Bolsa tem segunda semana seguida de queda pela primeira vez desde setembro

Investidores estão receosos com novas restrições para conter o avanço do coronavírus e com um novo auxílio emergencial

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São Paulo

A Bolsa de Valores brasileira encerrou nesta sexta-feira (22) a sua segunda semana seguida de queda pela primeira vez desde setembro de 2020. O movimento reflete o receio de investidores com as novas restrições para conter o avanço do coronavírus e com defesas a um novo auxílio emergencial.

O Ibovespa caiu 0,80%, a 117.380,49 pontos na sessão —menor valor desde 22 de dezembro—, acumulando queda de 2,47% na semana, após recuar 3,78% na semana anterior. Em 2021, há desvalorização de 1,38%.

Painel da B3, em São Paulo
Painel da B3, em São Paulo; Ibovespa caiu 0,80% nesta sexta (22) - Diego Padgurschi /Folhapress

A maior queda do Ibovespa na sessão foi do IRB Brasil RE, que caiu 8,95% após divulgar prejuízo líquido de R$ 124,5 milhões no penúltimo mês de 2020, ampliando a perda acumulada em outubro e novembro a R$ 148,3 milhões.

Já o dólar subiu 2,12% nesta sexta, a R$ 5,4770, maior valor desde 11 de janeiro e maior alta percentual deste 23 de setembro.

No ano, acumula alta de 5,55%, sendo a moeda de pior desempenho entre emergentes. Na semana, subiu 3,32%. O dólar turismo está a R$ 5,647.

Para Luiz Fernando Alves, sócio do Fundo Versa, o real é o "ativo brasileiro mais surrealmente fora de preço".

"Com as commodities onde estão, os termos de troca nunca foram tão favoráveis. Temos superávit em conta corrente, reservas e somos a pior moeda emergente pós-crise. Essa é a melhor ilustração do risco-Bolsonaro", escreveu em seu Twitter.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem sido alvo de críticas por sua condução do país em meio à pandemia de Covid-19, com atrasos e falta de insumos na vacinação.

O agravamento da crise sanitária tem tido efeitos sobre a popularidade de Bolsonaro e, por sua vez, alimentado temores no mercado da volta do auxílio emergencial. A criação de mais despesas pode ameaçar o teto de gastos, visto pelo mercado como âncora fiscal do país.

"A incerteza para o primeiro trimestre permanece elevada, com o agravamento da pandemia no curto prazo e atraso na vacinação", disse o departamento de pesquisas econômicas do Bradesco, em relatório a clientes.

Enquanto os casos de Covid-19 disparam, novas medidas restritivas são adotadas. O estado de São Paulo, que responde por um terço do PIB [Produto Interno Bruto] do Brasil, endureceu restrições ao funcionamento de estabelecimentos como bares, restaurantes, comércios não essenciais e shoppings.

"Isso deve trazer um impacto econômico e, com isso, provavelmente levar o BC a esperar mais antes de subir os juros. E isso não ajudaria a defender o câmbio", disse Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual digital.

Com a recente depreciação do real, o Bank of America encerrou posição comprada na moeda brasileira em relação ao peso chileno. O real tombou 5,66% ante o peso apenas nas últimas cinco sessões.

No exterior, o viés tambpem foi negativo na sessão. Dados apontam que a atividade empresarial na zona do euro encolheu em janeiro com rígidos lockdowns para controlar a pandemia.

O PMI Composto (Índice de Gerente de Compras, na sigla em inglês) preliminar para a zona do euro caiu mais ainda abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração, chegando a 47,5 em janeiro de 49,1 em dezembro.

O setor de serviços, predominante no bloco, foi duramente atingido, com a área de hotelaria e entretenimento forçada a permanecer fechada, mas a manufatura continuou forte, já que as fábricas permaneceram abertas.

Para Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, os dados aquém do esperado são "um sinal de alerta sobre as otimistas perspectivas de crescimento para esse ano".

O índice Stoxx 600, que reúne as ações das principais empresas da região, caiu 0,6%, mas registrou um pequeno avanço de 0,2% na semana, que foi dominada pela esperança de um estímulo forte nos Estados Unidos sob o governo do novo presidente do país, Joe Biden.

As ações do segmento de viagens e lazer caíram 2,5%, liderando as perdas entre os setores em meio a preocupações com novas restrições de viagens na Europa, enquanto outros setores economicamente sensíveis, como bancos, petróleo e gás e mineração recuaram mais de 1%.

Londres recuou 0,30%, Paris, 0,56% e Frankfurt, 0,24%.

Em Nova York, o S&P 500 cedeu 0,30%, Dow Jones caiu 0,57% e Nasdaq teve queda de 0,09%.

O petróleo também se desvalorizou. O barril de Brent (referência internacional) cedeu 1,23%, a US$ 55,41, enquanto o WTI (referência nos EUA) se desvalorizou 1,62%, a US$ 52,27.

(Com Reuters) ​

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