Governo concede 11 lotes de linhas de transmissão com previsão de investimento de R$ 7,3 bi

Com elevados deságios, empresa criada em 2019 leva cinco concessões e é a maior vencedora do leilão

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Rio de Janeiro

Em leilão com grande concorrência, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) concedeu nesta quinta (17) 11 lotes de linhas de transmissão em nove estados, com investimentos estimados em R$ 7,3 bilhões.

O leilão teve deságio médio de 55,24% — nos leilões de transmissão, vence a empresa ou consórcio que se compromete a receber a menor receita anual pela operação das instalações. Ao todo, serão construídos 1,9 mil quilômetros de linhas.

"Os sistemas hoje licitados aumentarão a robustez e a confiabilidade do sistema elétrico nacional", disse o presidente da Aneel, André Pepitone, que comemorou a grande concorrência, considerando um ano de dificuldades geradas pela pandemia.

Foram 51 participantes, 37 nacionais e o restante de seis diferentes países, disse Pepitone. Em média, houve dez propostas por lote oferecido.

Com elevados deságios em suas propostas, a novata MEZ Energia foi a maior vencedora, ficando com 5 dos 11 lotes leiloados por meio dos consórcios Saint Nicholas 1 e 2.

A empresa ficou com lotes em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, todas com deságios entre 50,35% e 70,35%, com investimentos previstos em R$ 2,4 bilhões.

A MEZ foi fundada no ano passado para operar lote de linhas de transmissão e subestações na Bahia licitado pela Aneel naquele ano. Em sua página no Linkedin, a companhia informa ter entre 11 e 50 funcionários.

Em entrevista ao fim do leilão, a gerente jurídica do grupo MEZ, Kelly Santos, disse que a meta era levar sete concessões, mas a empresa acabou sendo derrotada em duas.

Ela afirmou que a MEZ já vem atuando no setor por meio de projetos comprados de vencedores de leilões passados e que o grupo tem origem na construção civil, o que lhe garante experiência na execução de projetos como esses.

O elevado deságio, afrmou a executiva, foi viabilizado por ganhos de eficiência que a empresa tem usando o braço de construção para executar as obras. "O grande motivador de sucesso da MEZ é uma gestão muito eficiente, tanto financeira quanto de projetos."

A empresa diz que pretende buscar recursos tanto no mercado privado quanto com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para financiar os investimentos previstos nas concessões.

Questionado sobre a maior necessidade de fiscalização de empresas novatas, principalmente após a crise gerada pelo apagão no Amapá, o diretor-geral da Aneel afirmou que a agência acompanha as concessões do início ao fim para evitar atrasos ou problemas de obras.

Com relação ao Amapá, disse, as autoridades do setor reconheceram que a comunicação precisa ser melhorada para evitar a repetição do problema. Lá, uma empresa também novata operava o sistema, que estava havia dez meses em situação precária por falta de um equipamento.

O maior lote do leilão desta quinta, que prevê a construção de linhas e transmissões na Bahia, em Minas Gerais e no Espírito Santo, foi arrematado pela Neoenergia, empresa controlada pela espanhol Iberdrola, com deságio de 42,60%.

O leilão teve três lotes dedicados à ampliação da capacidade de abastecimento da região metropolitana de São Paulo.

Em 2021, a Aneel prevê dois leilões de linhas de transmissão. Em junho, a expectativa é de um volume de R$ 1 bilhão em investimentos. Ainda não há previsão para o segundo.

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