A produção industrial brasileira cresceu 1,1% em outubro, o sexto mês seguido de alta, informou nesta quarta-feira (2) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O setor já está 1,4% acima do patamar de antes da pandemia, em fevereiro —as perdas já haviam sido eliminadas em setembro.
No ano, porém, a indústria nacional apresenta queda de 6,3%. No acumulado dos últimos 12 meses, a perda é de 5,6%. Os dados são da PIM (Pesquisa Industrial Mensal).
Mais uma vez, a principal influência foi do segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias, com alta de 4,7%. O segmento apresenta crescimento de 1.075,8% nos últimos seis meses, mas ainda está 9,1% abaixo do patamar de fevereiro.
Segundo André Macedo, gerente da pesquisa, as perdas no setor automobilístico foram muito acentuadas em março e abril, início da pandemia, o que explica os números negativos mesmo com a alta expressiva nos últimos seis meses.
De acordo com o IBGE, outros ramos que cresceram em outubro foram metalurgia (3,1%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (4,5%), máquinas e equipamentos (2,2%) e produtos de metal (2,8%).
Também tiveram registros positivos os segmentos de couro, artigos para viagem e calçados (5,7%), produtos de minerais não metálicos (2,3%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (5,0%) e produtos de borracha e de material plástico (2,1%).
Por outro lado, onze atividades apresentaram queda. Os principais destaques negativos foram produtos alimentícios (-2,8%), indústrias extrativas (-2,4%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,2%), produtos do fumo (-18,7%) e outros produtos químicos (-2,3%).
Entre as quatro grandes categorias econômicas, duas cresceram em outubro. Bens de capital avançaram 7% e bens de consumo duráveis cresceram 1,4%. Ambas possuem acumulados expressivos nos últimos seis meses, de 111,5% e 506,7%, respectivamente.
Em comparação com o patamar pré-pandemia, bens de capital estão 3,5% acima e bens duráveis, 4,2% abaixo.
Bens intermediários (-0,2%) e bens de consumo semi e não duráveis (-0,1%) ficaram com registros negativos e interromperam cinco meses seguidos de produção positiva.
O professor Thiago de Moraes Moreira, do Ibmec, analisou que a desaceleração na produção industrial era esperada pela redução no auxílio emergencial, que provocou um choque grande na demanda de consumo do país durante a pandemia, especialmente em bens semi e não duráveis.
"Pela demanda de alimentos, se produziram amis embalagens. Pela demanda de roupas, mais têxteis. Se demandou diesel ao transporte e pequenas reformas na casa das pessoas, combinando o isolamento com o auxílio, pressionando demanda por tijolos", disse Moreira.
Ele apontou que a combinação de distribuição de renda, câmbio depreciado e juros baixos mostrou resultados efetivos sobr eo crescimento econômico do país.
"Esse choque permitiu todo um efeito nas cadeias produtivas e tem permitido esse quadro na indústria", analisou.
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