Ações de aviação e turismo disparam com vacinação à vista

Azul e Embraer sobem quase 10% cada uma; dólar cai com expectativa de anúncio do pacote de Biden

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São Paulo

As ações de aviação e turismo dispararam na Bolsa brasileira nesta quinta-feira (14). O setor se beneficia com a expectativa de vacinação na próxima semana.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse a prefeitos que a vacinação contra a Covid -19 começará no dia 20 de janeiro, quarta-feira, às 10h.

As ações da Embraer registraram a maior valorização do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, com alta de 8,48% na sessão.

A Azul veio logo atrás, com ganhos de 7,25%. CVC subiu 5,4% e Gol, 4,49%.

Modelo A320neo, da Azul
Modelo A320neo, da Azul; ações da emrpesa dispararam nesta quinta (14) - Wikimedia Commons

“Essas empresas dependem de vacina e, com essa data, a retomada da atividade pode ser mais rápida do que esperamos”, afirma Fabio Galdino, da Vero Investimentos.

A pandemia de coronavírus reduziu viagens e aumentou restrições ao redor do mundo, impactando severamente a receita de empresas do setor.

A viagem para buscar 2 milhões de doses da vacina de Oxford na Índia, porém, foi adiada. O avião da Azul fretado pelo Ministério da Saúde, que estava previsto para sair do país às 13h desta quinta, sairá na sexta-feira (15), às 23h, por questões logísticas.

O início da imunização também depende de aprovação das vacinas na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

O Ibovespa subiu 1,26%, a 123.480,52 pontos, com a expectativa de que o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, anuncie, ainda nesta quinta, um novo pacote fiscal na ordem de US$ 2 trilhões para dar suporte à economia afetada pela Covid-19.

Em Nova York, o índice Dow Jones atingiu nova máxima histórica intradia, mas perdeu força ao fim do pregão, fechando em leve queda de 0,22%. S&P 500 caiu 0,38% e Nasdaq, 0,12%.

Um dos destaques negativos no pregão de quarta não conseguiu se recuperar nesta sessão, o BB (Banco do Brasil). A ação do BB fechou em queda de 0,23%, após especulações sobre a demissão do presidente da instituição, André Brandão.

O presidente Jair Bolsonaro teria se irritado com o plano de demissão voluntária do Banco do Brasil, e a demissão de Brandão estaria na mesa.

Nesta quinta, após apelos do ministro Paulo Guedes (Economia) e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o presidente Bolsonaro sinalizou a aliados que aceita manter Brandão, mas interlocutores no Palácio do Planalto querem que o banco adie ao menos parte do plano de reestruturação.

"Situação de fica ou sai gera um ruído ruim para a empresa e o mercado penaliza a interferência do governo", afirma Rodrigo Moliterno, sócio-diretor da Veedha Investimentos.

Em fato relevante pela manhã, o banco declarou não ter recebido qualquer comunicação oficial do acionista controlador (Estado) sobre suposta demissão. Na véspera, a ação caiu 4,94% com receio de investidores à saída de Brandão.

Dólar cai para R$ 5,21

O dólar fechou em queda de 1,95%, a R$ 5,2070, com o viés positivo global. Este é o menor valor para amoeda desde 30 de dezembro. O turismo está a R$ 5,367 ​.

A queda no câmbio também impulsiona a valorização de empresas aéreas, que têm seus custos na moeda americana.

Também contribuiu para a fraqueza do dólar a declaração do presidente do Fed (banco central dos EUA), Jerome Powell nesta quinta. Ele rechaçou uma redução de estímulos e de alta de juros, com a economia americana ainda longe de suas metas de inflação e emprego.

"Agora não é a hora de estarmos falando sobre saída", disse Powel em referência aos US$ 120 bilhões em títulos do governo que o Fed adquire mensalmente.

"Uma lição da crise financeira global é ter cuidado para não sair (de estímulos) muito cedo e, a propósito, tentar não falar sobre sair o tempo todo, se estiver enviando esse sinal, porque os mercados estão ouvindo."

Powell prometeu que o Fed avisaria com bastante antecedência eventual redução das atuais compras de títulos e disse que o momento de se aumentar as taxas de juros também "não é em breve", dada a profundidade dos problemas econômicos relacionados à pandemia, que ainda persistem.

No Brasil, o mercado espera o oposto. Com a alta da inflação, investidores têm a expectativa de que o Banco Central possa retirar o forward guidance ( orientação futura, em inglês) da política monetária atual.

Segundo este instrumento, o BC indica que não pretende reduzir o grau de estímulo monetário desde que determinadas condições sejam satisfeitas.

Hoje, a Selic (taxa básica de juros) está na mínima histórica de 2% ao ano.

A discussão sobre a retirada dessa ferramenta é lida no mercado como indicativo de que a próxima mudança na política monetária seria para alta de juros, o que elevaria o retorno de contratos atrelados ao real e, assim, aumentando o apelo da moeda brasileira.

O Copom (Comitê de Política Monetária do BC) se reúne nos dias 19 e 20 de janeiro para decidir sobre o rumo da Selic. Muitos analistas destacam que o juro baixo seria um dos principais responsáveis pela piora relativa do real ante os pares e pela intensa volatilidade da divisa doméstica.

​(Com Reuters)

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