Descrição de chapéu desmatamento

Ex-dirigente de ONG ambiental assume fundo da JBS pela Amazônia

Andrea Azevedo tem passagens pela Fundação Renova e IPAM Amazônia, atuou no caso do rompimento da barragem de Mariana (MG) e em pesquisas sobre desenvolvimento sustentável

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Brasília

A ambientalista Andrea Azevedo, que atua há mais de 20 anos com projetos voltados à políticas públicas ambientais, como agricultura de baixo carbono e implementação do Código Florestal, acaba de assumir a diretoria de sustentabilidade do fundo JBS Amazônia, da JBS, gigante da indústria de alimentos. Em comunicado, a JBS afirma que a bióloga, que tem larga experiência em ações de sustentabilidade e meio ambiente, se une à empresa para apresentar o fundo a potenciais investidores e liderar futuros projetos.

Até julho de 2019, Azevedo foi diretora da Fundação Renova, em Belo Horizonte — iniciativa criada em 2016 para executar programas de reparação e compensação de impactos causados pelo rompimento da Barragem de Fundão, na cidade de Mariana. Antes, atuou durante sete anos como pesquisadora e diretora no IPAM Amazônia (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), organização científica, não-governamental e sem fins lucrativos estabelecida em Belém do Pará.

“Andrea terá um papel essencial na abordagem integrada de programas e projetos do fundo, assim como na comunicação e relacionamento com potenciais investidores, poder público e sociedade civil. É um orgulho ter uma mulher com um histórico profissional tão relevante em nosso time, em prol da preservação ambiental e do desenvolvimento socioeconômico da Amazônia”, disse em comunicado Joanita Maestri Karoleski, presidente do fundo.

A contratação vem na esteira de acusações feitas por ONGs, como a Global Witness, à empresa e a outros grandes frigoríficos sobre ações não sustentáveis, como a compra de gado em fazendas ilegais.

Sede da JBS no Colorado, nos Estados Unidos. Empresa brasileira tem investido em ações sustentáveis - Divulgação

Em setembro, a JBS anunciou aporte inicial mínimo de R$ 250 milhões, até 2025, no fundo que será coordenado por Azevedo. O projeto tem propostas ambiciosas. A empresa espera mobilizar R$ 1 bilhão até 2030. O fundo é um dos braços do programa Juntos pela Amazônia, que pretende, entre outras ações, engajar o setor, desenvolver a cadeia, conservar e recuperar florestas.

A cobrança internacional por ações sustentáveis de empresas brasileiras é crescente. Em agosto, a Tesco, maior rede de supermercados do Reino Unido, anunciou não querer importar carne brasileira de áreas desmatadas. A empresa chegou a defender que o próprio governo britânico cobrasse o rastreamento de animais de empresas como a JBS.

A declaração da Tesco veio como uma resposta a uma campanha da ONG Greenpeace, que pediu à rede que suspendesse as compras da Moy Park, do segmento de aves, e Tulip — ambas controladas pela brasileira JBS.

Na ocasião, o escritório da JBS em Londres afirmou que a empresa “está comprometida com o fim do desmatamento em toda a sua cadeia de suprimentos” e tem trabalhado para “melhorar a rastreabilidade da cadeia de suprimentos no Brasil”. Também em agosto, quando perdeu investimentos da administradora escandinava Nordea por questões ambientais, a JBS havia afirmado seguir “rigorosa política de controle de compra de matéria-prima".

​Em comunicado divulgado no lançamento do programa, a JBS afirmou ter bloqueado fornecedores que não atuam em conformidade com suas políticas de compra. A empresa disse, ainda, que tem interesse em compartilhar sua tecnologia de monitoramento com instituições financeiras e demais empresas interessadas.

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