Bolsa tem entrada recorde de estrangeiros em novembro

Saldo de compras e vendas de ações brasileiras fica em R$ 33,3 bilhões

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São Paulo

A entrada de estrangeiros no mercado de ações brasileiro foi recorde em novembro, de acordo com dados da B3 divulgados nesta quarta-feira (2). O saldo de compras e vendas de papéis nacionais foi de R$ 33,323 bilhões, o maior da série histórica da B3, com início em 2007.

No ano, porém, há saída de R$ 51,56 bilhões, recorde da série. Contando a entrada em IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) e follow-ons (oferta subsequente de ações), este número cai para R$ 31,95 bilhões.

A maior retirada até então foi em 2008. Em valores corrigidos pela inflação, foram sacados R$ 44,6 bilhões no ano da crise financeira.

Vista de painel do índice Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores paulista, a B3
Vista de painel do índice Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores paulista, a B3; mercado de ações brasileiro teve aporte mensal recorde de estrangeiros em novembro - Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress

Já o maior aporte mensal, em termos nominais (sem contar a inflação), era em janeiro de 2018, com entrada líquida de R$ 9,549 bilhões.

Além de novembro, os meses de 2020 com saldo positivo são junho (R$ 343 milhões) e outubro (R$ 2,867 milhões).

No mês passado, com o real depreciado e a Bolsa abaixo de sua máxima, estrangeiros viram uma boa oportunidade de entrada, já que há uma expectativa de recuperação da economia global em 2021, especialmente com a aprovação e aplicação de vacinas e um novo governo nos Estados Unidos.

O mercado reagiu positivamente à vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais americanas, com uma maioria republicana no Senado, o que evita mudanças drásticas na condução da maior economia do mundo.

Para seu governo, Biden escolheu a economista Janet Yellen, ex-presidente do Fed (banco central dos EUA) como secretária do Tesouro. Segundo investidores, a dupla Yellen e Jerome Powell, atual presidente do Fed, poderia promover uma coordenação entre as políticas monetária e fiscal a fim de garantir a recuperação econômica dos EUA.

"Com mais apetite a risco lá fora, um fluxo natural acaba respingando para mercados emergentes. O Brasil foi um destino potencial também por ter sido o país com a maior desvalorização da moeda dentre economias relevantes. E isso acaba nos tornando 'baratos'", afirma João Beck, economista e sócio da BRA, agente autônomo da XP Investimentos.

A Bolsa de Valores brasileira acumulou alta de 24% em dólares em novembro, o décimo melhor desempenho dentre os principais índices acionários do mundo e a terceira maior valorização entre pares emergentes, segundo levantamento da corretora BlueTrade.

O ranking compara ETFs (sigla em inglês para fundos negociados em Bolsa) que acompanham os principais índices acionários de cada país e são negociados em Wall Street, em dólares.

Em primeiro lugar no ranking, está a Bolsa de Valores de Atenas, com alta de 32,8% no mês passado. Dentre emergentes, o índice da Polônia lidera, com ganhos de 25,7% no mês e, em seguida, está a Turquia, com alta de 25,6%.

Em pontos, o Ibovespa, principal índice acionário do Brasil, subiu 15,9% em novembro, a maior valorização mensal desde março de 2016, quando saltou 16,97% com a precificação do impeachment de Dilma Rousseff (PT), que deixou o cargo de presidente em agosto daquele ano.

Segundo analistas, a maior parte das compras de estrangeiros foi nos setores financeiro e de commodities, que tiveram destaques positivos no mês, por serem ações de maior liquidez. Eles também tem um peso maior na composição do Ibovespa, contribuindo para a alta do índice.

Há um risco, porém, de que este investimento não fique no longo prazo, caso o risco fiscal do Brasil aumente.

"No curto prazo, o país precisa mostrar mão firme no controle do teto de gastos, além de prosseguir com a agenda de reformas. A paciência do mercado tem prazo de validade. Pandemia é como uma guerra. E ainda nem saímos dela. Precisamos apagar o fogo contendo gastos e prosseguindo com reformas antes de falarmos em agenda positiva", diz Beck.

Para o especialista, o investimento de fora no Brasil de forma sustentável depende também de perspectivas mais otimistas para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. "O governo tem um papel importante nesse processo ao criar uma agenda que destrave os gargalos do nosso crescimento com mão de obra qualificada, logística, energia, saneamento etc."

No pregão desta quarta, a Bolsa brasielira e o dólar se valorizaram. O Ibovespa subiu 0,42%, a 111.878,53 pontos, e a moeda americana teve alta de 0,24%, a R$ 5,24.

Em Wall Street, Dow Jones subiu 0,2% e o S&P 500 0,18%, renovando sua pontuação recorde. Nasdaq teve leve queda 0,05%.

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