The New York Times chega a 7 milhões de assinantes e receita digital cresce

Número de leitores digitais foi o único negócio que cresceu, enquanto as demais unidades da companhia registraram quedas

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Nova York | The New York Times

O The New York Times estava operando a todo vapor durante uma eleição crucial —uma das votações mais decisivas da história americana moderna— quando a companhia que publica o jornal anunciou ter atingido um marco histórico: na semana passada, a publicação superou a marca dos sete milhões de assinantes pagos, um recorde.

A The New York Times Co. vem apostando nos leitores digitais como o futuro de seu negócio desde 2011, quando começou a cobrar por acesso ao seu conteúdo online —e a aposta em geral deu resultado. Nos três meses encerrados em setembro, a receita da empresa com os assinantes digitais pela primeira vez superou o faturamento que a companhia obteve com a versão em papel da publicação, afirmou a companhia na quinta-feira (5), ao anunciar os resultados financeiros de seu terceiro trimestre.

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Fachada do prédio do jornal The New York Times, em Manhattan - Reuters

“Nossa estratégia de produzir jornalismo pelo qual valha a pena pagar continua a se provar”, afirmou em comunicado Meredith Kopit Levien, que assumiu como presidente-executiva da The New York Times Co. em setembro. As assinaturas digitais serão não só o eixo central do crescimento da empresa, disse Levien, como um dia se tornarão o seu maior negócio.

A receita total da The New York Times Co. no terceiro trimestre de 2020 foi de US$ 426,9 milhões (R$ 2,3 bilhões), a mesma do período em 2019, e o lucro operacional ajustado cresceu em 28%, para US$ 56,5 milhões (R$ 314,2 milhões), superando as expectativas dos investidores nos dois casos. O lucro líquido dobrou, para US$ 33,6 milhões (R$ 186,8 milhões).

Há pouca dúvida de que a presença de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos ajudou o The New York Times a conquistar mais assinaturas, e o número de leitores do jornal também vem crescendo durante o governo dele. A companhia estabeleceu uma meta de 10 milhões de assinantes até o final de 2025, marca que parece estar ao alcance.

“A demanda continuada por jornalismo original, independente e de qualidade, sobre uma ampla variedade de tópicos, nos torna ainda mais otimistas quanto às dimensões do mercado total para assinaturas de jornalismo digital e quanto à nossa posição nele”, disse Levien.

A companhia conquistou 393 mil assinantes digitais no trimestre, elevando o total de assinantes online pagantes a mais de seis milhões. Desse grupo, cerca de 4,7 milhões pagam pelo produto noticioso básico, e os demais pagam pelos apps de culinária e palavras cruzadas. Outros 831 mil leitores continuam a pagar por assinaturas da versão em papel, uma queda ante o total do período no ano passado, refletindo o declínio constante das publicações em papel.

A alta no número de assinantes digitais ficou aquém da marca recorde registrada pelo jornal no segundo trimestre, o período em que a pandemia estava se espalhando pelos Estados Unidos, mas o desempenhou bastou para elevar a receita digital total. As vendas online agora estão a caminho de superar as operações em papel pela primeira vez, no cômputo anual.

Mas talvez exista uma tendência preocupante: o número de leitores digitais foi o único negócio que cresceu. Todas as demais unidades da companhia registraram quedas em seus resultados.

A receita com assinaturas online subiu em 34%, para US$ 155,3 milhões (R$ 863,7 milhões), mas as assinaturas da versão em papel caíram em 3,8%, para US$ 145,7 milhões (R$ 810,3 milhões). E as vendas de publicidade, no passado fundamentais para o negócio jornalístico, caíram em 30%, para US$ 79,3 milhões (R$ 441 milhões). A pandemia prejudicou ainda mais as vendas de publicidade, que já estavam em queda porque menos pessoas leem o jornal em papel e grande número de anunciantes reduziu suas verbas de marketing.

A publicidade online também caiu, a despeito do avanço no número de leitores digitais. O declínio aconteceu em parte devido a uma queda nas operações de conteúdo pago da companhia, que envolvem a criação de artigos pagos por anunciantes. No total, a publicidade digital caiu em 12,6%, para US$ 47,8 milhões (R$ 265,8 milhões).

A publicidade deve se tornar um negócio menos importante para a The New York Times Co., enquanto o Google e Facebook continuam a florescer nessa área.

Para o trimestre final do ano, a companhia prevê que as assinaturas e publicidade repitam as tendências registradas no terceiro trimestre, com relação ao período em 2019. A receita com assinaturas deve subir em cerca de 14%, com a venda de assinaturas digitais em alta de cerca de 35%. A receita total com publicidade deve cair em 30%, e a de publicidade online terá queda de 15%.

As reservas de caixa da companhia continuam a crescer: a The New York Times Co. agora tem US$ 800 milhões (R$ 4,4 bilhão) em reservas, com US$ 250 milhões (R$ 1,3 bilhão) disponíveis por meio de uma linha de crédito giratória. A companhia já não tem qualquer dívida, depois de pagar um empréstimo que permitiu que readquirisse sua sede no centro de Manhattan.

A posição de caixa confortável da empresa pode indicar que novas aquisições estão a caminho. Este ano, a companhia investiu mais de US$ 30 milhões (R$ 166,8 milhões) na aquisição de diversas startups, entre as quais a Serial Productions, companhia responsável pelo bem-sucedido podcasts “Serial”.

Tradução de Paulo Migliacci

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