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Com pandemia e 'revolução das fintechs', consumidores online devem crescer 25% no Brasil

Crise e turismo seguraram crescimento do setor, mas expectativa é de retomada em 2021

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São Paulo

O número de pessoas comprando pela internet deve crescer 25% no Brasil este ano, aponta um estudo feito pela fintech de pagamentos digitais Ebanx em parceria com a AMI (Americas Market Intelligence), que analisa os dados do setor em toda a América Latina. A estimativa é que mais de 25 milhões de pessoas passaram a ser consumidoras digitais no país.

Segundo a AMI, no geral, o comércio online na região crescerá 8,5%, abaixo do observado em anos anteriores, movimentando cerca de US$ 200 bilhões. Mas os números são considerados positivos em um ano de crise econômica e só ficam atrás dos apresentados pelo sudeste asiático.

A análise é que os números foram impulsionados por um aumento da demanda por serviços virtuais devido ao isolamento, à melhoria do acesso à internet com a penetração de smarthphones, e a um processo de bancarização.

Nesse último aspecto, o relatório destaca o papel de empresas que popularizaram serviços bancários e de pagamentos digitais, o que o documento chama de "revolução das fintechs", além do auxílio emergencial e programas similares de transferência de renda nos países vizinhos.

No caso brasileiro, o auxílio-emergencial pago pela Caixa Econômica Federal também esteve associado ao processo de bancarização da população."

"O grande case de inclusão financeira no Brasil neste ano é o feito pela Caixa, mas paralelamente a isso temos crescimentos impressionantes do PicPay, Nubank e Inter, fintechs que estão indo onde os serviços tradicionais não atendem", diz Jaqueline Bartzen, diretora global de Engajamento com Merchants do Ebanx.

Juntas, as três fintechs citadas por Bartzen têm 66 milhões de clientes. Só o PicPay, que oferece uma carteira digital, adquiriu 18 milhões de novas contas durante a pandemia.

Em contrapartida, Bartzen destaca que o crescimento do ecommerce neste ano foi segurado pelas perdas do turismo, que caíram acima de 30%, enquanto o varejo e os produtos digitais tiveram bons desempenho, com crescimentos de 21% e 45%, respectivamente.

"Não tinha como ser diferente em um ano tão atípico. Você acompanha isso nos ciclos da pandemia. Após um baque inicial, há um crescimento dos aparelhos para casa, itens para a estrutura de home office e assinaturas de streaming", diz Bartzem.

Ela também chama atenção para a atuação de mercados locais. A argentina Mercado Livre e a brasileira Americanas são os principais players de ecommerce na região, segundo dados de tráfego online. OLX, Amazon, Casas Bahia e Magazine Luiza aparecem na sequência.

"Quando olhamos os grandes players, o ponto de localização é relevante. Sites de venda online precisam oferecer, em especial os globais, uma experiência local para crescerem e se consolidarem por aqui, em termos de língua e oferta de pagamentos locais."

Curiosamente, o relatório aponta como as principais barreiras para o ecommerce na América Latina questões logísticas, a ainda grande falta de acesso da população a serviços financeiros e a crescente desigualdade social, evidenciada com a crise da Covid-19.

Mesmo com avanço de carteiras digitais e débito online, pagamentos em dinheiro ou vouchers (caso do boleto bancário no Brasil) representam até 20% das compras online durante a pandemia.

A expectativa é que 2021 mostre uma recuperação no ritmo de crescimento, voltando para os dois dígitos —a AMI estima um crescimento de 19% tanto para o Brasil como para toda região.

"Todo desafio é uma oportunidade. A desbancarização sempre foi um desafio para os sites de venda online, que precisam se adequar e oferecer métodos de pagamento que as pessoas tenham acesso. Oferecer voucher de pagamento, como boletos bancários, é um desafio, mas é também uma oportunidade para, por métodos de pagamento local, poder atingir essa parcela da população", diz Bartzem.

O levantamento foi feito a partir da análise de relatórios de instituições como o Banco Mundial e da GSMA, além de entrevistas com especialistas, executivos e consumidores e da análise de dados interna do próprio Ebanx.

A fintech criada em 2012 é responsável hoje pelos pagamentos no Brasil de empresas globais como AliExpress, Shein, Uber, Spotify e Sony PlayStation. Um bilhão de pagamentos foram processados pela plataforma em 2020.

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