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Autoridades chinesas investigam Alibaba por suspeita de monopólio

Anúncio provocou forte queda das ações da empresa

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Pequim e Hong Kong | AFP e Reuters

As autoridades de concorrência chinesas anunciaram nesta quinta-feira (24) uma investigação sobre o gigante do comércio online Alibaba por "práticas suspeitas de monopólio".

O anúncio da Administração Estatal de Regulamentação do Mercado sobre a empresa fundada pelo carismático Jack Ma provocou uma forte queda das ações do Alibaba, que chegou a 8%, durante a sessão na Bolsa de Valores de Hong Kong.

Os reguladores alertaram o Alibaba sobre a chamada prática de "escolher um entre dois", segundo a qual os comerciantes são obrigados a assinar pactos de cooperação exclusivos, impedindo-os de oferecer produtos em plataformas rivais.

Sede da Alibaba em Hangzhou, provncia de Zhejiang, na China
Sede da Alibaba em Hangzhou, província de Zhejiang, na China - Aly Song - 14.fev.2019/Reuters

O gigante do comércio pela internet prometeu "cooperar ativamente na investigação com os reguladores".

Em um editorial com palavras fortes, o Diário do Povo, jornal do governista Partido Comunista, disse que se "o monopólio for tolerado, e as empresas tiverem permissão para se expandir de maneira desordenada e bárbara, a indústria não se desenvolverá de forma saudável e sustentável".

A Administração Estatal de Regulamentação do Mercado também anunciou que entrou em contato com o Ant Group, líder global em pagamentos online e subsidiária da Alibaba, para discutir "supervisão e aconselhamento", algumas semanas depois de Pequim frustrar no último minuto seu IPO.

A entrada na Bolsa do grupo prometia estabelecer um recorde no mundo, com US$ 34,4 bilhões (R$ 118 bilhões).

Em um comunicado, o Ant Group afirmou que vai "estudar rapidamente as demandas das autoridades e cumpri-las de maneira estrita".

A suspensão no último minuto da entrada na Bolsa do Ant Group no início de novembro gerou uma grande surpresa. Isso aconteceu poucos dias depois do discurso de Jack Ma em Xangai, no qual o bilionário criticou a atitude dos reguladores financeiros.

Após o discurso, as autoridades suspenderam Ma, que não voltou a aparecer em público.

"A mensagem política subliminar é que nenhuma empresa ou indivíduo tem o direito de desafiar o Partido Comunista, independente de seu tamanho", disse à AFP Richard McGregor, do Instituto Lowy em Sydney.

"Sem dúvida há uma escalada de esforços coordenados destinados a obstruir o império de Jack Ma, que simboliza as novas entidades chinesas, grandes demais para falir", disse o analista Dong Ximiao, do Instituto de Finanças na Internet de Zhongguancun, o "Vale do Silício" de Pequim, citado pela agência Bloomberg. ​

A investigação é um golpe para o mundo empresarial chinês, onde o Alibaba e seu carismático fundador Jack Ma são símbolos do sucesso tecnológico da China.

Aos 56 anos, Ma se afastou oficialmente do grupo após sua aposentadoria no ano passado. Mas ele mantém uma influência inegável no Alibaba e no Ant Group por meio da carteira de ações.

As autoridades estão preocupadas com o poder dos grupos de tecnologia e, mais particularmente, com suas investidas no setor de crédito online, onde contornam as regras de prudência impostas aos bancos públicos.

A imprensa chinesa expressou preocupação com os riscos de turbulência financeira.

A investigação contra o Alibaba "é uma medida importante para o nosso país fortalecer a supervisão antitruste no setor da Internet e promover um desenvolvimento saudável de longo prazo da economia digital", escreveu o Diário do Povo, um órgão do Partido Comunista no poder.

Prova da preocupação das autoridades públicas com o Alibaba é que o grupo recebeu uma multa de 500.000 yuans (62.000 euros ou cerca de R$ 391 mil) na semana passada por não ter comunicado uma aquisição.

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