prefixado 0,32%
IVVB11 -0,68%
Ibovespa -0,69%
Ifix (índice de fundos imobiliários) -1,01%
Tesouro IPCA -1,29%
Índice de BDRs -1,75%
* Investimentos isentos de Imposto de Renda
Fonte: Yubb
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