Bolsonaro se junta a PT em oposição a projeto que facilita venda de terras a estrangeiros

Presidente diz que vetará permissão aprovada pelo Senado; texto antes vai para a Câmara

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que vai vetar o projeto de lei que facilita a venda de terras para estrangeiros. A proposta foi aprovada no Senado neste mês e vai começar sua tramitação na Câmara dos Deputados.

“O Projeto de Lei 2963/2019, que avança no Senado, permite a venda de terras para estrangeiros”, escreveu o presidente, em suas redes sociais, no fim da tarde de sexta-ferira (25).

“Eu já me decidi caso o PL (projeto de lei) seja aprovado no Congresso. E você, qual a sua opinião?”, concluiu.

Bolsonaro já havia abordado o tema em transmissão ao vivo na noite de Natal.

O presidente Jair Bolsonaro discursa em cerimônia no Planalto
O presidente Jair Bolsonaro em cerimônia no Palácio do Planalto - Ueslei Marcelino - 17.dez.20/Reuters

"Qual país você acha que vai começar a comprar terra aqui se esse projeto for aprovado na Câmara? Você acha justo você aqui vender terras para estrangeiros? E se você revender para estrangeiros, ele nunca mais vai revender pra ninguém", disse o presidente.

“Vai para a Câmara, se a Câmara aprovar tem o veto meu. Aí o Congresso vai derrubar ou não o veto. Falta patriotismo para nós. Não podemos permitir que o Brasil seja comprado”, acrescentou.

O presidente também afirmou que os estrangeiros então teriam acesso a riquezas no subsolo da terra.

"Ele vai comprar terras e municípios que ele sabe de uma forma ou de outra o que tem no subsolo".

"Não podemos permitir que o Brasil seja comprado. Você não vê isso em muitos países aqui pelo mundo. Você vê no Brasil. É lamentável isso aí", completou.

Ironicamente, a posição de Bolsonaro o coloca ao lado dos senadores do PT e outras partidos da oposição, que se opuseram à aprovação da proposta na Casa. A ONG Greenpeace Brasil —que já foi chamada de “lixo” pelo presidente— também se manifestou de maneira contrária.

O projeto de lei em questão é de autoria do senador Irajá Abreu (PSD-TO). A proposta entrou na pauta do Senado após uma grande articulação que envolveu o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a liderança do governo no Senado e a bancada ruralista.

O projeto de lei aprovado pelo Senado prevê a dispensa de autorização para a compra ou posse de imóveis com áreas até quinze módulos fiscais, por estrangeiros.

Estrangeiros poderão adquirir essas áreas rurais, desde que o total de propriedades pertencentes ou arrendadas não ultrapassem o limite de 25% da superfície dos municípios onde estão localizadas.

As pessoas da mesma nacionalidade não poderão ser proprietárias de mais de 40% da área de cada município.

Há restrições, no entanto, para terrenos localizados na região da Amazônia e também em áreas de fronteiras. Nesses casos, será necessário aval do Conselho de Defesa Nacional.

A oposição reagiu à inclusão na pauta no dia 15 de dezembro, uma vez que a proposta ainda não havia passado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça —por conta da pandemia, as atividades das comissões no senado foram suspensas.

O PT chegou a propor um requerimento para retirá-lo da lista de projetos a serem apreciados —que acabou derrotado, por 35 votos a 20.

“Eu acho que a gente precisa também considerar é que nós não estamos falando de um projeto ingênuo. Nós estamos falando de um projeto que autoriza a venda de terras brasileiras a estrangeiros na proporção de 25% do território de cada município; nós estamos falando de um projeto que vai interferir na segurança alimentar, que vai interferir na capacidade redistributiva que a terra tem para gerar riqueza e diminuir a pobreza em nosso País, que vive um momento de grande concentração de riqueza”, disse o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (PT-SE).

“Nós estamos falando de um projeto que vai aumentar substancialmente o preço da terra. Nós estamos falando de um projeto que pode quebrar o setor se ele não for discutido com toda a profundidade e de acordo com a complexidade que ele tem. Por isso, a nossa bancada se posicionou contra”, completou.

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