Bolsa bate recorde e chega aos 122 mil pontos com confirmação de vitória de Biden

Ações também são beneficiadas por avanço de vacinas e alta de commodities, impulsionadas por recuperação chinesa

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São Paulo

A Bolsa brasileira bateu novo recorde nesta quinta-feira (7), após a confirmação do democrata Joe Biden como presidente eleito dos Estados Unidos, avanço de vacinas contra a Covid-19 e a alta nos preços de matérias-primas, impulsionadas pela demanda chinesa.

Essa conjunção de fatores fez o Ibovespa, o principal índice da Bolsa, subir 2,75% e fechar o dia a 122.385,92 pontos. Durante o pregão, o índice chegou a bater 122.696,64 pontos, nova máxima intradia.

As ações da Vale, empresa de maior participação no Ibovespa, subiram 7% e chegaram a R$ 102,32, o maior valor já registrado. Há quase dois anos, após o acidente de Brumadinho (MG), os papéis valiam R$ 42,38.

Painel com flutuações dos índices de mercado na Bolsa de Valores de São Paulo
Painel com flutuações dos índices de mercado na Bolsa de Valores de São Paulo; Ibovespa cravou novo recorde nesta quinta (7) - Diego Padgurschi /Folhapress

Como outras ações de empresas brasileiras, as da Vale têm se beneficiado da alta nos preços de commodities. Celulose, petróleo e minério de ferro registram fortes altas com a expectativa de novos estímulos econômicos nos Estados Unidos com a vitória democrata, que também deve melhorar relações comerciais dos EUA com a China, e impulsionar a recuperação chinesa.

As notícias sobre avanços das vacinas contra o coronavírus também são um fator positivo para os mercados. Nesta quinta, o governo de São Paulo anunciou que a Coronavac teve uma eficácia de 78%.

“Eficácia da vacina é fundamental porque fortalece expectativa de melhora econômica, diminui a necessidade de lockdown”, afirma Leonardo Milane, sócio e economista da VLG Investimentos e professor pela FIA (Fundação Instituto de Administração).

Segundo analistas, o principal fator para a alta dos mercados nesta quinta é a confirmação, pelo Congresso dos EUA, e Biden nas eleições de novembro e a promessa de Donald Trump de que "haverá uma transição ordeira em 20 de janeiro", o dia em que ele deixará a Casa Branca.

Assim, o republicano indicou ter desistido de reverter o resultado das urnas. A confirmação da vitória de Biden ocorreu horas depois dele insuflar uma multidão de apoiadores a invadir o Capitólio, a sede do Legislativo, em um ataque à democracia americana.

“O Congresso ratificar Biden na Presidência é muito importante, tira uma nuvem pesada, com medo que Trump não cedesse e acontecesse algo fora do esperado”, afirma Adriano Cantreva, sócio da Portofino Multi Family Office.

Agora, investidores esperam novos e robustos estímulos econômicos nos EUA, que conta com maioria democrata no Senado e na Câmara, facilitando a aprovação de propostas do novo governo Biden.

O cenário também levou Bolsas americanas a novos recordes. O índice S&P 500 subiu 1,48%. Dow Jones teve alta de 0,69% e Nasdaq de 2,56%.

Dólar

Por outro lado, com o fim do impasse eleitoral americano, o dólar volta a ganhar força internacional, especialmente em relação a moedas emergentes.

No pregão, o real foi a segunda moeda emergente que mais se desvalorizou na sessão, atrás apenas do rand sul-africano.

O dólar chegou a 5,4130 na máxima da sessão e fechou em alta de 1,77%, a R$ 5,3990, maior valor desde 23 de novembro. O turismo está a R$ 5,547.

Segundo analistas, preocupações do lado fiscal vêm aumentando a pressão sobre o real.

O deputado federal e presidente do MDB, Baleia Rossi (SP), lançou oficialmente na quarta (6) sua candidatura ao comando da Câmara dos Deputados, defendendo a prorrogação do auxílio emergencial em meio à pandemia do novo coronavírus.

Além disso, a Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara publicou nota técnica que visa o aumento do gasto do governo com despesas obrigatórias para além do teto de gastos.

Nesta quinta, os juros futuros para janeiro 2024 e janeiro 2025 subiram cerca de 25 pontos-base com o aumento do risco fiscal.

Juros futuros são taxas de juros esperadas pelo mercado nos próximos meses e anos. São a principal referência para os juros de empréstimos que são liberados atualmente, mas cuja quitação ocorrerá no futuro.

Recorde nominal

O recorde Bolsa brasileira ainda é nominal. A máxima histórica corrigida pela inflação é de 2008, quando o índice bateu 73.438 pontos. Para superá-la, o Ibovespa precisaria estar valendo mais de 130 mil pontos, o que deve ser alcançado ainda este ano segundo previsões do mercado.

Cada ponto do Ibovespa equivale a R$ 1. Desta forma, os 122.385,92 pontos refletem os R$ 122.385,92 necessários para comprar ações de cada uma das empresas que compõem o índice, na proporção que ele é calculado.

Atualmente, o Ibovespa tem 78 empresas em sua carteira teórica.

O recorde anterior era de 23 de janeiro de 2020, antes da pandemia de Covid-19, quando o Ibovespa fechou a 119.527,63 pontos.

Suzano lidera altas

Com a alta nos preços da celulose, a Suzano liderou ganhos do Ibovespa, com alta de 8,6%. A Klabin subiu 7,6%, após captar, na quarta (6), US$ 500 milhões em títulos de 10 anos atrelados a metas de sustentabilidade.

A valorização de 3% no minério de ferro levou a Usiminas a disparar 5,5%. CSN avançou 6,4% e Gerdau teve ganho de 5,5%.

As ações preferenciais (mais negociadas) da Petrobras tiveram valorização de 3,1%, na esteira do avanço do petróleo, após decisão unilateral de redução da produção da Arábia Saudita e expectativa de maior crescimento global.

O Itaú liderou ganhos do setor bancário no Ibovespa, com avanço de 4%. Banco do Brasil subiu 4,1%, seguido por Santander, com elevação de 3,85% e Bradesco, evoluindo 2,8%.

​(Com Reuters)

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