Faltou a Ford dizer a verdade, querem subsídios, diz Bolsonaro sobre saída de montadora do Brasil

Empresa anunciou encerramento de fábricas no Brasil na segunda

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (12) que faltou à Ford "dizer a verdade" sobre o que motivou sua saída do Brasil, e afirmou que a empresa queria a continuidade de benefícios fiscais no país.

"Mas o que a Ford quer? Faltou à Ford dizer a verdade, querem subsídios. Vocês querem que continue dando R$ 20 bilhões para eles como fizeram nos últimos anos —dinheiro de vocês, impostos de vocês— para fabricar carros aqui? Não, perdeu a concorrência, lamento", declarou o presidente, na saída do Palácio da Alvorada.

As declarações do mandatário foram publicadas numa rede social de Tercio Arnaud, assessor da presidência.

A montadora americana anunciou nesta segunda (11) que vai encerrar todas as atividades fabris no Brasil neste ano.

A Ford já havia encerrado a produção na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), que foi vendida para a Construtora São José. Agora, a empresa confirma a interrupção imediata das atividades em Camaçari (BA), onde produz os modelos Ka e EcoSport.

Na conversa com apoiadores nesta terça, Bolsonaro também criticou a imprensa e afirmou que, num ambiente de negócios, empresas que não têm lucro encerram suas atividades.

"Há três anos a Ford anunciou que não ia mais produzir carro de passeio nos EUA. E falta de ambiente de negócios, na verdade eles [Ford] tiveram subsídios nossos ao longos dos últimos anos de R$ 20 bilhões. Queriam renovar subsídios para fazer carro para vender", disse.

"Agora tem a concorrência também, chinesa, entre outros, então [a Ford] saiu porque num ambiente de negócios quando não tem lucro, você fecha. Assim é na vida em casa nossa. Perder emprego, tem uma pessoa ajudando ele, vai demitir aquela pessoa. A Ford é mesma coisa, lamento os 5.000 empregos perdidos", concluiu.

Ele citou dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados pelo Ministério da Economia, referente a criação de vagas de emprego em novembro do ano passado.

"Agora a imprensa não fala que em novembro criamos 414 mil empregos e estamos perdendo 5.000 agora. Repito, lamento", declarou.

Apesar da fala do presidente, o dado foi noticiado pelos principais meios de comunicação do país quando divulgado, inclusive pela Folha.

Ele investiu ainda contra o governador da Bahia, Rui Costa (PT), por não ter tido "a capacidade de se antecipar ao problema".

"Deixar bem claro, a Ford ficou na Bahia, o governador está me criticando lá; ficou [na Bahia] por uma decisão do então senador Antonio Carlos Magalhães, que podia ter todos os defeitos do mundo, mas era uma pessoa que era amada na Bahia. Ele lutou e a Ford ficou lá. Agora o governador que, tem senadores com ele, não teve a capacidade de se antecipar ao problema e buscar possíveis soluções", acrescentou.

"Se bem que a solução que iriam buscar, repito aqui, eram bilhões de reais a título de subsídios. E a imprensa agora desce a lenha em cima de mim porque eu deveria evitar a perda de 5.000 empregos. Repito, lamento 5.000 empregos perdidos, quem é chefe de família e perde emprego sabe o problema que causa para dentro de casa. Agora, negócio é negócio. Deu lucro o cara fica aqui, não deu lucro, ele não produz mais aqui. Ele fecha".

Ao chegar em seu gabinete na manhã desta terça, o vice-presidente Hamilton Mourão voltou a destacar que a montadora recebeu incentivos fiscais no Brasil e que ela "poderia ter esperado".

"A Ford ganhou bastante dinheiro no Brasil, recebeu incentivos, então podia ter esperado. A gente entende que no mundo inteiro a empresa está passando por problema, a indústria automobilística está passando por problema, está havendo uma mudança. Mas eu acho que nosso mercado tem plenas condições de assimilar e, vamos dizer assim, a partir do momento em que se retomar a economia de uma forma normal".

Ele destacou ainda o fato de a empresa ter decidido manter suas linhas de produção na Argentina.

"Vai fabricar na Argentina? Eu acho que os argumentos que ela colocou são meio fracos", disse. "Ela [Ford] está fabricando num país que tem problemas, que é a Argentina. Apesar de ser uma economia dolarizada. De acordo com quem é mais entendido no assunto, isso favorece a atividade de uma empresa dessa natureza", concluiu.

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