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As 'babás virtuais' que estão cuidando de crianças em meio à pandemia do coronavírus

Plataforma online de cuidado infantil do Reino Unido traz alternativa para pais conciliarem vida pessoal e trabalho

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Suzanne Bearne
São Paulo | BBC News Brasil

Cuidado infantil à distância? Pode parecer um conceito estranho, mas já se tornou uma realidade em tempos de pandemia.

Para muitos pais, cuidar de crianças é um desafio este ano, então várias empresas de tecnologia começaram a trabalhar em uma solução: babás "virtuais".

O serviço foi concebido para que a mãe ou o pai possam trabalhar em casa enquanto outra pessoa, por meio da tela do computador, mantém os filhos ocupados.

"As crianças mais novas precisam de um pouco de entretenimento e, se os pais estão trabalhando, nem sempre podem dar-lhes o tempo de que precisam", diz Richard Conway, fundador do Childcare.co.uk, a maior plataforma online de cuidado infantil do Reino Unido, à BBC.

Uma criança conversa por vídeochamada com uma mulher
Para muitos pais, cuidar de crianças está se tornando um desafio em tempos de pandemia, então várias empresas de tecnologia começaram a trabalhar em uma solução: 'babás virtuais' - Getty Images/BBC News Brasil

Sua empresa oferece serviço de babá virtual para atendimento a menores de dois anos de idade.

"Achamos que oferecer babás virtuais, que são babás de verdade que trabalham por videoconferência, seria uma ótima solução".

Mas nem todos concordam que os cuidadores realizam suas tarefas usando chamadas de Zoom.

"Para muita gente, parece uma ideia maluca que envolve deixar a criança sozinha em casa", reconhece Conway.

A experiência

No início deste ano, Thea Herodotou, 37, uma professora universitária em Londres, contratou uma babá virtual para cuidar de sua filha Zoe, de cinco anos.

Com a creche de Zoe fechada durante o primeiro lockdown na Inglaterra, Thea diz que era "impossível" conciliar a paternidade com o trabalho de casa.

"Meu marido e eu fazíamos pausas frequentes para cuidar de Zoe e entretê-la, mas era estressante", lembra.

Uma criança coloca um adesivo com uma palavra em um caderno
Thea Herodotou conta que sua filha Zoe, na foto, fez várias sessões para se acostumar com sua babá virtual - Thea Herodotou/BBC News Brasil

Então, eles contrataram Antoinette Wood, uma babá profissional registrada na Ofsted, uma agência de educação do governo, que cuidava da menina "virtualmente" durante uma hora por dia.

Demorou algumas sessões para Zoe se acostumar, diz Thea. "Minha filha saía correndo da sala [no início]. No entanto, Zoe gradualmente se acostumou com a sessão diária e eu fui capaz de começar a deixá-las falando no quarto."

Antoinette diz que as sessões funcionam se durarem "uma hora de cada vez, especialmente porque crianças pequenas têm períodos curtos de atenção concentrada".

"Eu planejo muito, então elaborei um plano de aula de como Zoe e eu passaríamos nossas horas virtuais juntas todos os dias", diz ela. "Também enviei a ela uma lista de itens como papel, lápis, giz de cera, tesoura, dados e um copo d'água, de que ela precisaria durante aquela hora."

"A sessão consiste em uma breve apresentação e palestra. Depois, em ler histórias, cantar músicas infantis e contar números, entre outras coisas. O tempo é dirigido pela menina e a cada dia terminamos nossa sessão dançando pela sala ao som de uma canção familiar" .

'Bomba-relógio'

Uma mulher em uma sala de estar está sentada e mostra um livro para a câmera do notebook
Babá virtual, Antoinette Wood, diz que se esforça muito para planejar as aulas - Antoinette Wood/BBC News Brasil

Richard Conway diz que agora há mais de 4 mil babás virtuais disponíveis em seu site e que mais de 50 mil pais pediram informações sobre o serviço.No entanto, a ideia de alguém ser babá do outro lado de uma videochamada não agrada a todos os pais.

Especialista em puericultura, Sarah Ockwell-Smith, que escreveu o livro The gentle parenting book: How to raise calmer, happier children ( vê alguns problemas em cuidadores virtuais.

Ela acredita que a assistência por meio da tela não pode substituir a interação humana.

"As crianças costumam ter dificuldades para viver a vida por meio de telas", diz a especialista.

"A separação de amigos e familiares, que eles costumavam ver, mas agora só podem ver na tela, e a transferência de todas as interações sociais e classes para a internet, acho que criou uma espécie de bomba-relógio."

"Não é assim que devemos viver e acho que veremos um impacto duradouro nesta geração à medida que as crianças crescerem."


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