Carrefour é suspenso do Instituto Ethos, de responsabilidade social

Organização impõe regras para o retorno da empresa, sob escrutínio após assassinato de Beto Freitas

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São Paulo

Um dia após o anúncio de exclusão de um índice de responsabilidade social da Bolsa de Valores, o Carrefour Brasil foi removido nesta quarta-feira (9) do quadro de associados do Instituto Ethos, uma das principais organizações para a promoção de responsabilidade social no setor privado.

O conselho deliberativo do instituto determinou a retirada da companhia após analisar suas respostas sobre o assassinato de João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos que morreu espancado por dois seguranças terceirizados em uma loja de Porto Alegre (RS) no dia 19 de novembro.

Em nota, a empresa diz estar alinhada à pauta de sustentabilidade do Instituto Ethos e afirma que apresentou sua agenda positiva para a promoção da diversidade e combate ao racismo, bem como as medidas tomadas após o assassinato.

A empresa pode retornar ao quadro de associados se cumprir uma série de medidas e apresentar progresso de resultados de alguns requisitos exigidos pelo instituto.

Entre as determinações estão o compromisso com um plano reparação à família de Beto, a ampliação a outros estados das ações de internalização dos serviços de segurança e a adoção de um modelo de segurança com foco na integridade e no bem-estar.

A companhia também precisará ser transparente sobre o investimento para essas ações nos próximos anos e propor um termo de compromisso que possa ser assinado e monitorado pelo Ministério Público.

A organização ainda suspendeu o apoio institucional e o patrocínio a eventos e já retirou o logotipo da marca de seu site.

O Instituto Ethos tem 138 grandes empresas associadas, como Petrobras, GPA e Renner, e trabalha para promover a responsabilidade social, com atuação nas frentes de ambiente, integridade e ética, direitos humanos e sustentabilidade.

Em comunicado, o Ethos diz que sua comissão interna de ética irá monitorar e reportar mensalmente os desdobramentos dos compromissos assumidos pelo Carrefour. A condição da empresa será reavaliada em seis meses.

Na terça (8), a companhia foi removida de um índice que reúne empresas com melhores práticas sociais, ambientais e de governança. Batizado de S&P/B3 Brasil ESG, é mantido pela empresa S&P Dow Jones Indices, nos Estados Unidos, e pela B3, a Bolsa brasileira.

A decisão também foi tomada após uma análise da repercussão do assassinato de Beto Freitas. Desde o ocorrido, as ações do Carrefour se desvalorizam 5% na Bolsa brasileira, uma perda de R$ 2 bilhões em valor de mercado. O grupo no Brasil tem uma capitalização de R$ 38,2 bilhões.

OUTRO LADO

Em nota, o grupo diz estar alinhado à pauta de sustentabilidade do Instituto Ethos, "ao qual apresentou sua agenda positiva, para a promoção da diversidade e combate ao racismo, bem como as medidas tomadas pela companhia após a triste morte do Sr. João Alberto, incluindo não só as providências e acompanhamento junto à família da vítima, desde o primeiro momento, como também as de âmbito interno e externo da empresa".

Reforça que criou o Comitê Externo de Livre Expressão sobre Diversidade e Inclusão, a adoção de uma política de tolerância zero ao racismo, a transformação radical do modelo de segurança do Carrefour, a criação de um dispositivo digital para denúncias de discriminação ou violência e um programa robusto de inclusão social, pautado pelos pilares de educação, mercado de trabalho e empreendedorismo.

O Carrefour ainda afirma que a sustentabilidade "é transversal aos negócios da companhia, que trabalha alinhada aos critérios internacionais de direitos humanos, à legislação nacional e de acordo com as melhores práticas de responsabilidade social, governança e integridade", e que demonstra isso ao Ethos há muitos anos.

Finaliza dizendo que mantém seu empenho nas mesas temáticas, "sendo ativo nos debates ligados aos temas ambientais e sociais propostos nos fóruns, nos grupos de trabalho e nos eventos, e colaborando, inclusive, com os avanços na agenda do desenvolvimento sustentável".

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