Teto de gastos não aguenta do jeito que está, diz Arminio Fraga

Ex-presidente do Banco Central se diz preocupado com cenário fiscal

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Para Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central e sócio-fundador da Gávea Investimentos, o teto de gastos não irá barrar o crescimento da dívida pública se não for acompanhado de reformas.

“O Brasil tem hoje uma âncora [fiscal] remanescente, que é o teto de gastos, que é uma âncora mínima e até insuficiente se não for reforçada. A dívida vai crescer mesmo que o teto seja obedecido, e o teto do jeito que está não aguenta, o governo vai ter que aprovar algumas reformas”, disse em evento virtual da XP nesta segunda-feira (7).

Arminio Fraga, economista e ex-presidente do Banco Central (1999- 2002) na gestão FHC e é sócio-fundador da gestora Gávea Investimentos (2003)
Arminio Fraga, economista e ex-presidente do Banco Central (1999- 2002) na gestão FHC e é sócio-fundador da gestora Gávea Investimentos (2003) - Ricardo Borges/Folhapress

"Vejo o Congresso agindo de forma mais reativa do que proativa. Não é um cenário ideal. É um cenário movido por medo, por um certo conservadorismo e instinto de sobrevivência", disse Fraga.

Neste cenário, ele vê a possibilidade de aprovação de emendas constitucionais que ajudem no equilíbrio fiscal, inclusive para redirecionar gastos para a área social.

“A resposta do governo à Covid-19 foi enorme, mas veio com um custo. Brasil está com muita dívida e isso é uma vulnerabilidade”, diz o economista.

Ele vê a reforma tributária e uma reforma do Estado, com reformulação dos gastos públicos, como de maior dificuldade.

"É um momento político difícil. Existem inconsistências dentro do quadro, inclusive entre as lideranças do país, algumas com uma cabeça mais liberal e outras não. É um caminho difícil para 2022".

O economista diz que o cenário global de juro baixo é um "combustível extraordinário" para o crescimento do mercado de capitais, mas que o país não se beneficia tanto do movimento pela situação econômica negativa de seus pares na América Latina e pela imagem negativa com relação à proteção da Amazônia.

"O clima nas Bolsas é quente. Talvez quente até demais. É bom ter diversificação e cautela", disse Fraga, que vê uma dissonância entre o mercado financeiro e a economia real e espera uma recuperação modesta da economia em 2021.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.