Acordo internacional para taxar big techs pode sair até junho, diz ministro da França

Bruno Le Maire afirmou que é necessário reduzir desigualdades no sistema de tributos

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São Paulo

O ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, afirmou nesta segunda-feira (25) que um acordo internacional sobre a taxação dos gigantes de tecnologia pode ser estabelecido até o final de junho deste ano.

Segundo o ministro francês, é preciso reduzir as desigualdades no sistema de taxação internacional.

“Os gigantes de tecnologia se saíram bem nessa crise econômica. Como você pode explicar para alguns setores da economia, que sofreram drasticamente na pandemia, que estão pagando taxas que esses gigantes da tecnologia não precisam pagar? Isso é injusto e ineficiente do ponto de vista financeiro”, afirmou Le Maire em um painel no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

O ministro francês também saudou a chegada da nova secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen. Recentemente, Yellen afirmou ao Senado americano seu posicionamento de que há espaço para elevação de taxas para empresas.

Ministro da Economia da França, Bruno Le Maire
Ministro da Economia da França, Bruno Le Maire - Ludovic Marin/AFP

“A ideia é pensar em uma nova taxação internacional, baseada em dois pilares. O primeiro é a taxação digital e o segundo, uma taxa mínima para companhias. Estamos no caminho certo e nos empenharemos para encontrar um acordo para o novo sistema de taxação internacional até o fim da primavera de 2021 [na Europa, a primavera vai de março a junho]”, disse Le Maire.

Os palestrantes também afirmaram, durante o painel, a necessidade de manter o apoio financeiro aos setores mais atingidos pelo coronavírus –situação que, segundo eles, implica em políticas fiscais ativas até o final da pandemia.

Segundo a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, a expectativa é que 2021 seja um ano de recuperação. Especificamente na Europa, ela afirma que devem existir duas fases.

“A primeira é uma fase que claramente tem um grande nível de incertezas conforme as vacinas são produzidas, fornecidas e distribuídas, e conforme algumas medidas de lockdown reapareçam, às vezes ainda mais restritas. Precisaremos garantir que as condições financeiras continuem favoráveis”, disse Lagarde.

A executiva afirmou que a expectativa é que o crescimento econômico na zona do Euro seja negativa no quarto trimestre de 2020, o que tende a impactar o primeiro trimestre de 2021.

Lagarde afirmou que pontos como a maior digitalização, a migração ao trabalho remoto e políticas de longo prazo que tragam maior consciência sobre as mudanças climáticas no mundo são vantagens trazidas do atual momento, mas disse que ainda existem desafios.

“Apesar dos números de desemprego não estarem tão ruins, eles escondem uma situação na qual muitos já desistiram de procurar trabalho. Além disso, os lockdowns estão afetando todas as companhias, e isso pode deixar cicatrizes quando o crescimento voltar”, disse.

Lagarde afirmou, ainda, que a economia não será mais a mesma, mesmo depois que a pandemia do coronavírus chegar ao fim.

“É uma ponte que precisamos atravessar e, quando chegarmos ao outro lado, muito provavelmente termos uma nova economia. Precisamos estar preparados e fazer os investimentos necessários para o crescimento a partir desse novo cenário”, disse.

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