O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, admitiu a alta recente da inflação, mas afirmou que as expectativas para 2021 ainda estão abaixo da meta perseguida pela autoridade monetária.
"Precisamos entender que a nossa ferramenta [Selic] não tem efeito imediato, então não podemos olhar para inflação de curto prazo. Quando vemos a parte longa da inflação, mexeu pouco", disse em evento promovido pelo Sicoob, nesta quarta-feira (25).
Segundo ele, a alta recente nos preços se deve à depreciação do Real, ao aumento da alimentação em domicílio por causa do distanciamento social e ao pagamento do auxílio emergencial.
"Esses componentes têm esvaziamento ao longo do tempo, vamos discutir esses elementos da parte estrutural [da inflação] na próxima reunião do Copom [Comitê de Política Monetária]", adiantou.
A prévia da inflação teve a maior variação para um mês de novembro desde 2015, de 0,81%, puxada pela alta no preço dos alimentos, informou nesta terça-feira (24) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para 2021, no entanto, as expectativas de inflação estão abaixo da meta fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), de 3,75% com tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima.
A inflação pode chegar ao valor máximo de 5,25% para que a meta não seja descumprida.
Alguns economistas questionam se a alta de preços é realmente temporária e projetam alta de juros antes do previsto.
De acordo com o boletim Focus, no qual o BC divulga as estimativas do mercado, nesta semana os economistas consultados esperam que o índice termine 2021 em 3,40%. Há quatro semanas, os analistas projetavam 3,10%.
O Copom decidirá em 8 e 9 de dezembro os rumos da taxa básica de juros, que está em 2% ao ano, menor patamar da história. Na última reunião, o comitê indicou que a Selic deve permanecer no mesmo patamar.
A taxa básica (Selic) é um dos instrumentos usados pelo BC para controlar a inflação. Quando o índice está alto, a autoridade monetária sobe os juros com o objetivo de reduzir o estímulo na atividade econômica, o que diminui o consumo e equilibra os preços.
Caso contrário, o BC pode reduzir juros para estimular a economia.
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