Serviços crescem 1,7% mas ainda ficam longe do patamar pré-pandemia

Segundo IBGE, alta em outubro foi puxada por TI e alojamento e alimentação

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Rio de Janeiro

Setor com recuperação mais lenta desde a reabertura da economia, os serviços apresentaram alta de 1,7% em outubro, informou nesta sexta (11) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi a quinta alta seguida, mas ainda insuficiente para recuperar as perdas da pandemia.

Após o resultado de outubro, diz o IBGE, o volume de vendas dos serviços ainda está 6,1% abaixo do registrado em fevereiro, último antes da pandemia. E, mesmo com a lenta recuperação nos últimos meses, deve fechar o ano com o pior recuo desde o início da pesquisa, em 2011.

"Esse caráter presencial da prestação dos serviços funciona como um limitador da recuperação mais rápida da atividade", disse o gerente da pesquisa do IBGE, Rodrigo Lobo. É nesse setor que estão incluídas atividades como bares e restaurantes, hotéis e salões de beleza, por exemplo.

É o setor que mais emprega no país e sua retomada é considerada fundamental para acelerar a recuperação econômica após a pandemia. Com o crescimento recente dos casos de Covid-19, porém, seu avanço pode ser voltar a ser ameaçado por novas medidas restritivas.

Entre fevereiro e maio, quando as severas restrições ao funcionamento dos estabelecimentos ainda estavam em vigor, o setor de serviços acumulou um tombo de 19,8%. Com a reabertura, acumula crescimento de 15,8% entre junho e outubro.

Em outubro, quatro das cinco atividades pesquisadas cresceram, com destaque para Serviços de informação e comunicação (2,6%), que já opera acima do patamar pré-pandemia. Só o grupo Outros serviços (-3,5%) teve taxa negativa, devolvendo parte do ganho de 19,2% acumulado nos últimos quatro meses.

Entre os setores mais afetados pela pandemia, Transportes, armazenagem e correios cresceu 1,5% em outubro, o sexto mês consecutivo de alta. Outro grupo bastante afetado, os Serviços prestados às famílias, avançou 4,6%, na terceira alta seguida.

Entre as contribuições individuais à taxa de outubro, os serviços de alojamento e alimentação cresceram 6,4%, acumulando alta de 80,4% desde o pior período da pandemia. Ainda assim, precisaria crescer 47,6% para retomar o patamar anterior à crise.

Segundo Lobo, foi um segmento que sentiu muito as restrições ao isolamento em março e abril. "De lá para cá, na medida em que as pessoas vão se sentindo mais seguras [para frenquentar hoteis ou restaurantes], mês a mês a receita dessas empresas vão crescendo um pouco."

O IBGE calcula mensalmente um indicador que reúne as atividades do setor ligadas ao turismo. Em outubro, o Índice de Atividades Turísticas avançou 7,1% frente a setembro, sexta taxa positiva seguida, com ganho acumulado de 102,6%. Mas o segmento ainda precisa avançar 54,7% para retornar ao patamar de fevereiro.

Em relação a outubro de 2019, o volume de serviços recuou 7,4%, oitava taxa negativa nessa base de comparação. Neste caso, apenas Outros serviços — grupo que inclui serviços financeiros, de seguros e de coleta de resíduos, entre outros — avançaram.

Lobo destacou que os serviços ainda têm recuperação menor que outros setores da economia: comércio e indústria tiveram em outubro sua sexta alta consecutiva e já se encontram em patamares acima dos verificados antes da pandemia.

No ano, o setor acumula queda de 8,7%. Segundo Lobo, "fatalmente" terminará 2020 com a queda mais intensa desde o início da pesquisa, em 2011. "Teria que ter uma taxa estratosférica [para recuperar as perdas] e isso é inimaginável."

Ele lembrou ainda que o repique no número de casos pode se refletir em aumento do receio das pessoas em frequentar atividades presenciais. "E pode ser que haja restrição a alguma delas, com alguma dificuldade maior para as empresas do setor."

De fato, algumas prefeituras já vêm impondo novas restrições ao funcionamento de atividades do setor. Festas de Natal e fim de ano, que costumam impulsionar o turismo, estão sendo canceladas em diversas cidades do país.

Empresários alertam que, se o fechamento total das lojas, bares e restaurantes for aplicado novamente, a projeção é que as empresas de médio e pequeno porte possam sofrer um novo sufoco financeiro, com risco elevado de aumento de falências e demissões.

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