Bolsa cai 2,5% com receio de investidor sobre pacote de Biden e lockdown na China

Dólar sobe para R$ 5,30 após frustração com o resultado das vendas do comércio no Brasil

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São Paulo

A Bolsa brasileira teve um pregão de forte queda nesta sexta-feira (15). Acompanhando o viés negativo no exterior, o Ibovespa cedeu 2,53%, a 120.348,80 pontos, menor patamar desde 6 de janeiro.

A queda foi impulsionada por ações de matérias-primas, que se desvalorizam com a imposição de novos lockdowns em cidades da China por surtos de coronavírus.

Vale cedeu 4,3% e Usiminas, 4,7%. A ação da CSN caiu 8,1% e Gerdau recuou 5,9%. As ações preferenciais (mais negociadas) de Petrobras caíram 4,5% e as ordinárias (com direito a voto), 3,5%.

No acumulado da semana, o Ibovespa teve queda de 3,78%, pior desempenho desde a semana terminada em 30 de outubro, quando teve baixa de 7,2%.

Painel da B3, em São Paulo
Painel da B3, em São Paulo; Ibovespa encerrou o pregão desta sexta (15) com queda de 2,5% - REUTERS/Paulo Whitake

Os movimentos do pregão também refletem o receio de investidores com o pacote de US$ 1,9 trilhão (R$ 10 trilhões) que o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, apresentou na noite de quinta (14).

Ao apresentar o pacote, Biden pediu que indivíduos ricos e corporações paguem sua "parcela justa", o que o mercado interpretou como um aumento de impostos.

"O pedaço que realmente pegou o mercado de surpresa foi a taxação que foi mencionada", disse Justin Onuekwusi, gerente de fundos na Legal & General Investment Management. "O mercado sempre acreditou que um aumento de impostos viria, mas não esperávamos ouvir essa notícia tão cedo."

A proposta de Biden envolve pagamentos de US$ 1,4 mil por pessoa à maioria dos domicílios, um suplemento de US$ 400 semanais ao salário-desemprego com validade até setembro, e elevação nas deduções tributárias para contribuintes que têm filhos menores, entre outras medidas.

A ajuda se segue a US$ 900 bilhões aprovados pelo Congresso no mês passado e deve ter uma segunda parte, a ser anunciada em fevereiro. Espera-se que ela inclua gastos em longo prazo em áreas, como infraestrutura.

Outra preocupação de investidores é que tamanha ajuda cause inflação acima do esperado, o que levaria a um aumento precoce nos juros, hoje próximos de zero, além do risco de o pacote não ser integralmente aprovado pelo Congresso, gerando um efeito menor na economia.

No Brasil, o dólar subiu 1,80%, a R$ 5,3010. Além da alta nos casos de Covid-19, o real se enfraqueceu com a queda de 0,1% do volume de vendas no varejo novembro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado foi considerado próximo à estabilidade frente ao mês de outubro.

"Com desemprego recorde e sem a extensão do auxílio emergencial, as vendas tenderão a dar continuidade ao processo de arrefecimento. Ainda, a manutenção de uma taxa de câmbio em nível historicamente elevado com aceleração recente da inflação tende a subtrair do consumo", disse a equipe da Guide Investimentos em relatório.

O dólar turismo está a R$ 5,453. Na semana, a moeda acumulou queda de 2,12%.

As vendas no varejo também frustraram os analistas nos EUA, que esperavam estabilidade. O índice de dezembro teve queda de 0,7%.

As vendas no comércio são observadas de perto no país, já que os gastos do consumidor representam cerca de dois terços da produção econômica dos EUA.

O recuo contribuiu para a queda de 0,72% do índice S&P 500, em Nova York. O Dow Jones teve queda de 0,57% e Nasdaq de 0,87%.

As ações de bancos também sofreram um golpe na sexta, com resultados trimestrais de três dos maiores credores dos EUA. JPMorgan Chase, Citigroup e Wells Fargo divulgaram um total de mais de US$ 5 bilhões em reservas para cobrir empréstimos não saldados na era da pandemia, um sinal inicial de otimismo.

Mas Jamie Dimon, executivo-chefe do JPMorgan, salientou os riscos para a economia mundial representados pelo coronavírus, notando que "nossas reservas de crédito de mais de US$ 30 bilhões continuam refletindo uma significativa incerteza econômica em curto prazo".

O Wells Fargo, que tende a ser mais sensível à economia doméstica do que os grandes bancos seus rivais, que têm negócios maiores em Wall Street, foi o que caiu: 7,8%.

Os preços do petróleo também sofreram pressão. O barril de Brent, o padrão internacional, caiu 3% para US$ 54,72. O WTI (West Texas Intermediate), benchmark dos EUA, caiu aproximadamente na mesma margem, para US$ 51,94.

A ExxonMobil recuou 4,8% após a SEC (Comissão de Valores Mobiliários americana) lançar uma investigação sobre a petrolífera, após denúncia de que a empresa supervalorizou um ativo na bacia de óleo de xisto permiana, a de maior produção nos EUA.

Na Europa, a Bolsa continental Stoxx 600 caiu 1%, enquanto a de Frankfurt cedeu 1,11% e a de Londres, teve queda de 0,97%.

Cade

No Brasil, as ações da Localiza caíram 4,36% e as da Unidas, 5,94%, após reportagem da Bloomberg afirmar que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) provavelmente não irá autorizar a fusão das companhias.

Procuradas, Localiza e Unidas disseram que não comentam especulações de mercado e que irão cooperar com a análise do processo no Cade.

O Cade, por sua vez, afirmou que "até o momento, não há edital publicado no Diário Oficial da União (DOU) sobre a operação mencionada" e que a "publicação no DOU é o ato que torna público que um caso está em análise no Cade".

(Com Financial Times)

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